Candidatos de Lula e Bolsonaro a governador de Goiás não decolam

Os dois principais nomes da disputa pelo Palácio do Planalto estão com dificuldades para transferir votos aos seus aliados em Goiás

Postado em: 21-03-2022 às 08h01
Por: Marcelo Mariano
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Os dois principais nomes da disputa pelo Palácio do Planalto estão com dificuldades para transferir votos aos seus aliados em Goiás | Foto: Reprodução

As próximas eleições caminham para ser as mais polarizadas na história do Brasil. De um lado, o ex-presidente Lula (PT), que lidera as principais pesquisas de intenção de voto. Do outro, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que aparece em seguida e, apesar dos desgastes, ainda tem chances de continuar no Palácio do Planalto.

Atrás deles, há diversos candidatos da chamada terceira via, que rejeita ambos, e com diferentes posicionamentos ideológicos, como o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (Podemos) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).

Os levantamentos indicam que uma terceira força até poderia se tornar mais competitiva, desde que juntasse forças e não ficasse dividida como está. Porém, devido às divergências entre os presidenciáveis, a possibilidade é praticamente nula. Quase ninguém consegue imaginar, por exemplo, Ciro no mesmo palanque de Moro ou Doria.

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A não ser que Lula ou Bolsonaro desista da corrida eleitoral, o cenário não tende a sofrer grandes mudanças. Em outras palavras, no atual momento, há pouco espaço para quebrar a polarização entre ambos.

Nos estados, a situação se repete. Até mesmo no Ceará, onde Ciro costuma vencer com certa tranquilidade, Lula e Bolsonaro são os líderes das pesquisas. Em Goiás, um estado tradicionalmente conservador, a diferença das intenções de voto é pouca, mas o petista figura um pouco à frente do atual presidente.

Vale lembrar que, em 2002 e 2006, quando Lula ganhou os pleitos presidenciais, ele também saiu vitorioso em Goiás, derrotando, respectivamente, José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (à época no PSDB e, hoje, no PSB), que, agora, caminha para ser seu vice.

Isso quer dizer que, na prática, o lulismo goiano é mais forte do que muitos imaginam. No entanto, o ex-presidente encontra dificuldade para alavancar o candidato do PT ao governo estadual, o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Wolmir Amado.

Nos bastidores, comenta-se que os petistas não estão esperançosos com a candidatura de Wolmir. A ideia do partido é apenas viabilizar um palanque para Lula no estado, enquanto deve concentrar mais esforços para aumentar suas bancadas na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, em Brasília.

De qualquer forma, assusta o fato de o ex-reitor da PUC-GO ter registrado apenas 0,4% na pesquisa Serpes, encomendada pela Associação Comercial, Industrial e Serviços de Goiás (Acieg) e divulgada no final de janeiro.

Desde 1982, ano das primeiras eleições estaduais com voto direto na história recente, o PT só não lançou nome próprio em 2006 e 2010. O pior resultado foi em 1982, com Athos Magno (0,68%), seguido de Osmar Magalhães (3,15%), em 1998. O melhor resultado foi em 2002, com Marina Sant’Anna (15,17%), seguida de Antônio Gomide (10,09%), em 2014.

No caso de Bolsonaro, seu candidato é o deputado federal Major Vitor Hugo (de saída da União Brasil e possivelmente a caminho do PL). Na pesquisa Serpes/Acieg, ele atingiu 2,6%, um desempenho certamente abaixo da influência dos bolsonaristas no estado.

Convém ressaltar que o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), um dos governadoriáveis mais competitivos, ainda mantém diálogo com o presidente, e alguns de seus aliados esperam que ele, embora não represente o bolsonarismo em sua essência, desbanque Major Vitor Hugo.

Como o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) lidera a corrida eleitoral em busca da reeleição, é possível presumir que ocorra um fenômeno curioso: há eleitores que, ao mesmo tempo, votarão nele e em Bolsonaro, apesar do rompimento entre os dois, ou em Lula, mesmo que estejam em campos políticos opostos.

Enquanto isso, em São Paulo, a situação é outra. Bancado pelo PT, o ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad é o favorito, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas (sem partido), um dos maiores aliados do presidente, já aparece em segundo, dependendo do cenário.

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