Bolsonaristas atacam revista ‘Time’ por entrevista com Lula, mas até dezembro pediam capa com Bolsonaro

A entrevista com Lula foi divulgada pela Time nesta quarta-feira (4), com data de publicação prevista para 23 de maio.

Postado em: 04-05-2022 às 11h29
Por: Ícaro Gonçalves
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A entrevista com Lula foi divulgada pela Time nesta quarta-feira (4), com data de publicação prevista para 23 de maio | Foto: Reprodução

“Agradeço aos 2.160.000 eleitores que votaram em mim. Esperamos que Revista TIME nos conceda, de fato, o título respeitando o resultado das eleições”. Esse foi o pedido que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez à Time em dezembro do ano passado ao vencer uma votação popular em meio à internet. A enquete promovida pela revista visava escolher a ‘Personalidade do ano’. O pedido não foi atendido, e o título com direito à capa foi para o bilionário Elon Musk. Hoje, cinco meses depois, bolsonaristas atacam a revista por estampar o ex-presidente Lula (PT) com os dizeres: “O líder mais popular do Brasil”.

A entrevista com Lula foi divulgada pela Time nesta quarta-feira (4), com data de publicação prevista para 23 de maio. Na capa, o veículo de mídia dizia: “O segundo ato de Lula – O líder mais popular do Brasil buscar retornar à Presidência”. Segundo informações, Lula foi questionado em entrevista sobre o que pensa a respeito da invasão russa na Ucrânia e o que ele faria, se fosse presidente do Brasil, para tentar amenizar o conflito.

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Ao responder, Lula criticou a postura que Zelenski tem adotado. Para Lula, o presidente ucraniano poderia ter trabalhado mais. “As vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos. Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’”, afirmou Lula na revista.

Lula e eleições

Conforme informações do portal G1, o texto da entrevista lembra que Lula deixou o poder como o presidente mais popular da história recente do país. Cita também a reviravolta na trajetória política dele, condenado e preso após as investigações de corrupção da Operação Lava Jato.

Em seguida, relata a revista, Lula foi solto, após o Supremo Tribunal Federal (STF) considerar que ele foi julgado por um juiz que atuou de forma enviesada, o que afetou a defesa. A revista não cita nominalmente o ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro.

Em Goiás

Em contato com o jornal O Hoje, a presidenta do PT Goiás, Kátia Maria, afirmou que a publicação foi um reconhecimento internacional do trabalho de Lula enquanto esteve à frente do Governo Federal. “Recebemos a notícia com muita felicidade. É um reconhecimento de Lula e de todo o trabalho prestado ao país em seu governo, onde conseguimos tirar o Brasil do mapa da fome e colocá-lo como 6° potência mundial. O cenário que vemos é que mesmo com toda perseguição política que Lula teve, sendo preso por 580 dias, as pessoas reconhecem nele a liderança capaz de tirar o Brasil desse pesadelo que estamos vivendo, com a volta da fome, o desemprego e uma onda de ódio e violência”, afirmou Kátia Maria ao O Hoje.

‘Dor de cotovelo’

Com Jair Bolsonaro ‘desprezado’ pela revista, a militância saiu em defesa do presidente com a já conhecida tática de atacar os meios de comunicação. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disparou em seu perfil no Twitter: “Como fazer a sua revista perder a credibilidade: retrate o maior bandido de um país como a sua esperança”.

Alguns militantes chegaram a comparam a publicação com Lula a outras edições históricas da revista, como em entrevistas com o líbio Muammar Gaddafi e o iraquiano Saddam Hussein.

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