Aumento de IPTU e Plano Diretor enfraquecem Rogério Cruz e Republicanos
De férias, prefeito acompanhou de longe toda a movimentação dos vereadores contra o IPTU
Por: Marcelo Mariano
Às vésperas da janela partidária, que se encerra no dia 2 de abril, políticos articulam mudanças de partido com o objetivo de montar chapas para as próximas eleições. Enquanto isso, o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, e a sua legenda, o Republicanos, estão no meio de uma crise não só política, mas também junto à opinião pública.
Na noite de segunda-feira (31), a Prefeitura de Goiânia realizou uma live em suas redes sociais para tentar explicar a polêmica sobre o aumento do IPTU, e alguns comentários de internautas deixam claro o problema em que a atual gestão se envolveu.
“Começa logo. Quero ouvir as desculpas”, escreveu um usuário, antes do início da live. “Estamos enrolados com essa gestão”, afirmou outra. “Eu não vou pagar nada”, declarou mais uma. Com exceção de funcionários do Paço Municipal, foi difícil encontrar um comentário positivo.
A propósito, como o jornal O Hoje mostrou na edição de ontem, as buscas na internet pelo termo “IPTU”, de acordo com o Google Trends, são as mais altas em Goiânia desde 2004, quando os dados passaram a estar disponíveis.
Em outras palavras, pode até ser que, na época da aprovação do novo Código Tributário Municipal (CTM), no final de setembro do ano passado, a população não tenha prestado tanta atenção. Agora, porém, a história é diferente.
À pressão popular, soma-se a dificuldade da Prefeitura de Goiânia em termos de articulação política. Mesmo com ampla maioria na Câmara Municipal, Rogério Cruz viu vereadores da base se revoltarem contra o Paço sob a alegação de terem sido enganados.
Para tentar acalmar os ânimos dos parlamentares, o secretário de Comunicação, Marcos Teixeira, que balança no cargo, enviou um vídeo a eles, revelado com exclusividade pelo jornal O Hoje, reconhecendo a deficiência da gestão em compilar dados suficientes para elaborar uma campanha publicitária adequada.
Vale destacar, aliás, que o prefeito assistiu a tudo isso de longe, já que estava de férias. Por isso, nem sequer participou da live na segunda-feira, delegando a principal responsabilidade ao secretário de Governo, Arthur Bernardes, classificado como “mandante” do CTM pela vereadora Aava Santiago (PSDB) em seu Twitter.
Além do desgaste em relação ao aumento do IPTU, há a questão do Plano Diretor, ainda não aprovado em definitivo pela Câmara Municipal, que, ao lado da Prefeitura de Goiânia, tem sido alvo de críticas por supostamente acelerar a tramitação do projeto e não debatê-lo de forma transparente com a sociedade.
Nos bastidores, começou a circular, nos últimos dias, comentários de lideranças políticas de diferentes lados, com o seguinte argumento: por causa de toda essa situação, não serão muitos os interessados em vincular suas imagens ao Republicanos e a Rogério Cruz, que, convém lembrar, foi eleito como vice e, dessa forma, não tem tantos votos próprios.
O partido do prefeito de Goiânia é um dos poucos que ainda não bateram o martelo quanto ao seu posicionamento nas eleições de outubro. Em um primeiro momento, Rogério Cruz quis apoiar o governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil). Em seguida, porém, recuou.
O Republicanos tem como prioridade lançar a candidatura ao Senado do deputado federal e presidente estadual da legenda, João Campos, que não decolou nas pesquisas de intenção de voto e teria sido isolado pela cúpula de Brasília.
Se o partido realmente ficar sem espaço em uma chapa majoritária, aumentam as chances de Rogério Cruz permanecer neutro no próximo pleito. Não só porque ele está de olho em sua reeleição em 2024 e não gostaria de se comprometer politicamente, mas, sobretudo, devido à falta de vontade de tê-lo como aliado.
