Prefeitura mantém ‘desculpa’ para entrega das obras na Marginal 

A intervenção em uma das principais vias que cortam a cidade foi anunciada sob promessa de escoamento rápido do trânsito

Postado em: 19-03-2022 às 08h10
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Prefeitura mantém ‘desculpa’ para entrega das obras na Marginal 
A intervenção em uma das principais vias que cortam a cidade foi anunciada sob promessa de escoamento rápido do trânsito | Foto: reprodução

Ainda no ano passado, a reportagem do O HOJE alertava para o descumprimento dos prazos e, claro, as consequências trazidas pelo atraso na entrega das obras na Marginal Botafogo. À época, o grande engenho ‘comemorava’ exatos um ano em atraso. Meses se passaram e o resultado prático da obra ainda se limita ao imaginário do goianiense. 

Lançada na gestão do emedebista e ex-prefeito de Goiânia, Iris Rezende, a intervenção em uma das principais vias que cortam a cidade foi anunciada sob promessa de escoamento rápido do trânsito, especialmente em horários de pico. 

As primeiras movimentações no local tiveram início ainda em setembro de 2019, sob promessa de entrega da estrutura para dezembro de 2020. Os anos se passaram e o que se encontra hoje na região ainda se resume ao caos, especialmente em horários de pico.

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Em outubro de 2021, a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) disse ao Jornal O Hoje que as obras estavam 88% executadas e que a entrega estaria prevista para dezembro.  Após o descumprimento deste e dos demais prazos fixados para o ano de 2021, a prefeitura de Goiânia mudou a posição e sinalizou para janeiro de 2022. Janeiro se foi e mais uma pá de terra foi jogada sob a esperança dos goianienses. 

Agora, a prefeitura vem com uma nova – velha – história: “A previsão de conclusão está mantida para maio”, disse a Secretaria de Infraestrutura em nota enviada ao O Hoje. O atraso — de 1 ano e 3 meses — foi, como em outras ocasiões, atribuído às chuvas: “Estas obras são construídas ‘ao tempo’ e em períodos de chuva, principalmente sendo mais prolongados, torna por prejudicado o andamento dos serviços, atrasando o cronograma”.

Ao comentar o andamento da obra, a Secretaria considerou também a construção do complexo muito “complexa”. “Atualmente a obra está em andamento, com mais de 90% concluída, mas restam os seguintes serviços: conclusão do pavimento e drenagem da Marginal Botafogo, conclusão de calçadas, meios-fios e bocas de lobo, instalação de defensas metálicas, plantio de grama e sinalização horizontal e vertical, inclusive terá que ter uma pintura não prevista em toda a sua estrutura por conta dos “pixadores”. Tudo isso para dar funcionalidade a obra”. 

Ao contrário do que se esperava, o que se vê hoje, especialmente por volta das 18h em dias de semana, é um trânsito lento tomado por motoristas que buscam levar vantagem entre as estreitas ruas dos bairros adjacentes ao projeto. 

Durante passagem pela Câmara Municipal de Goiânia para prestação de contas do primeiro quadrimestre de 2021, o prefeito da capital, Rogério Cruz (Republicanos) foi questionado sobre a entrega da estrutura, mas a resposta foi um tanto quanto desanimadora: “Não há como se falar em prazo”. E, como visto, ele estava certo.

À época, o prefeito explicou — diferentemente do afirmado pela Seinfra — que o entrave não estaria ligado à prefeitura, mas que se tratava, na verdade, de problemas judiciais. “Todas as obras deixadas pela gestão passada estão tendo continuidade. Isso foi uma promessa de campanha. Quanto à Marginal Botafogo, a expectativa é muito grande em entregar o mais rápido possível, mas temos algumas situações, nas alças de entrada ou saída, onde precisamos desabrigar alguns imóveis e é aí que vem a complicação”, disse o gestor.

Em seguida, Cruz completou: “Tivemos um caso onde havia ali um imóvel. Nós solicitamos a retirada a partir de um mandado [judicial] que tínhamos, mas a pessoa entrou novamente [na Justiça] contra a prefeitura e tivemos que esperar uma nova ação. Tudo isso faz com que a condução desse projeto leve mais tempo”.

Apesar das boas intenções por trás do projeto, o atraso para a conclusão do complexo obriga os goianienses a mergulharem 2022 adentro em um cenário regado a transtorno, cascalho e poeira.

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