Quinta-feira, 28 de março de 2024

Deputado protocola pedido de CPI do Leite para investigar “cartel” em Goiás

O parlamentar acusa a indústria de “manipular o preço” do produto

Postado em: 24-03-2022 às 08h23
Por: Stéfany Fonseca
Imagem Ilustrando a Notícia: Deputado protocola pedido de CPI do Leite para investigar “cartel” em Goiás
O parlamentar acusa a indústria de “manipular o preço” do produto | Foto: Hellen Reis

O deputado Amauri Ribeiro (Patriota) protocolou na Assembleia Legislativa na última quarta-feira (23/3), o pedido de abertura da CPI do Leite, para investigar um suposto “cartel” de leite em Goiás. O parlamentar acusa a indústria de “manipular o preço” do produto. “Os laticínios se sentam em uma mesa redonda e ali decidem, os grandes laticínios, decidem o preço que vão pagar no nosso produto e o prejuízo que vão dar ao produtor de leite”, criticou Amauri.

A Comissão de Inquérito Parlamentar vai investigar, possíveis infrações financeiras, na cadeia produtiva, não só em Goiás, mas também nos estados de Minas Gerais e Mato Grosso que já aderiram ao movimento. A exemplo de Goiás, Rondônia está em negociação. “Temos este acordo com o deputado estadual Amauri Ribeiro, de Goiás, com o deputado Bruno Engler, de Minas Gerais, e estamos em conversa com a Assembleia de Rondônia para que possa ser feita esta luta nos quatros estados para que isso chegue ao Ministério da Agricultura”, declarou o deputado Gilberto Cattani (PSL-MT).

Insatisfeito, o deputado Amauri Ribeiro relata que os produtores não sabem quando vão receber pelo litro de leite. “Só vamos ter consciência daqui cinquenta dias, isso é um absurdo”.

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Indignados com o “jogo de empurra”, o produtor recebe cerca de R$ 1,50 a R$ 2,00 pelo litro do leite, mas os supermercados chegam a vender o litro por seis reais. “A indústria joga isso para cima do comércio, do atacadista, do supermercado, mas nós não vendemos leite para supermercados, nós vendemos leite para indústria”, questionou Amauri.

De “mãos atadas”, os produtores se sentem “empregados” das indústrias. “Nós somos funcionários dos laticínios, sem ter carteira assinada. Eles ficam com o lucro e a gente fica com o prejuízo”, lamentou o produtor de leite, Antônio Ribeiro Neto.

Questionado sobre a relação com a indústria, clama: “não existe relação entre produtor e indústria, eles fazem o que eles querem, pagam do jeito que eles querem”. O produtor de leite é uma classe sofrida demais”.

Atualmente, Antônio tira dois mil litros de leite por dia, mas alega, que há cinco anos atrás, ele produzia dez mil litros. Cansado de levar prejuízo, pela falta de valorização do produtor por parte da indústria, o que acaba inviabilizando a produção, ele pensa em desistir. “ Eu acho que a tendência daqui a dois ou três anos é eu parar com tudo”, finalizou.

A CPI é composta por cinco membros titulares e cinco suplentes. O objetivo é escutar grandes laticínios e a partir desses depoimentos, ouvir comércios e varejistas. A data de instauração não foi confirmada, “deve acontecer nos próximos dias”.

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