Advogado diz que Odebrech fraudou provas usadas contra Temer

O advogado explicou que o sistema foi bloqueado pela Operação Lava Jato em 2016 e que as provas juntadas teriam data de 2017, quando o sistema não estava mais funcionando

Postado em: 30-11-2017 às 13h00
Por: Márcio Souza
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O advogado explicou que o sistema foi bloqueado pela Operação Lava Jato em 2016 e que as provas juntadas teriam data de 2017, quando o sistema não estava mais funcionando

Em depoimento por
videoconferência à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS nesta
quinta-feira (30), o ex-consultor do Grupo Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran,
disse que documentos apresentados nas acusações que resultaram na segunda
denúncia contra o presidente da República, Michel Temer foram fraudados pela
Odebrecht.

Duran afirmou que uma perícia
feita a pedido dele por profissionais juramentados na Espanha mostra que o
sistema Droysus, utilizado pela empreiteira para pagar propina, foi manipulado
e que, por isso,  as provas estariam
viciadas. O advogado explicou que o sistema foi bloqueado pela Operação Lava
Jato em 2016 e que as provas juntadas teriam data de 2017, quando o sistema não
estava mais funcionando.  As mesmas
provas, segundo ele, também foram apresentadas no inquérito contra o
ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. “Todas as provas que foram
obtidas ou utilizadas a partir do Drousys, elas padecem de vício, são nulas
pela movimentação, alteração e manipulações externas antes, durante e depois do
bloqueio realizado pelas autoridades suíças”, afirmou.

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Rodrigo Tacla Duran, que mora na
Espanha, foi convidado a prestar esclarecimentos à comissão depois de acusar o
advogado Carlos Zucolotto Júnior, amigo do juiz Sérgio Moro, de oferecer
facilidades junto à força-tarefa da Operação Lava Jato para um acordo de
delação premiada.  “Eu não aceitei
porque me senti constrangido”, disse o advogado, acrescentando que, no
acordo, ele teria de assumir crimes que não teria cometido.

Zucolotto teria pedido, por
fora,  5 milhões de dólares, em troca,
reduziria a multa do acordo de delação, que não chegou a ser fechado.  Ainda segundo o depoente, as mensagens entre
ele e o advogado do Paraná, teriam sido trocadas pelo aplicativo Wickr,
plataforma que destrói automaticamente as mensagens trocadas depois de pouco
tempo. Na tentativa de comprovar a veracidade da conversa, Duran fotografou os
diálogos e enviou as imagens à comissão.

Tacla Duran revelou ter recebido
um conselho de um consultor da UTC para que contratasse um advogado “da
panela de Curitiba” para que seu acordo fosse bem sucedido. Aos
parlamentares, ele disse ainda ter interpretado esse termo como um advogado com
“bom trânsito e bom acesso à força-tarefa”. Foi então que ele buscou
Zucolotto para tentar firmar o acordo, e posteriormente o advogado Marlus Arns,
para quem chegou a pagar honorários de 1,5 milhão de dólares, além dos
impostos.

Duran foi preso em novembro de
2016 a mando do juiz Sérgio Moro, mas 
foi solto em janeiro deste ano. 

Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução

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