Aliado de Bolsonaro, Lira defende urna eletrônica a empresários dos EUA

Servidor do TRE-GO atesta a segurança do equipamento; cientista político analisa ataques

Postado em: 12-05-2022 às 09h14
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Aliado de Bolsonaro, Lira defende urna eletrônica a empresários dos EUA
Servidor do TRE-GO atesta a segurança do equipamento; cientista político analisa ataques | Foto: Reprodução

Presidente da Câmara dos Deputados e aliado de Bolsonaro (PL), Arthur Lira (PP-AL) defendeu o sistema eleitoral brasileiro ao discursar para empresários dos Estados Unidos. Diferente dos discursos recorrentes do chefe do Executivo nacional, o deputado federal afirmou que as urnas eletrônicas são confiáveis.

“O povo brasileiro vai escolher [seus representantes] sem o eufemismo de que a urna presta ou não presta. O sistema é confiável”, declarou em Nova York, durante o evento “O Brasil e a Economia Mundial”, promovido pelo BTG Pactual. O congressista realiza viagem oficial nos Estados Unidos.

Ainda segundo Lira, é preciso ter tranquilidade política no pleito. “As instituições brasileiras são fortíssimas.” 

Continua após a publicidade

Bolsonaro e os ataques

Recentemente, o YouTube, rede social do grupo Google, removeu um vídeo do presidente por ataques ao sistema eleitoral. Mesmo assim, no mês passado, Bolsonaro voltou a fazer o discurso contra as urnas. Sem apresentar provas, ele disse que urna não era inviolável, mas “penetrável, sim”. “Mas não vou falar disso, as Forças Armadas estão tomando conta disso”.

As falas são recorrentes. Ao O Hoje, o professor de Direito Eleitoral e servidor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO), Alexandre Azevedo, reforçou a segurança dos equipamentos utilizados há mais de duas décadas. “As urnas não estão conectadas à internet, então não existe risco de ataque hacker. Além disso, o sistema tem várias camadas de segurança.” 

Ele explica, ainda, que a Justiça Eleitoral convida entidades para testes, por meio de ataques ao sistema das urnas, para verificar qualquer vulnerabilidade. “Até o momento, não existe nenhuma prova de ataque que gerou fraudes nas urnas.” Também de acordo com o professor, a ideia de imprimir votos para auditar nunca foi necessária, pois a votação já auditável. “O sistema já passa por auditoria prévia e os partidos também podem contratar empresas credenciadas para acompanhar a eleição”, ressalta – inclusive, Bolsonaro disse que o PL irá contratar uma empresa para isso. 

Mesmo que haja problemas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reforça Alexandre, as urnas seguirão seguras, uma vez que permanecem desconectadas da internet. “Além disso, o sistema da Justiça Eleitoral fica inoperante dois antes das eleições. Nós, que trabalhamos na Justiça Eleitoral, não conseguimos acessar sites externos, exatamente para coibir ataques.”

Análise

Para o professor e cientista político Marcos Marinho, vê os ataques como um esquema de manutenção de episódios de caos. “A posição que ele fica mais confortável é no antagonismo, então ele tem sempre que antagonizar com alguém, seja agente político ou instituição”, apontou.

No caso das urnas, então, ele vê potencial escalável de estresse, engajando a base a fazendo se manifestar. “Para além disso, cria-se uma narrativa para o caso de derrota, que esta ocorreria somente se fosse por fraude.

TSE sobre o sistema eleitoral

Vale lembrar, na segunda-feira (9), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Edson Fachin, respondeu à Comissão de Transparência das Eleições (CTE) sobre questionamentos do sistema eleitoral feitos pelo Ministério da Defesa. O jurista rejeitou as propostas paras as eleições e classificou como “opinião” as avaliações do representante das Forças Armadas. 

Em dos pontos, no qual as Forças Armadas diziam que somente o TSE realizavam a apuração total dos votos, a corte desmentiu: “É impreciso afirmar que os TREs [Tribunais Regionais Eleitorais] não participam da totalização: muito pelo contrário, os TREs continuam comandando as totalizações em suas respectivas unidades da federação.”

Além disso, negou a existência de uma “sala escura” para apuração e reafirmou segurança das urnas. “Consoante explicado, os cálculos estatísticos do TSE tomam como premissa o fato de que o sistema de votação eletrônico brasileiro vem sendo utilizado há mais de duas décadas sem uma única ocorrência de fraude, bem como que há homogeneidade entre as urnas. Todas elas passam por sucessivas fases de auditoria que fazem com que se garanta a utilização de um único sistema informatizado para a votação.”

Veja Também