Professores ignoram “ameaças” e intensificam protestos em busca de direitos

Sob gritos e vaias, direcionadas em sua maioria ao prefeito Rogério Cruz, servidores da Educação lotaram as galerias da Câmara Municipal para reivindicar direitos

Postado em: 23-03-2022 às 07h28
Por: Redação
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Sob gritos e vaias, direcionadas em sua maioria ao prefeito Rogério Cruz, servidores da Educação lotaram as galerias da Câmara Municipal para reivindicar direitos | Foto: Reprodução

Por Felipe Cardoso e Stéfany Fonseca

A sessão da última terça (22/3) da Câmara Municipal de Goiânia foi marcada por tumulto. Centenas de servidores da Educação tomaram as galerias do Legislativo para manifestar indignação e reivindicar, claro, seus direitos. Insatisfeitos, professores clamavam pelo reajuste salarial de 33,24%, conforme fixado em cenário federal e descumprido pela prefeitura de Goiânia — que, por sinal, ofereceu à categoria 7,5%. O acordo foi negado.

Sob gritos e vaias, direcionadas em sua maioria ao prefeito Rogério Cruz (Republicanos), os servidores da Educação reivindicavam também o pagamento da data-base. “Até agora a prefeitura tem se mostrado intransigente, não tem recebido os trabalhadores e nem tem apresentado uma nova proposta que cumpra a Lei do piso e da data-base”, criticou um dos representantes da classe e organizador do movimento. 

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Queixas sobre “retaliações” do Paço também foram recorrentes. Em resposta, porém, o movimento grevista engrossou o tom. “Temos uma adesão de cerca de 80% das instituições e temos sofridos várias repressões, com ameaças e assédio moral”, contou o coordenador geral do Sindicato Municipal dos Servidores da Educação de Goiânia (Simed), Antônio Gonçalves. Até “insinuação” de “corte de ponto”, já foi sinalizada, segundo ele, pela prefeitura.

Na contramão, a gestão Rogério Cruz afirma que está pagando o piso a todos os profissionais. Antônio, no entanto, diz que isso não passa de uma mentira. “É uma informação falsa” afirmou sem titubear. “A prefeitura pretende aumentar 7,5% para quem tem curso superior, desrespeitando o estatuto e o plano de carreira do servidor, isso é desrespeitar a Lei municipal e federal”, enfatizou o coordenador do sindicato.

Em clima de tensão, a vereadora Aava Santiago (PSDB) chegou a acusar o  prefeito de estruturar um “gabinete do ódio” e uma “milícia digital” no Paço a fim de  “difamar” os trabalhadores. “No meu WhatsApp tinha um vídeo digno das páginas mais desprezíveis da política, um vídeo apócrifo movido por aqueles que de tão miúdos, são capazes de difamar, mas jamais de mostrar a cara, colocando [divulgando] o contracheque de trabalhadores da Educação, o que é ilegal”, disse a parlamentar na tribuna.

A tucana ainda questionou sobre a origem do material: “será que não foi o prefeito?”. E na sequência, disparou: “Se o prefeito não é o autor e mandante desse crime contra os profissionais da Educação, que diga quem fez, que venha a público desmentir”, disparou. O vídeo em questão insinua que os profissionais da educação ganham altos salários. 

Indignado, o vereador Mauro Rubem (PT) também usou a tribuna. Mas não só: Mauro protocolou um requerimento pedindo a cassação do mandato de Rogério Cruz. “O prefeito está prevaricando”, assegurou. O petista exigiu que a Câmara crie uma comissão para investigar as ações do Executivo. “Essa Casa tem a responsabilidade de investigar e chamar o prefeito aqui. Chamar também esses trabalhadores para que a gente possa tirar essa dúvida Estão cumprindo ou não?”.

No discurso, Mauro ainda lembrou das principais conquistas da categoria. Dentre elas a Lei de 2008, que regulamentou o piso nacional aos professores. “O piso salarial e o plano de carreira são partes indissociáveis da valorização da Educação”, defendeu. Ele completou dizendo que esse reconhecimento, “foi fundamental para o País desenvolver e permitir que os professores tivessem uma carreira”, além, é claro, de poderem se qualificar. Após a movimentação na Câmara Municipal, os professores seguiram para um protesto na Av. Independência, na região Central de Goiânia.

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