Dinheiro do fundo eleitoral do Podemos divide apoio a candidatura de Sergio Moro

Se o ex-juiz deixar a disputa para presidente, podem aumentar as chances de Gustavo Mendanha se filiar ao partido

Postado em: 16-02-2022 às 08h58
Por: Marcelo Mariano
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Se o ex-juiz deixar a disputa para presidente, podem aumentar as chances de Gustavo Mendanha se filiar ao partido | Foto: Reprodução

O presidenciável do Podemos, Sergio Moro, enfrenta uma divisão dentro de seu próprio partido, o que pode inviabilizar sua candidatura ao Palácio do Planalto. Parte da legenda estuda deixar de apoiá-lo, e um dos principais motivos é o dinheiro.

Havia uma expectativa de que Moro crescesse nas pesquisas de intenção de voto. Porém, mais de três meses após confirmar o interesse de participar da corrida eleitoral, o fato é que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública e ex-juiz responsável por julgar em primeira instância os casos da Lava Jato em Curitiba não decolou.

Com dificuldade de romper a barreira dos 10%, Moro está na terceira posição, bem atrás do ex-presidente Lula (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL). Diante desse cenário, parlamentares do Podemos acenderam um alerta.

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Eles argumentam que o partido não deveria destinar, como se espera, metade dos recursos do fundo eleitoral à campanha de Moro, uma vez que as chances de não obter sucesso nas urnas são cada vez mais altas.

Preocupados com suas próprias reeleições, esses parlamentares gostariam que o dinheiro fosse investido em candidatos a deputado federal a fim de turbinar a bancada do Podemos. Moro entendeu o movimento e passou a buscar alternativas.

Doação e alianças

Uma delas é a captação de recursos via doações para ajudar nos custos da campanha. O partido já teria aberto uma conta, a ser administrada por Moro, com essa finalidade. O objetivo é arrecadar pelo menos um milhão de reais por mês, quantia considerada insuficiente, mas que geraria um alívio.

Outra articulação de Moro diz respeito às alianças. O presidenciável do Podemos procurou a União Brasil, resultado da fusão entre DEM e PSL, e chegou a cogitar o deputado federal e presidente da nova legenda, Luciano Bivar, como seu vice.

Ainda sem traquejo político, contudo, Moro não conseguiu viabilizar essa aproximação, que contribuiria especialmente em termos financeiros, já que a União Brasil terá direito às maiores fatias do fundo eleitoral.

Enquanto a União Brasil, partido ao qual Moro até pensou em se filiar pensando justamente no dinheiro à disposição, avança em diálogos com MDB, PSDB e Cidadania, o Podemos segue isolado. A falta de aliança também prejudicaria em relação ao tempo de propaganda na televisão. Se nada mudar, Moro tende a ficar com menos de 30 segundos. 

Goiás

Até o momento, o pré-candidato a presidente do Podemos se mantém na disputa, apesar de já ter sido ventilada a possibilidade de ele concorrer a uma vaga no Senado. A eventual desistência de Moro tem condições de impactar diretamente o cenário goiano.

Recentemente, o vice-prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano, também chamado de Vilmarzinho, trocou o MDB pela legenda de Moro. Na prática, o Podemos, que fazia parte da base do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), passou para a oposição.

Vilmarzinho pertence ao grupo do prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), um dos principais governadoriáveis oposicionistas, que ainda não definiu por qual sigla tentará derrotar Caiado.

Por enquanto, o Podemos é uma das opções mais cotadas para ele se filiar, assim como PL e Patriota. O maior empecilho seria justamente atrelar sua imagem à de Moro. Embora tenha articulado uma aproximação com Bolsonaro, Mendanha voltou a falar que gostaria de ter em seu palanque um presidenciável de centro da terceira via.

Portanto, se Moro realmente desistir de ser presidente, o que, vale frisar, ainda não está tão perto de ocorrer, as chances de o prefeito de Aparecida de Goiânia tomar o rumo do Podemos devem aumentar.

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