Caso resolva disputar o governo, Marconi terá pouco espaço entre ex-aliados

Nas eleições de 2018, PSDB contou com nove partidos ao seu lado. Ainda que tenham Perillo na disputa de 2022, seus antigos aliados já contam com negociações avançadas e devem ir às ruas, agora, em prol de um outro nome

Postado em: 29-01-2022 às 08h24
Por: Felipe Cardoso
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Nas eleições de 2018, PSDB contou com nove partidos ao seu lado. Ainda que tenham Perillo na disputa de 2022, seus antigos aliados já contam com negociações avançadas e devem ir às ruas, agora, em prol de um outro nome | Foto: reprodução

Nos bastidores do tucanato, o comentário é que o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) se animou com o resultado da pesquisa Serpes/Acieg divulgada na última quinta-feira (27/1). Os principais relatos dão conta de que o tucano, que já alimentava em seu interior a ideia de buscar uma posição mais robusta no cenário político do ano que vem — leia-se Senado ou governo —, ficou ainda mais motivado depois de aparecer à frente do até então tido como principal adversário político do governador Ronaldo Caiado (DEM), o prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (Sem partido). 

No passado, mais precisamente no ano de 2018, ainda que reconhecida a dificuldade que o indicado à sucessão marconista, Zé Eliton (PSDB), teria para se eleger, muitos aliados não se renderam ao que mostravam as pesquisas e seguiram até a derrota ao lado do tucano. Hoje, ainda que tenham Perillo na disputa de 2022,  seus antigos aliados devem ir às ruas em prol de um outro nome. Isso porque o cenário já conta com negociações avançadas, na maioria dos casos.

Ainda sobre 2018, a coligação Goiás Avança Mais, encabeçada por Eliton, tinha em sua base de sustentação siglas como PSB, PSD, PPS — agora Cidadania —, Solidariedade, Avante, Rede, PTB, PR — agora PL — e PV.

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Tabuleiro

O PSB, do deputado federal Elias Vaz, está em constante articulação para compor uma federação com o PT a nível nacional. Se tal aliança se consolidar, não restará escolha aos estados senão replicar a dobradinha. Vaz não demonstra resistência em relação ao projeto, ainda que inicialmente tenha cogitado a possibilidade da sigla estar no palanque de Gustavo Mendanha, desde que o candidato não apoiasse a reeleição de Bolsonaro — o que soa, no momento, como mais provável. 

Quanto ao PSD, o destino ainda é incerto, mas a tendência é de que esteja com Caiado. Apesar de não falarem abertamente sobre uma composição com o democrata e defenderem que o partido buscará condições de “escolher e não ser escolhido”, a leitura é de que o mais provável seja Henrique Meirelles (PSD) na chapa com o governador ao Senado. 

O principal entrave dessa história é a pré-candidatura do presidente do PP em Goiás, Alexandre Baldy, que também busca protagonizar a chapa caiadista como indicado ao Senado. Porém, há conversas recentes com Mendanha. Caso Baldy se alie a Mendanha, a mexida no tabuleiro pavimenta o caminho para Meirelles compor com Caiado. 

Já o Cidadania, partido do vice-governador de Goiás, Lincoln Tejota, deve se manter fiel ao governador — ainda que não esteja mais na mesma posição de destaque como antigamente. Isso porque, politicamente, Caiado resolveu se aliar ao grupo emedebista de Daniel Vilela que, agora, figura, inclusive, como pré-candidato a vice-governador de Goiás na chapa do democrata. Apesar da mexida, o vice-governador Lincoln Tejota, já declarou que no que depender dele o partido deve acompanhar o governador em seu projeto de reeleição.

Ainda sobre o Cidadania, vale destacar que há uma discussão nacional com a possibilidade de federação com o PSDB, mas há uma dificuldade significativa diante da resistência por parte de certos palanques regionais, dentre eles, Goiás, por exemplo. 

O PTB, por sua vez, conta com uma ala bolsonarista forte e tende a seguir os mesmos rumos em Goiás. Havendo a filiação de Mendanha ao PL e, consequentemente, um alinhamento com o projeto bolsonarista, a sigla pode estar no palanque de Mendanha. 

Em entrevista ao O Hoje, o presidente do PV em Goiás, Cristiano Cunha, assegurou que o partido está “fechado” com o governador. Outro a falar com a reportagem foi Thialu Guiotti, presidente do Avante, partido que também esteve na base tucana em 2018. “Tivemos uma conversa com o Gustavo Mendanha na semana passada e teremos outra na semana que vem. O governador ainda não nos procurou, mas fontes ligadas ao Palácio me disseram que não deve demorar. Marconi e Vitor Hugo também nos chamaram para uma conversa”, disse o vereador. Em seguida, o vereador disse que o foco recairá sobre a melhor formação na disputa pelos cargos de deputado estadual e federal.

Um outro detalhe importante a ser lembrado é que, apesar de contar com certos aliados em 2018, a chapa tucana na disputa daquele ano foi praticamente “pura”. À época, a vice pela disputa do governo no Estado ficou com Raquel Teixeira, também tucana. Para o Senado, o nome era o de Marconi Perillo, que não podia mais disputar o governo de Goiás e, por isso, passou a bola para Zé Eliton. Na corrida pelo Legislativo também estava Lúcia Vânia, que apesar de disputar pelo PSB era ex-tucana e, agora, caiadista. 

O PSDB também carece de perspectiva nacional. A baixa adesão ao nome do governador de São Paulo, João Dória, na disputa pela presidência, faz com que os interesses por uma composição em Goiás sejam cada vez mais esvaziados. Mendanha, em paralelo, também tem desidratado as expectativas tucanas ao percorrer regiões estratégicas do Estado se apoiando em estruturas consolidadas do PSDB. É sabido, por ser experimentado, que sem aliados partidários, uma candidatura dificilmente prospera. “Não se pode estar em todo lugar o tempo todo”, analisa um pensador da política goiana.

Pesquisa

De acordo com levantamento divulgado pela pesquisa Serpes/Acieg na última quinta-feira (27/1), o governador Ronaldo Caiado se destaca ante a seus possíveis adversários na disputa prevista para outubro deste ano. Os números mostram o governador com 37,1% das intenções de voto. Na sequência, aparece o nome do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, com 14,1%. O tucano é seguido pelo prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, com 13%.

A pesquisa encomendada pela Associação Comercial e Industrial de Goiás (Acieg) foi realizada entre os dias 21 a 24 de janeiro. Num universo de 801 eleitores consultados, 21,5% declararam que ainda não definiram o voto. Outros 10% afirmaram anular.

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