Presidente ­Temer dá xeque-mate no PSDB

Peemebista articula com ministro Henrique Meirelles para ver aprovada reforma da Previdência

Postado em: 05-12-2017 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Peemebista articula com ministro Henrique Meirelles para ver aprovada reforma da Previdência

Venceslau Pimentel

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Em meio ao racha no PSDB, o Palácio do Planalto dá xeque-mate nos tucanos para tentar aprovar a reforma da Previdência. E o personagem escalado para a última cartada foi o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que declarou à Folha de S. Paulo que o governo terá candidato a presidente, mas não será o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Filiado ao PSDB, Meirelles é o nome que o presidente Michel Temer (PMDB) tem na manga da camisa para convencer os tucanos a votarem a favor da reforma. São 46 votos em jogo, que o Planalto considera como fundamentais para tentar chegar a, no mínimo, 308 votos necessários para aprovação do texto que mexe com as aposentadorias.

O Planalto dá como certos os votos do bloco formado por pequenos partidos, o chamado centrão, liderado pelo PTB, PR, PP e PSD, com a distribuição de cargos e liberação de emendas parlamentares. Quer agora o compromisso do PSDB para, quem sabe, retribuir o gesto apoiando Alckmin, dando a ele o suporte do PMDB.

Com a tacada do Planalto, o PSDB está, pode-se dizer, numa sinuca de bico. O pior cenário seria ficar sem o apoio dos peemedebistas, mesmo com o desgaste do governo e a impopularidade de Temer.

Por outro lado, Meirelles pode se cacifar para a disputa em 2018, dizem especialistas, se conseguir aprovar a reforma previdenciária, o que acenaria positivamente ao mercado. A economia já dá sinais de crescimento, como mostra o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano, que alcançou 0,1%.

No meio dessa disputa, sem entendimento entre tucanos e peemedebistas, o cenário apresenta-se cada vez mais adversos às duas legendas, com a perspectiva de nenhum dos dois chegar ao segundo turno. Cada vez mais cresce o favoritismo do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. O petista mantém a liderança na corrida presidencial, como mostra o Datafolha. Ele aparece com 34% da preferência do eleitorado.

Quem vem mantendo-se na segunda posição é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) com 17%, seguido pela ex-senadora Marina Silva (Rede) com 7%. Alckmin tem a quarta colocação com 6%. Já Meirelles registra apenas 1% das intenções de voto.

Mesmo num cenário sem Lula, não sobraria espaço nem para Alckmin e nem para o ministro da Fazenda. Bolsonaro subiria para a primeira posição, com 17%, com Marina em segundo, com 16%. De qualquer forma, o PT vai apostar para ver.

A estratégia é manter o ex-presidente na disputa até pelo menos o primeiro turno, caso ele seja impedido de buscar um terceiro mandato, com a confirmação de sua condenação em segunda instancia. O petista já foi condenado a uma pena de nove anos e três meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do apartamento do Guarujá.

Agora é esperar o voto do juiz federal João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato na segunda instância. Se condenado, Lula pode se tornar inelegível, com base na Lei Ficha Limpa. Mais que isso, poderá ser preso após a decisão judicial.

Como o tempo urge pelas bandas do Palácio do Planalto, a queda de braço entre o PSDB e o PMDB de Michel temer, pode ser que a reforma fique pelo caminho, pois o recesso legislativo está bem próximo.

Pode ser, também, menos um desgaste para Alckmin, se ele conseguir dissociar a imagem do partido ao governo impopular do presidente. Tudo indica que tarefa não será fácil, já que ainda há tucanos na Esplanada dos Ministérios. E a convenção nacional tucana acontece no próximo sábado. 

No entanto, o eleitor parece estar indiferente a essa briga particular. É o que se deduz pelo resultado das últimas pesquisas eleitorais. 

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