MPF pede condenação de Bolsonaro por manter funcionária fantasma em gabinete

Ministério Público Federal pediu a abertura de uma ação de improbidade administrativa contra o presidente da República e a ex-servidora comissionada Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí

Postado em: 22-03-2022 às 20h19
Por: Augusto Diniz
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Ministério Público Federal pediu a abertura de uma ação de improbidade administrativa contra o presidente da República e a ex-servidora comissionada Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí | Foto: Reprodução/Facebook

O Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação de improbidade administrativa contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-servidora comissionada do gabinete de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, Walderice Santos da Conceição, a Wal do Açaí. Os procuradores da República querem que os dois devolvam aos cofres públicos os recursos desviados indevidamente. O caso foi descoberto pelo jornal Folha de S.Paulo em 2018.

Na reportagem publicada em janeiro de 2018, os repórteres Camila Mattoso, Italo Nogueira e Ranier Bragon descobriram que a servidora comissionada do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro era funcionária de uma loja de açaí na rua em que fica a casa de veraneio de Bolsonaro na Vila Histórica de Mambucaba, em Angra dos Reis. Moradores disseram à Folha que Walderice prestava serviços particulares na casa do presidente. O marido de Wal do Açaí, Edenilson, atuava como caseiro de Bolsonaro.

Questionado, Bolsonaro não soube explicar o que Walderice fazia em seu gabinete na Câmara dos Deputados. A segunda resposta do então deputado foi a de que a servidora comissionada trabalhava na loja de açaí durante o período de férias quando os repórteres da Folha estiveram em Angra dos Reis. No mês de agosto daquele ano, Walderice foi encontrada em horário de expediente no Congresso Nacional trabalhando no comércio da Vila Histórica de Mambucaba.

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A loja se chama Açaí da Wal, nome da então servidora comissionada de Bolsonaro. Walderice confirmou para a Folha que trabalhava no local todos os dias na parte da tarde. Ela não soube dizer que tipo de trabalho desenvolvia na Câmara. No mesmo dia, ela pediu demissão do cargo no gabinete do então deputado federal.

“Dar água para os cachorros”

Bolsonaro tentou justificar que o “crime dela foi dar água para os cachorros” do naquele momento candidato a presidente em sua casa de veraneio de Angra dos Reis. O salário bruto de Wal do Açaí era de R$ 1.416,33 à época para exercer o cargo de secretária parlamentar do gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados desde 2003.

Até o momento, a Presidência da República não se manifestou sobre o pedido de abertura de ação feito pelo MPF contra Bolsonaro e a ex-servidora do presidente quando ele era deputado federal. Wal do Açaí tentou se tornar vereadora em Angra dos Reis, no litoral fluminense, com o apoio da família Bolsonaro, mas só recebeu 266 votos e não conseguiu chegar à Câmara Municipal.

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