Marcello Miller diz que fez “uma lambança” no caso J&F

Ele acrescentou que estava disponível aos executivos da J&F “às vezes” e afirmou que nunca advogou, recebeu remuneração ou prestou consultoria jurídica para o grupo

Postado em: 29-11-2017 às 12h30
Por: Márcio Souza
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Ele acrescentou que estava disponível aos executivos da J&F “às vezes” e afirmou que nunca advogou, recebeu remuneração ou prestou consultoria jurídica para o grupo

O ex-procurador da República,
Marcello Miller, disse que não cometeu crimes, mas fez “uma lambança” ao
orientar o acordo de leniência do grupo J&F antes de deixar o cargo de
procurador federal. “Eu cometi um erro brutal de avaliação. Não cometi crimes,
mas fiz uma lambança. E é por isso que eu estou aqui. Ao refletir sobre a
situação, avaliei que não haveria crime nem ilícito, mas não me atentei para as
interpretações que isso poderia suscitar”, disse ele, ao prestar depoimento
hoje (29), no Congresso, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da
JBS.

O ex-procurador acrescentou que
estava disponível aos executivos da J&F “às vezes” e afirmou que nunca
advogou, recebeu remuneração ou prestou consultoria jurídica para o grupo.

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Marcello Miller, que trabalhava
com o ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, até março deste ano,
pouco antes do fechamento de acordo de colaboração premiada firmada pela
procuradoria com a JBS, admitiu antes de deixar o seu cargo no Ministério
Público “estava ajudando a empresa a se limpar”.

“De fato, comecei o contato com a
J&F antes da exoneração, respondi a perguntas [dos executivos da empresa],
não vou negar”, falou. Perguntado sobre se orientou os irmãos Joesley e Wesley
Batista a gravar conversas com o presidente Michel Temer, Marcello Miller foi
enfático: “tenho um filho de cinco anos, pela vida do meu filho, não mandei
gravar o presidente”.

Ganância e mistificação

Sobre trabalhar no escritório de
advogacia Trench, Rossi e Watanabe, responsável pelo acordo de leniência do
grupo J&F, três meses após deixar o Ministério Público Federal, Miller
afirmou que não agiu por ganância. “Se fosse por ganância, teria ido advogar na
esfera penal, onde os honorários são mais altos. É óbvio que eu queria ganhar
melhor, mas eu não queria ser milionário. Era uma proposta confortável, mas não
era pra ficar milionário. Não teve ganância não”, respondeu.

Questionado por parlamentares,
Miller disse que “nunca foi próximo, muito menos íntimo” do ex-procurador
Rodrigo Janot. “Há um bocado de mistificação e de desinformação em torno da
minha relação com o procurador Rodrigo Janot. Eu achei graça quando vi no
jornal que eu era braço direito dele. Nunca fui.”, afirmou, ao esclarecer que
integrava um grupo de trabalho da Operação Lava Jato no Ministério Público.

Miller classificou o pedido de
prisão contra si, feito por Rodrigo Janot e negado pelo Supremo Tribunal
Federal, como “um disparate”. “Ele [Janot] me imputou tipos penais que são
completamente fora da marca. Organização criminosa? Eu estava incentivando uma
empresa a se limpar. Se ele quisesse abrir um processo administrativo, tudo
bem”, opinou. 

Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução. Foto: Alex Lanza

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