Bolsonaro pode voltar da Rússia com boa notícia para o agronegócio brasileiro

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, convidou Bolsonaro para ir a Moscou antes do atual imbróglio na Ucrânia

Postado em: 15-02-2022 às 08h54
Por: Marcelo Mariano
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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, convidou Bolsonaro para ir a Moscou antes do atual imbróglio na Ucrânia | Foto: Marcos Correa/ABr

O presidente Jair Bolsonaro (PL) terá um encontro com seu homólogo russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira (16), em meio às tensões com a Ucrânia. Na pauta da reunião entre os dois líderes, há um assunto de interesse do agronegócio e, consequentemente, de Goiás, um dos estados mais importantes desse segmento.

No início de fevereiro, a Rússia impôs um banimento, com prazo para durar até abril, às exportações de nitrato de amônio. O objetivo do governo russo é apoiar produtores rurais do país diante do aumento dos preços de fertilizantes.

O nitrato de amônio, vale contextualizar, é um elemento essencial para os fertilizantes, que, por sua vez, são utilizados na agricultura. Como consequência, a medida impactou diretamente o agro brasileiro.

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A Rússia é o maior exportador de fertilizantes do mundo e, especificamente em relação ao nitrato de amônio, o Brasil é o principal comprador dos russos, bem à frente de Cazaquistão, Azerbaijão, Finlândia, Peru, Índia, Mongólia e Moldávia, que aparecem em seguida.

Sem acesso ao nitrato de amônio da Rússia, portanto, produtores brasileiros estão preocupados com suas colheitas. Por isso, Bolsonaro tende a abordar o tema durante a conversa com Putin.

A ideia do governo brasileiro é convencer o presidente russo a revogar o banimento às exportações do produto. O que Putin pedirá em troca ainda é uma incógnita. O fato é que, se Bolsonaro obtiver sucesso nessa empreitada, ele voltará de Moscou com uma boa notícia para o agro em sua mala.

Esse setor da economia é considerado uma das mais fiéis bases de sustentação do bolsonarismo. Cabe lembrar que, mesmo com as críticas de Bolsonaro e seus auxiliares à China, o parceiro comercial mais relevante para o Brasil, grande parte do agronegócio seguiu ao lado do presidente.

Uma leitura frequente entre produtores rurais é a de que, com Tereza Cristina no comando do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é possível ter confiança nas políticas do governo brasileiro.

Filiada à União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, a ministra da Agricultura pode se juntar ao Progressistas (PP). Ela é cotada para ocupar a vice na chapa de Bolsonaro, já que Hamilton Mourão quer ser senador pelo Rio Grande do Sul, na tentativa de reforçar o apoio dos ruralistas e suavizar a imagem do presidente com o eleitorado feminino.

Relações Brasil-Rússia

Bolsonaro foi convidado por Putin para ir à Rússia antes do atual imbróglio na Ucrânia. Os Estados Unidos bem que tentaram convencer o Brasil a adiar a viagem, mas, do ponto de vista diplomático, pegaria mal recusar um convite já confirmado e feito com antecedência.

O Brasil rompeu relações diplomáticas com a Rússia em 1917, ano em que os bolcheviques chegaram ao poder. Mais tarde, em 1947, o então presidente, Eurico Gaspar Dutra, tomou a mesma decisão, desta vez já com a União Soviética, devido ao crescimento do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

A normalização ocorreu em 1961, no governo João Goulart, após reaproximação iniciada com Juscelino Kubitschek. Desde então, e especialmente depois do período soviético, que se encerrou em 1991, os dois países mantiveram boas relações tanto diplomáticas quanto comerciais.

Os russos, aliás, apoiam a iniciativa brasileira de ter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). E, em 2014, na cúpula do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Putin marcou presença no evento realizado em Fortaleza, no Ceará, apesar das pressões contrárias de países ocidentais em razão da anexação da Crimeia poucos meses antes.

Em Moscou, Bolsonaro pretende mostrar que não está isolado na política internacional. Ele deve evitar ao máximo comentários sobre a Ucrânia e focar em questões comerciais. Há, ainda, a previsão de assinar um acordo na área penal.

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