Dória deve focar em ações de governo como norte de campanha

"O eleitor nessa eleição de 2022 não vai querer fazer teste como fez em 2018 com o presidente Bolsonaro que foi um teste com um péssimo resultado", disse João Dória em entrevista ao O Hoje.

Postado em: 21-02-2022 às 08h52
Por: Raphael Bezerra
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"O eleitor nessa eleição de 2022 não vai querer fazer teste como fez em 2018 com o presidente Bolsonaro que foi um teste com um péssimo resultado", disse João Dória em entrevista ao O Hoje | Foto: Reprodução

Pré-candidato a presidente pelo PSDB, o governador do Estado de São Paulo João Dória deve se pautar pelo combate à fome e ao desemprego como norte da sua campanha. Ele aposta no exemplo da sua gestão no estado e acredita que é possível levar o desenvolvimento e, especialmente, as obras no estado para as outras regiões do país.

Em entrevista ao Face do Poder do Grupo O hoje News, Dória destaca os R$ 65 bilhões em investimentos feitos pela sua gestão, além da captação de R$ 215 bilhões do setor privado para investimentos na região. 

Distante dos principais pré-candidatos nos levantamentos eleitorais, o tucano diz que não é a primeira disputa que ele entra como preterido. Em 2016, quando se elegeu prefeito paulista, ele aparecia, meses antes da eleição, como último colocado. O cenário se repetiu na disputa para o governo e, agora, ele acredita que com diálogo e exemplo de governança, ele poderá repetir o feito.

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Confira os principais destaques da entrevista a seguir:

 

Wilson – O senhor é um empresário que soube construir um discurso convincente às massas, estruturado no eixo do enxugamento da máquina pública e melhor eficiência na prestação de serviços aos cidadãos, principalmente para os mais carentes. Esta fórmula pode ser ampliada para as outras regiões do país?

Pode! Todo bom exemplo é uma referência e, uma referência sempre convence. Quando você se apresenta a alguém com um bom currículo e uma boa história essa pessoa com certeza vai confiar em você. Nós temos feito uma gestão muito inovadora e até os adversários mais duros reconhecem isso, criticam que eu sou chato e exigente, mas dizem que eu faço um bom governo e um governo honesto. Somos um governo que administra R$ 286 bilhões que é orçamento do Estado de São Paulo e não temos nenhuma denúncia e nenhum escândalo de corrupção, além de ser o estado que lutou pela vacina. Trouxemos a vacina para o Brasil e antecipamos o início das campanhas de vacinação com 110 milhões de doses da vacina do Butantã que foram para os braços dos brasileiros. Isso nos traz alegria e felicidade, com calça apertada ou sem calça apertada e isso é resultado do nosso trabalho não só para os brasileiros que vivem em São Paulo, mas para todos os brasileiros. Meu alvo é o Brasil, é corrigir o Brasil, pacificar o país e a política para ajudar o Brasil e os brasileiros. Não será no conflito que iremos recuperar o país. 

Wilson – O senhor é tido como um homem determinado e obstinado na busca de objetivos políticos. Foi assim quando se candidatou a prefeito de São Paulo e venceu a disputa, contrariando todas as pesquisas que apontavam em outra direção. Você acredita que esse cenário irá se repetir?

Espero que sim. Eu sou muito determinado e aprendi durante a vida. O valor do sofrimento é um grande ensino para gente que nos ajuda a superar as fases duras da vida. Eu passei uma fase duríssima da minha quando meu pai foi cassado por causa da Ditadura Militar e ficou 10 anos fora do Brasil e fiquei com a minha mãe em situação de necessidade. Tenho 6 anos de vida pública, mas são 6 anos onde tive oportunidade de ganhar duas eleições muito difíceis. Eu era favorito a perder, a primeira pesquisa feita 6 meses antes da eleição me mostrou com 1% das intenções de voto enquanto o primeiro tinha 30%. Vencemos Fernando Haddad que era o prefeito da cidade. Em 2018 foi a mesma história, ninguém acreditava que eu pudesse vencer o governo de São Paulo. E vencemos de bons candidatos no maior colégio eleitoral do país. É possível, formando forças com outros partidos e outros candidatos que queiram trafegar por essa linha do centro-democrático-liberal que hoje estão mais fortalecidas. Como temos oito meses pela frente, temos bastante tempo para apresentar aos eleitores as nossas propostas e somar forças

Marcelo – Governador, a terceira via está com dificuldade de decolar nas pesquisas. Quando você foi candidato a prefeito, o senhor teve uma ascensão meteórica nas intenções de voto. O senhor certamente acredita que ainda há tempo para unir forças em torno de um nome competitivo para romper a polarização entre Lula e Bolsonaro, mas qual será a sua estratégia?

Primeiro falar a verdade e apresentar o que fizemos em São Paulo. O eleitor nessa eleição de 2022 não vai querer fazer teste como fez em 2018 com o presidente Bolsonaro que foi um teste com um péssimo resultado. Temos 600 mil mortos e a pobreza dobrou de tamanho, tínhamos 15 milhões de pessoas em situação de pobreza e agora temos 30 milhões. O país está povoado de pessoas que perderam seus empregos e suas rendas e ninguém esquece que perdeu amigos e colegas por conta da doença que poderiam ter sido vacinados. O eleitor que alguém que é seguro na gestão do país, seguro de alguém que é honesto e sabe respeitar o dinheiro público e seguro de alguém que tem sensibilidade e compaixão de trabalhar para o mais pobre para gerar mais empregos e investimentos nacionais e internacionais. Temos 8 mil obras públicas em São Paulo, são mais de R$ 53 bilhões em obras de ferrovias, rodovias, obras de saneamento, infraestrutura e proteção ambiental. Para que essas obras fossem possíveis, fizemos reformas administrativas, fiscais e a reforma previdenciária. 

Além das obras públicas em infraestrutura, saneamento, ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, temos ainda um grande volume de investimento privado no Estado que chegou a R$ 215 bilhões em investimentos diretos. São investimentos na bacia de óleo e gás, fábricas de cervejas e alimentos, tecnologia, ampliação do setor de serviço e economia criativa. E além disso temos um governo desestatizante e colocamos R$ 65 bilhões em investimentos em PPPs, concessões e privatizações. 

São Paulo é o  Estado que cresceu 5 vezes mais que o Brasil, e a liderança disso é Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central. O país cresceu 1,3% enquanto São Paulo cresceu 8% em três anos. Geramos 2,5 milhões de novos empregos, isso representa 38% dos empregos gerados em todo o Brasil. Aqui deu certo por causa da boa gestão, boa equipe , foco e eficiência. Vamos levar esse mesmo modelo para o Brasil.

Wilson – O senhor tem mantido conversas  com outras legendas, entre elas o Podemos, MDB e até o União Brasil, mas as tratativas sempre esbarram nas questões regionais. O senhor abriria mão de ser cabeça de chapa em torno de um outro nome?

Temos que ter dignidade, humildade e capacidade de diálogo para mudar o Brasil. Se não tivermos isso não vamos cristalizar a melhor via, a terceira via só se cristaliza e só será possível se nós somarmos forças e não venceremos as eleições e entregaremos as eleições para o pesadelo que é Lula e Bolsonaro. Se a gente chegar às eleições com esse cenário vamos ter que escolher; ou vota no psicopata ou vota no ladrão. Eu acho que existem outras opções, temos que ter outra opção que só será viável se tivermos discernimento e humildade para encontrar quem tem o melhor nome para fazer esse enfrentamento. Temos dialogado com o Podemos, de Sergio Moro, com o Cidadania do deputado Roberto Freire, com o MDB do deputado Baleia Rossi, com o União Brasil de Luciano Bivar. São diálogos com partidos que estão comungando do mesmo objetivo que é proteger os brasileiros para colocar o país em outro patamar para defender a liberdade, a democracia e o emprego.

Wilson –  Na sua percepção, temas como pandemia, corrupção e inflação vão dominar o debate político?

O que vai dominar o debate é o combate à fome e a geração de emprego. Esses serão os dois pontos primordiais da população do Brasil que se tornou um país mais pobre ao longo desse governo de Jair Bolsonaro. Um país mais triste com mais de 600 mil mortes pela Covid-19 e um país mais desesperançoso com uma inflação que corrói o salário do povo que segue trabalhando. 

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