Petistas avaliam que Alckmin de vice na chapa de Lula representa compromisso com democracia

Pré-candidatura do ex-presidente da República com ex-governador de São Paulo na composição é vista como gesto de liderança progressista preocupada com a necessidade de fazer o Brasil voltar a crescer

Postado em: 25-03-2022 às 17h12
Por: Augusto Diniz
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Pré-candidatura do ex-presidente da República com ex-governador de São Paulo na composição é vista como gesto de liderança progressistas preocupadas com a necessidade de fazer o Brasil voltar a crescer | Foto: Reprodução/Facebook

O que era aguardado como questão de tempo ocorreu na quarta-feira (23/3): o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deixou recentemente o PSDB, se filiou ao PSB para ser pré-candidato a vice-presidente da República na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Depois de ficar 30 anos no ninho tucano, Alckmin chegou ao novo partido e disse que Lula representa “esperança”.

“Temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender que ele [Lula] é hoje o que melhor reflete e interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia porque ele é fruto da democracia”, declarou o novo filiado do PSB há dois dias.

O jornal O Hoje conversou com a presidente estadual do PT, Kátia Maria, para saber como o partido avalia a chegada de Geraldo Alckmin ao PSB para ser possivelmente o vice de Lula na disputa à Presidência da República em outubro.

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“A conversa de vice ainda está em construção, o tempo é quem vai dizer. Mas para enfrentar o fascismo, o conservadorismo, todo o desmonte das políticas públicas, tirar o Brasil do mapa da fome, voltar a gerar emprego e trazer dignidade para as pessoas, todas as lideranças progressistas precisam estar abertas para fazer a retomada que o País precisa.”

Diálogo com o diferente

De acordo com Kátia Maria, o Partido dos Trabalhadores entende que para ampliar é preciso buscar o diálogo “com quem é diferente”. “O PT tem feito essa discussão [Alckmin de vice]. E nós confiamos na posição do presidente Lula e da presidente [nacional do partido, deputada federal] Gleisi Hoffmann (PT-PR) que têm coordenado com sabedoria as articulações a nível nacional”, declarou a presidente estadual da sigla.

Prestes a voltar ao PT para disputar novamente o cargo de deputado federal, como fez em 2014, o ex-reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), professor Edward Madureira, disse que a aproximação de Lula e Alckmin “defende, acima de tudo, o marco civilizatório”.

“Nós estamos vivendo um tempo onde o negacionismo, o obscurantismo e a falta de respeito ao ser humano tomaram conta em vários espaços do governo e do País. É preciso, como o próprio Lula disse, fazer uma frente ampla em defesa da democracia, da vida, da política.”

Construção pela política

Segundo Edward, não existe construção de país fora da política, “essa arte de construir entendimentos, consensos em prol de um bem maior, que é o bem da sociedade”. Para o pré-candidato a deputado federal pelo PT, as divergências históricas entre o partido e o PSDB são inegáveis.

“Mas na origem, na luta pela redemocratização, essas forças estavam juntas. É uma aliança que agrega. Claro que vai ser uma arte fazer com que haja harmonia nessa união, mas vejo que é interessante para o PT, para o PSB, para Lula e para o próprio Alckmin”, observou.

Risco Temer

Edward Madureira afirmou não ver o risco de aliança Lula-Alckmin ter o mesmo destino da chapa Dilma Rousseff (PT)-Michel Temer (MDB) em 2016, quando a ex-presidente sofreu um processo de impeachment, foi destituída do cargo e deu espaço para Temer se tornar presidente com apoio dos adversários da petista nas eleições de 2014. “O que aconteceu com o Temer e a Dilma tinha uma conjuntura que levou àquela situação. […] Contextos novos podem levar a situações que não conseguimos prever.”

De acordo com o ex-reitor da UFG, o PT aprendeu bastante com o impeachment de Dilma e vai tomar cuidado para que essa situação não se repita. “O presidente Lula tem uma capacidade de diálogo e uma habilidade reconhecida por todos. Talvez a Dilma, naquele momento, faltou alguém para ajuda-la a sair daquele situação embaraçosa. Não vejo risco na aliança Lula-Alckmin. Também pelas próprias características do próprio Alckmin, que não parece ser uma pessoa dada a esse tipo de prática”, pontuou.

A reportagem do O Hoje entrou em contato com o presidente estadual do PSB, deputado federal Elias Vaz, mas não conseguiu falar com o parlamentar por ligação ou mensagem de texto.

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