Gustavo Mendanha no PL ‘dificulta’ aliança em Goiás com Podemos de Sergio Moro

Filiação do PL deve incluir a exigência de apoio a reeleição do presidente Bolsonaro, o que afasta Sergio Moro de Mendanha

Postado em: 04-02-2022 às 08h54
Por: Marcelo Mariano
Imagem Ilustrando a Notícia: Gustavo Mendanha no PL ‘dificulta’ aliança em Goiás com Podemos de Sergio Moro
Filiação do PL deve incluir a exigência de apoio a reeleição do presidente Bolsonaro, o que afasta Sergio Moro de Mendanha | Foto: Reprodução

O cenário nacional, em que PL e Podemos estão diretamente envolvidos na disputa para presidente, pode influenciar a composição da chapa do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), pré-candidato a governador.

A avaliação é do presidente do PL em Goiás, Flávio Canedo. De acordo com ele, Mendanha estaria “99,9 fechado” com a sigla, a qual pertence Jair Bolsonaro, que tentará a reeleição ao Palácio do Planalto.

Canedo afirma à reportagem que, caso o prefeito de Aparecida de Goiânia realmente se filie ao PL, a tendência é priorizar nomes considerados “bolsonaristas” para ocupar os cargos de vice e senador na chapa majoritária.

Continua após a publicidade

Um exemplo é Luiz Carlos do Carmo, que deixou o MDB nos últimos dias e agora busca uma nova legenda com o objetivo de viabilizar sua permanência no Senado, uma vez que ficou sem espaço na chapa do governador Ronaldo Caiado (DEM/União Brasil), de quem foi suplente.

Fiel ao bolsonarismo, Luiz do Carmo já deu sinais de que pode apoiar Mendanha, mas ainda não bateu o martelo. “Ele é alinhado a Bolsonaro e aos evangélicos. Tem o total apoio do PL e as portas estão abertas, mas, se o Mendanha se filiar ao partido, fica difícil termos duas vagas na chapa majoritária”, argumenta Canedo.

Segundo ele, os nomes só serão definidos nas convenções partidárias, marcadas para ocorrer entre o final de julho e o início de agosto. “Diferentemente do Caiado, que anunciou Daniel Vilela como seu vice de forma antecipada, nós vamos esperar.”

Canedo, contudo, acredita que não será fácil ter na mesma aliança partidos de outros pré-candidatos a presidente, como o Podemos, do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. “Aí dificulta”, frisa. “Porque o PL deve coligar apenas com quem apoiar Bolsonaro.”

O presidente estadual do PL até defende uma “união das oposições” com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), mas reconhece que o fator nacional também pode influenciar essa eventual articulação.

“Respeito muito o Marconi. Ele tem história e legado. Mesmo estando de lados opostos, quero tê-lo como amigo. Defendo a união das oposições. O problema é que o PSDB tem candidato a presidente [o governador de São Paulo, João Doria] e uma ala do partido abriu diálogo com o PT”, diz.

O posicionamento de Canedo difere do que pensa o Podemos em Goiás. Anteriormente na base caiadista, a legenda passou para o grupo de Mendanha a partir da filiação do vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, também chamado de Vilmarzinho, que recebeu o controle do diretório estadual.

Secretário de Relações Institucionais da gestão mendanhista e membro da executiva nacional do Podemos, Felipe Cortez tem dito, desde o ano passado, o seguinte: independentemente do partido do prefeito de Aparecida de Goiânia, ele terá apoio da legenda, que deve pleitear uma vaga na chapa, embora essa não seja uma exigência, 

O que pode mudar a cabeça de Canedo é a possibilidade, ainda pouco provável, de Moro trocar o Podemos pela União Brasil. Nesse cenário, não haveria muita resistência à aliança com o PL, e o ex-juiz responsável por julgar em primeira instância os casos da Lava Jato em Curitiba teria o apoio de Caiado.

Tudo isso, porém, depende da filiação de Mendanha à sigla de Bolsonaro. Nos bastidores, comenta-se que a negociação deu uma esfriada depois de o prefeito de Aparecida de Goiânia não ter sido recebido em Brasília por aliados do presidente da forma que gostaria.

Quem tem articulado para melar as conversas é o deputado federal Vitor Hugo (de saída do PSL). Político goiano mais próximo do bolsonarismo, o parlamentar também quer ser candidato a governador e, por isso, expõe críticas, cada vez mais frequentes, à Mendanha.

Veja Também