“Defendemos Caiado no Senado para ele apoiar Daniel Vilela”

Em visita, ontem, à redação de O Hoje, Mendanha fez um balanço da viagem que fez a Israel, em busca de tecnologias para tornar Aparecida uma cidade inteligente

Postado em: 26-09-2017 às 06h00
Por: Márcio Souza
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Em visita, ontem, à redação de O Hoje, Mendanha fez um balanço da viagem que fez a Israel, em busca de tecnologias para tornar Aparecida uma cidade inteligente

RUBENS SALOMÃO

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VENCESLAU PIMENTEL 

Defensor
declarado da pré-candidatura do deputado federal e presidente do PMDB, Daniel
Vilela, ao governo do Estado, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo
Mendanha, também peemedebista, propõe que o senador Ronaldo Caiado continue no
Senado. Mais que isso, quer que o democrata apoie Daniel na disputa pelo
Palácio das Esmeraldas, nas eleições de 2018. Se não houver consenso, Mendanha
diz considerar saudável que as oposições tenham mais de uma candidatura, para
uma provável coligação no segundo turno. O prefeito diz não ver como improvável
uma composição com o PSDB, desde que os tucanos apoiem Daniel. Em visita,
ontem, à redação de O Hoje, Mendanha fez um balanço da viagem que fez a Israel,
em busca de tecnologias para tornar Aparecida uma cidade inteligente, defendeu
acréscimo no efetivo de policiais na cidade e cobrou uma solução da Saneago
para a resolução da grave crise hídrica que o município enfrenta. Por fim, revelou
que há uma cobrança por parte das empresas do transporte coletivo, que alegam
desequilíbrio financeiro em suas contas.

Da
viagem que o senhor fez a Israel, quais os resultados práticos para a cidade de
Aparecida de Goiânia?

Primeiro,
fui buscar investidores do Estado de Israel para, quem sabe, vir para a cidade
de Aparecida. Nós estamos agora na perspectiva de, nos próximos meses,
inaugurar o parque tecnológico da cidade. Israel, embora sendo um estado muito
jovem, com 69 anos de criação, é líder de startup no mundo, é líder em
políticas voltadas para a inovação e tecnologia. Nós fomos lá justamente
conhecer algumas soluções, e, principalmente, buscar alguns investimentos
dessas grandes empresas para Aparecida. Eu que já havia recebido o embaixador
daquele país por duas vezes, também já recebi alguns empresários de Israel.
Aliás, nós temos duas empresas na cidade que tem capital israelense – Brentech
Energia S.A, e a Gabitec. Na visita a Bersebá, declarada cidade da inovação no
estado de Israel, o Exército, todo o serviço de inteligência e inovação do país
está migrando para lá. E é justamente a cidade que estamos procurando geminar.
Esse é um termo que poucas pessoas têm conhecimento, mas há pelo mundo a
geminação de cidades. Goiânia, por exemplo, tem sete cidades irmãs. Algumas
brasileiras e outras no exterior. Aparecida não tem nenhuma. Quando conheci o
embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, eu disse a ele dessa minha
vontade ter uma cidade com a mesma vocação que Aparecida, que pudesse ter uma
troca de experiência e intercâmbio, e ele me apresentou Bersebá. Eu não a
conhecia e fiquei encantado. É uma cidade que tem procurado, de fato, ser
empreendedora, mas acima de tudo uma cidade tecnológica. Fiquei impressionadíssimo
com o parque tecnológico deles. Nós estamos em conversa com o administrador
desse parque, Roy Zwebner, que vai nos ajudar na construção do modelo
tecnológico de Aparecida.

Que
outras empresas o senhor visitou?

Visitei
empresas na área de segurança, empresas de painéis solares, de LED, de
transformação de lixo, em Jerusalém. Foram 13 dias bastante proveitosos, apesar
da demora no deslocamento de uma cidade para outra. É claro que esse
intercâmbio vai poder ajudar a nossa cidade, com Bersebá, e com as empresas que
nós visitamos. Tive a oportunidade de ter uma audiência com o ministro da
Economia e Indústria, Eli Cohen, e há perspectiva de receber investimentos aqui
em Aparecida de Goiânia.

Na
área de segurança, que modelo pode ser trazido de Israel para Aparecida?

Quando
eu decidi ir para Israel, as pessoas me diziam que o país era muito perigoso.
Quero dizer que é um dos países mais seguros do mundo. Está cercado de inimigos
políticos, por ideologias religiosas, mas é um estado muito forte, e consegue
ter destaque principalmente em tecnologia. Visitei a maior empresa em segurança
de Israel e uma das maiores do mundo. Grande parte do que vimos de tecnologia e
de equipamentos do Exército, é ela que produz. Os drones, por exemplo, que
fazem o monitoramento da cidade. Vi lá sistemas que nós podemos colocar aqui em
prática.

Por
exemplo.

O
videomonitoramento, por exemplo, nós temos. Temos 53 pontos. O que eles têm de
avanço? São softs que permitem fazer leitura facial, leitura de placas de
veículos. A partir de pontos de iluminação da cidade você tem condições de
colocar videomonitoramento, capitação de áudio, coisas que parecem muito
futuristas, mas em Israel já existe. Em regiões mais violentas, com maiores
índices de criminalidade, além do videomonitoramento, é possível colocar a
capitação de áudio. Um grito de socorro, por exemplo, é identificado pelo
sistema e rapidamente se pode enviar uma viatura da polícia, assim como barulho
de tiro. Como Israel tem de vivenciar segurança, ele tem muitas soluções, mas,
claro, que algumas delas financeiramente sejam inviáveis aqui. Mas o projeto
que temos para a cidade, e que estamos adequando, é trocar toda a rede da
cidade, que é de vapor sódio por LED. E a partir daí colocarmos alguns outros
equipamentos para ajudar na redução da criminalidade.

Tem
como precisar valores para a implantação desse sistema de segurança em
Aparecida?

Não
tem como precisar. Várias empresas podem participar da licitação. E o que temos
feito é leilão presencial. Nisso, o valor, em tese, é reduzido, mas é claro que
não é uma tecnologia barata. Mas é viável, e pode ser ampliada ao longo dos
anos. Esses sistemas ajudam muito a combater a criminalidade. E esse passo é
importante para pacificarmos algumas regiões da cidade.

Esse
trabalho tecnológico tem de ter como fator complementar a ação da polícia. O
efetivo de militares, hoje, é suficiente para o combate à criminalidade?

O
primeiro investimento é em infraestrutura básica. Cabeamento ótico, data
center, big data. Isso porque o projeto de cidade de inteligente tem uma série
de interfaces, que envolve educação, saúde, assistência social e todas as
demais. Na semana passada, o vice-prefeito Veter, no exercício do cargo,
assinou decreto para a digitalização de todos os documentos da prefeitura, para
reduzir o uso de papel.  

E
com relação ao efetivo de policiais?

Eu
tenho reclamando, claro que com muito respeito, ao governo do Estado, com o
secretário de Segurança Pública, par aumentar o efetivo na cidade. É um número
insuficiente. O que tem hoje, em média, em Goiás, é um policial para cada grupo
de 550 a 600 habitantes. Aparecida é um policial para cada mil habitantes. É um
número bem aquém daquilo que precisamos. A cidade de Anápolis, por exemplo, que
tem menos habitantes que Aparecida, tem mais policiais militares e civis nas
ruas. Esse descompasso acaba trazendo um grande prejuízo para a cidade. Além,
disso, parte dos policiais militares estão dentro do complexo penitenciário
Oldenir Guimarães ou no regime semiaberto. Ou seja, não existe nenhuma
contrapartida do Estado por nós termos aqui esse sistema prisional. Eu
conversei com o governador, antes da minha viagem, e ele disse que não
economizaria esforços para suprir essa necessidade na segurança. E que não é só
Aparecida, mas de toda a região jurisdicionada à nossa cidade, em torno de 18
cidades.

Como
presidente da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC), o que muda na
filosofia de trabalho da entidade, que sempre este às voltas apenas com
reajustes da tarifa do transporte coletivo?

Nós
teremos nos próximos dias mais uma reunião da CDTC. Queria destacar alguns
pontos que são um avanço com a minha ascendência à presidência da Câmara
Deliberativa. Primeiro, reuniões abertas, pois antes elas eram fechadas e
aconteciam, geralmente antes de feriados. E eram reuniões em que se discutia
apenas reajuste de tarifa, porque quando assumi, me coloquei contra aumento,
porque não vislumbrava nenhuma melhoria para o transporte.

O
congelamento de tarifas resolve em parte os problemas do sistema de transporte?

Eu
tenho que dizer. As tarifas estão congeladas, mas já me foi oficializado que as
empresas estão cobrando o restante do valor que o reajuste prevê. Esse reajuste
é baseado num contrato que foi feito, e hoje existe uma insatisfação por parte
das empresas, alegando dificuldades financeiras. Não somente pelo fato de não
ter tido reajuste, mas porque houve aumento no preço do petróleo. O valor que o
governador se comprometeu só foi efetivamente pago há alguns meses atrás. Tem
aí o período em que deveria ter sido feito o reajuste até a aprovação do
projeto do governo pela Assembleia. Trata-se de uma importante contribuição por
parte do estado, mas que não vai resolver o problema.

E
quem vai pagar essa conta?

Essa
é a grande discussão. Outro ponto que é o primordial é a melhoria do transporte
público. E eu, como presidente da CDTC, fiz questão de ouvir vários atores
desse processo, defendo a melhoria desse transporte. E puxando a sardinha para
a minha cidade, digo que Aparecida não pode mais ser vista como apenas uma
cidade que faz parte da região metropolitana. Aparecida continua consolidada
como a segunda maior cidade do estado, maior que sete capitais e a trigésima
nona maior cidade do país, de acordo com o IBGE. Não dá para ter um transporte
só ligando Aparecida a Goiânia. Nos próximos meses, quem sabe, estaremos
lançando a companhia de transporte de Aparecida com ligação com a capital, mas
também com os bairros da nossa cidade.

Em
que pé estão as cobranças que o senhor tem feito à Saneago, já que a crise
hídrica ainda não passou em Aparecida?

Essa
é uma dificuldade que nós vivenciamos. Eu mesmo passei por isso na minha
própria casa. Eu fiquei quatro dias e meio sem água. E sei que grande parte da
população tem sofrido com essa situação. Tive reuniões tanto com o governo
quanto com Jalles Fontoura, da Saneago, e com Vilmar Rocha, da Secretaria de
Meio Ambiente. A perspectiva de solução é com o linhão que está para ser
construído, que vai universalizar tanto a água como o esgoto. A conversa que
nós temos é que até o fim de 2019 haverá a universalização desses dois
serviços.

Qual
deve ser o caminho da oposição, em 2018? O PMDB tem a candidatura de Daniel
Vilela e o Democratas, a de Ronaldo Caiado. Os dois têm feito encontros
separados como a medir força. Isso é uma queda de braço que pode enfraquecer as
oposições?

O
que existe são projetos de governo. Caiado tem o dele e o Daniel, da mesma
forma. Nós temos de discutir um projeto para o Estado. Eu acredito que o Daniel
tem todas as características, tem potencial para ser o candidato a governador,
pela juventude e pela garra, mas, sobretudo pela capacidade que ele tem, e tem
demonstrado isso, como presidente do nosso partido e como deputado federal. Há
pouco foi incluído entre os parlamentares mais influentes no Congresso
Nacional. É um dos líderes hoje na Câmara Federal, apesar da sua pouca idade.
Então, ele tem todas as condições para ser candidato, para vencer as eleições e
para fazer um grande governo. Caiado está lá com o projeto dele. Eu,
particularmente, ajudei o Caiado para ser senador. Acho que ele tem feito um
bom trabalho no Senado, inclusive beneficiando Aparecida. E, claro, a nossa
defesa é que ele continue como senador, para ajudar a candidatura do deputado
Daniel Vilela.

O
senhor acredita então que não há condições de unir esses dois projetos?

Dizer
que é impossível em política, não é. É uma questão de pragmatismo, do que a
gente enxerga em três candidaturas, que é a do vice-governador José Eliton
(PSDB), a do Caiado e a do Daniel. Claro que em política tudo pode acontecer.
Eu acredito que seja importante e muito saudável para o processo ter sim mais
de uma candidatura da oposição, e amanhã, numa eventual disputa no segundo
turno, possa ter essa união. E acredito que o Daniel estará no segundo turno,
sim. Estarei defendendo a candidatura dele, e pode ter certeza que Aparecida
será uma das vanguardas nesse processo eleitoral, defendendo o nome de Daniel.

Como
avalia a possibilidade de aliança do PSDB com o PMDB?

Se
o PSDB quiser apoiar a candidatura do Daniel, vejo que há sim essa
possibilidade. Mas o que vemos é uma candidatura consolidada do vice-governador
que vai se tornar governador (a partir de abril, com a renúncia de Marconi), e
que dificilmente abriria mão de sua candidatura. A mesma coisa vejo com o
Daniel, pelo capital político do PMDB, pela história, por tudo aquilo que já
fizemos pelo Estado. O PMDB tem de ter, sim, candidato. E, claro, se o PSDB
quiser vir nos apoiar, seria muito bem-vindo. Estou falando em meu nome. Até
porque como candidato a prefeito, busquei dialogar com todos os partidos,
inclusive com o PSDB. Houve um momento em que se cogitava de o PSDB ou o PP
ficar com a vaga de vice. Sou do diálogo. Claro que temos um projeto um pouco
antagônico do que o que está aí. Temos vagas disponíveis para o senado, para a
vice. Estão abertas para essa discussão e ela é muito salutar, e política se
faz como é com diálogo.

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