Exoneração de secretário de Comunicação aumenta tensão entre Câmara e Paço

O secretário de Comunicação da prefeitura de Goiânia, Marcos Teixeira, foi exonerado na manhã da última quarta-feira (2/2). Em meio a uma crise institucional instalada na gestão do prefeito Rogério Cruz (Republicanos) – desgastado em função das reclamações relacionadas ao aumento do IPTU na Capital – a pasta será conduzida, agora, pelo jornalista e ex-secretário do governo Caiado, Tony Carlo.

A mexida no tabuleiro, no entanto, tem sido encarada, nos bastidores da Câmara, com revolta. “Isso representa uma derrota muito grande para o Parlamento. Estamos falando da exoneração de uma pessoa indicada pela Câmara a esse cargo na prefeitura”, declarou um dos vereadores insatisfeitos com a decisão do prefeito.

Vale lembrar que antes de ser empossado como secretário da atual gestão, Marcos Teixeira ocupava a função de diretor de Comunicação da Câmara. O nome de Teixeira foi avalizado para o cargo, à época, por unanimidade entre os vereadores. “Eis que o rei Arthur [Bernardes, secretário de Governo] venceu mais uma queda de braço”, analisa outro parlamentar. 

A queda de braço em questão diz respeito a um atrito entre os dois secretários que se arrasta há pelo menos três meses e se fundamenta em diversos fatores. Conforme mostrado em primeira mão um dia antes da exoneração do secretário, ou seja, na edição da última terça-feira (1/2), a cisão da prefeitura com Teixeira passa pelo nome de Bernardes.

O desgaste entre ambos se arrasta desde novembro e o elo mais fraco entre os dois polos sempre foi, de fato, o secretário de comunicação – a exoneração de ontem, bem como as fontes consultadas pelo O Hoje provaram isso.

Gota d’água

Os desentendimentos entre os auxiliares ganharam musculatura diante das constantes cobranças de Bernardes por campanhas para amenizar a pressão popular contra o aumento do imposto em Goiânia. Mas Teixeira argumentava não haver dados suficientes para isso. 

O posicionamento foi confirmado em um vídeo obtido com exclusividade pela reportagem onde o secretário de Comunicação promete aos vereadores uma ação publicitária para amenizar o desgaste, mas deixa clara a deficiência da administração em relação aos números. 

“Não se sabe ainda quantos imóveis tiveram isenção ou redução. O fechamento total desses números ainda não está pronto devido aos sistemas, que são arcaicos”, disse ao comentar o assunto no último final de semana. “Assim que os dados forem compilados, faremos o contraponto. Por enquanto, não dá”, acrescentou.

Para aumentar a pressão, reportagem da última terça-feira também adiantou que Marcos Teixeira estaria contando com a articulação de Fabiano Bissoto, ex-integrante do primeiro escalão da Prefeitura de Goiânia.

Vale lembrar que em outubro, Bissoto foi exonerado da Secretaria de Administração (Semad) justamente por ter batido de frente com o grupo liderado por Wanderley Tavares [leia-se de Arthur Bernardes]. Ele é ligado ao deputado estadual Jeferson Rodrigues, em cuja campanha de 2018 participou Marcos Teixeira.

Antes mesmo da exoneração do titular da Secom, insatisfeitos com a condução de Bernardes, chegou a ser levantada, entre os vereadores, a seguinte hipótese: alguns parlamentares da base só votariam a favor do Plano Diretor – outro assunto polêmico que gera desgaste – se Rogério Cruz tomasse uma providência quanto ao titular da Segov, o que pode ser desde uma advertência até uma eventual exoneração. Depois de desagradar, mais uma vez, o Parlamento, resta saber qual será – se houver – o contragolpe.