Bolsonaro faz motociata em São Paulo; evento deve custar cerca de R$ 1 milhão

O presidente Jair Bolsonaro participou de uma motociata junto com apoiadores, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira (15). O evento chamado

Postado em: 15-04-2022 às 14h56
Por: Jennifer Neves
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O trajeto de 120 km percorrido entre a capital do estado e Americana, paralisou rodovia dos Bandeirantes, uma das principais de SP | Foto: Reprodução

O presidente Jair Bolsonaro participou de uma motociata junto com apoiadores, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira (15). O evento chamado “Acelera com Cristo” teve a presença de outras autoridades como o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), pré-candidato ao governo de São Paulo.

O Presidente da República ainda cometeu uma infração de trânsito que pode render multa grave: utilização de um capacete estilo “coquinho”, sem viseira e sem proteção para o maxilar, que é proibido para motociclistas, conforme o Código de Trânsito Brasileiro.

O caminho percorrido no passeio foi entre a cidade de São Paulo e o município de Americana, com aproximadamente 120 km de distância. Uma das principais rodovias que liga São Paulo com o interior do estado ficou completamente paralisada.  

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A motociata teve uma transmissão nas redes sociais, em que Bolsonaro afirma que o evento “é uma participação fantástica e demonstra que a população quer democracia, liberdade, respeito, transparência… Está de parabéns o povo de São Paulo”. 

A organização pede a entrega de 1 quilo de alimento não perecível, e cobra 10 reais de motociclistas que integrantes um pelotão próximo ao presidente. Os ingressos pagos via Pix, são direcionados à associação religiosa “Mensagem de Esperança” de Campinas (SP).

O encontro precisou da mobilização de 1.900 policiais militares e,de acordo com o governo do estado, a estimativa é que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo gaste cerca de R$ 1 milhão com o evento. Além disso, o total desembolsado com esse tipo de passeio, desde o ano passado, atinge cerca de R$ 7,92 milhões, retirados dos cofres públicos, segundo revelam dados de transparência, disponibilizados através da Lei de Acesso à Informação (LAI). 

Os bastidores da “Acelera com Cristo”

Essa é a segunda edição do “Acelera com Cristo”, organizado pelo empresário de São Paulo Jackson Vilar. Ele já foi candidato a deputado em 2018, e agora pretende disputar novamente a uma vaga na Câmara, pelo Republicanos. Ele também já organizou protestos contra medidas restritivas de combate a Covid-19 e é conhecido no meio evangélico também por ser irmão do cantor gospel Jonas Vilar.  

Em junho de 2021, quando aconteceu a primeira motociata de Bolsonaro, Vilar também foi o responsável pela organização. À época, o empresário gravou vídeos com Tarcísio Gomes (ex-ministro da Infraestrutura) e Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente, que deixou o cargo por ser  alvo de investigação criminal por atuação ilegal em favor de madeireiros, 

Jackson Vilar, no ano passado, teve desentendimentos com Jair Bolsonaro após o presidente pedir que as pistas bloqueadas por caminhoneiros manifestantes fossem liberadas. No entanto, agora ele volta a apoiar o chefe do Poder Executivo.  

Além disso, o empresário recebeu R$ 5.700 de auxílio emergencial entre abril de 2020 e outubro de 2021, conforme indica o Portal da Transparência. Coincidentemente, ele ainda recebia o benefício quando a primeira motociata foi realizada. 

Outras motociatas

Os passeios de motocicleta com o presidente se tornaram comuns nos últimos anos. Entretanto, as motociatas utilizam verbas públicas para garantir a segurança da comitiva, mobilização de aeronaves oficiais, batedores, combustível, diárias para os agentes de segurança e outros. 

Com o apoio da maior parte da base eleitoral, Bolsonaro também utilizou do evento como palco para ataques aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunal Superior Federal (STF), bem como para questionar o processo eleitoral das urnas eletrônicas.

As manifestações, convocadas pelo próprio presidente, começaram a tomar conta das ruas de todo o Brasil, quando as taxas de ocupação dos leitos de UTI e mortes por Covid-19 enfrentavam pico. Símbolo de descaso com a pandemia, as motociatas foram responsáveis por promover aglomerações com milhares de participantes, sendo a imensa maioria sem máscara.

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