Sem Bolsonaro, tendência é ausência de Lula nos debates

Cientistas políticos comentam decisão do presidente e possibilidades do petista

Postado em: 02-06-2022 às 09h19
Por: Francisco Costa
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Cientistas políticos comentam decisão do presidente e possibilidades do petista | Foto: Reprodução/Internet

O presidente Jair Bolsonaro (PL) não confirmou presença nos debates de primeiro turno. Em entrevista à rádio Massa FM, transmitida no Paraná, ele disse que iria se chegasse ao segundo turno. A ausência do mandatário pode significar, também, a falta do pré-candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

“No primeiro turno, a gente pensa, porque, se eu for, os dez candidatos ali vão querer o tempo todo dar pancada em mim, e eu não vou ter tempo de responder pra eles”, disse Bolsonaro. A lógica é a mesma para Lula, que lidera as pesquisas e, sem o presidente, vira o teto de vidro de todos os outros que não chegaram aos dois dígitos de intenção de votos, conforme pesquisas. 

De segunda-feira (30), a pesquisa BTG Pactual/Instituto FSB mostra que, sem João Doria (PSDB), o pré-candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva chegou a 46% de intenção de votos, um crescimento de 5% em relação ao levantamento anterior. O presidente Jair Bolsonaro manteve o patamar de 32%.

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Depois dos primeiros colocados, aparecem Ciro Gomes (PDT), com 9%; Simone Tebet (MDB), 2%; e André Janones (Avante); 1%. Felipe D’Àvila (Novo), José Maria Eymael (DC), Vera Lúcia (PSTU), Sofia Manzano (PCB), Luciano Bivar (União Brasil) e Leonardo Péricles (UP) tiveram 1%. 5% disseram que não votariam nas opções e 2% escolheriam branco ou nulo. 1% não respondeu.

Cientista político

Para o cientista político Marcos Marinho, a análise segue esta linha. “Bolsonaro não indo e Lula estando tão à frente da chamada terceira via, estrategicamente não há porque ele ir. Ele seria a pessoa sob ataque de todos. Sem Bolsonaro, a artilharia se concentrará nele, todos vão querer tirar uma casquinha”, aponta.

Marinho diz que Bolsonaro se antecipou – muito – ao deixar entendido que ele não participaria dos debates de primeiro turno. “Não foi inteligente estrategicamente. É o tipo de coisa que se define no momento do debate e não com tanta antecedência”, aborda.

De acordo com o analista, o debate é, na verdade, mais um artifício de campanha. “Por mais que aura seja de um momento de discussão de projetos e exposição de plano de governo, no fundo não tem essa característica. Para a maior parte das pessoas, é um momento de torcida para a pessoa ver brilhar quem ela pensa em votar.”

Nesse sentido, ele afirma que participar ou não é uma estratégia do núcleo político. “E Bolsonaro antecipou muito”, reforça. “Ele não está em um momento positivo para ele, consolidado em segundo lugar, com Lula na frente. Isso demonstra fraqueza.”

Outra visão

Também cientista político, Itami Campos vê Bolsonaro tentando repetir a estratégia de 2018 de não participar dos debates, mas sem a justificativa que tinha naquele momento. À época, então candidato sofreu um atentado e foi esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais.

“Ele tinha um impedimento de saúde, agora não tem”, observa. De acordo com ele, alguns setores mais radicais que apoiam a reeleição do gestor podem até ver a situação como benéfica, como um boicote às mídias tradicionais. Contudo, é ruim quando ele tenta chegar aos indecisos.

“Muitos indecisos que aguardam os debates para ver como cada candidato se coloca, como se apresentam”, destaca. Esta, inclusive, é a mesma avaliação que faz do ex-presidente Lula. Mesmo que se torne alvo, Itami acredita que é importante que o petista debata. “É o momento de questionamentos e de propostas.” 

Mais uma do presidente…

E não foi só sobre isso que Bolsonaro falou. O presidente também disse que os debates deveriam ter perguntas combinadas. O intuito, segundo ele, seria não baixar o nível. “Vamos analisar isso aí porque eu acho que debate teria que ser para ter perguntas pré-acertadas antes, com os encarregados de fazer o debate, para não baixar o nível”, declarou.

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