Governo Bolsonaro mira mais pobres com pacote de “bondades” para conseguir reeleição

A série de benefícios tem um objetivo central, a reeleição de Bolsonaro. A estratégia de mirar as pessoas em situação de vulnerabilidade e de baixa renda

Postado em: 29-03-2022 às 06h00
Por: Redação
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A série de benefícios tem um objetivo central, a reeleição de Bolsonaro. A estratégia de mirar as pessoas em situação de vulnerabilidade e de baixa renda | Foto: reprodução

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem focado suas ações e campanha para os mais pobres com programas sociais em busca da reeleição em outubro deste ano. O principal programa de distribuição de renda, o Auxílio Brasil, que paga até R$ 400, beneficiará famílias de baixa renda até o final do segundo turno (em 30 de outubro), quando o benefício cairá pela metade. Outra medida focada nessa classe de renda é o Auxílio Gás, que começou a ser pago nesta segunda-feira (28).

A série de benefícios tem um objetivo central, a reeleição de Bolsonaro. A estratégia de mirar as pessoas em situação de vulnerabilidade e de baixa renda tem também o foco de tirar votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem como principal eleitoral justamente essa população. 

A última pesquisa divulgada pelo Datafolha na última sexta-feira (25) mostra que o presidente já se encostou na pontuação de intenção de votos do ex-presidente entre o segmento com renda familiar de 2 a 5 salários mínimos. Enquanto o petista aparece com 36%, o atual presidente tem 33%, empatado dentro da margem de erro. Já entre os mais ricos, o presidente lidera (38% a 27% na faixa de 5 a 10 salários e 39% a 26% na faixa superior a 10 salários). Bolsonaro também tem ampla liderança entre empresários (50% a 20%).

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Auxílio chega a 18 milhões de pessoas

O benefício criado durante a pandemia atingiu 18 milhões de famílias em fevereiro, totalizando R$ 7,19 bilhões investidos neste mês. No Centro-Oeste foram injetados R$ 375 milhões em março de 2022 e 920,9 mil famílias beneficiadas. A estratégia do governo é comparar o programa de distribuição de renda com o Bolsa Família, lançado nos governos de Lula.

Além da comparação, Bolsonaro busca melhorar sua imagem com a população mais pobre, principal classe impactada pelas crise econômica e sanitária enfrentada nos últimos dois anos.

Outro foco é agradar seu público mais fiel com a criação de um programa de habitação para policiais. Em Medida Provisória, o presidente lançou o Programa Nacional de Apoio à Aquisição de Habitação para Profissionais da Segurança Pública. A medida cria condições especiais para a compra da casa própria para policiais, bombeiros, agentes penitenciários e integrantes das guardas municipais em todo o país.

O programa terá mais de R$ 100 milhões para o primeiro ano com parte dos recursos vindos do Fundo Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça. O programa permite o financiamento de imóveis novos e usados e as unidades serão destinadas aos profissionais da segurança pública com renda mensal de até R$ 7 mil.

Nem tudo são flores

Apesar da tentativa de se viabilizar como um candidato preocupado com as classes de baixa renda, Bolsonaro ainda é visto como culpado pelas altas da inflação, aponta a pesquisa. 37% dos brasileiros atribuem muita responsabilidade ao presidente pela alta na inflação no país nos últimos meses, mas houve uma ligeira redução desde setembro do ano passado até hoje. Nesse período, as pessoas que avaliam que ele tem um pouco de responsabilidade subiu para 38%.

Sobre a alta no preço dos combustíveis no Brasil nos últimos meses, 39% atribuem muita responsabilidade ao presidente e 29% atribuem um pouco da responsabilidade nele.

Para contornar essa avaliação, o presidente tem dado declarações contrárias às políticas de reajuste adotadas pela Petrobras. No evento mais recente, Bolsonaro comunicou a aliados que deve exonerar o presidente da estatal Joaquim da Silva e Luna.

O desgaste do presidente durante a pandemia, especialmente pelo negacionismo da doença, a demora para a compra da vacina e a insistência em remédios comprovadamente ineficazes contra a Covid-19 desgastaram Bolsonaro.

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