Pressão da Câmara pode terminar em novas exonerações na prefeitura

Líder do governo levou ao conhecimento de Rogério Cruz a indignação dos vereadores

Postado em: 04-08-2022 às 08h22
Por: Felipe Cardoso
Imagem Ilustrando a Notícia: Pressão da Câmara pode terminar em novas exonerações na prefeitura
Fonte do alto escalão assegurou que prefeito ficou “estarrecido” e que tende a usar o poder da caneta para tentar acalmar a tensão | Foto: Reprodução

A retomada dos trabalhos na Câmara Municipal de Goiânia, após o recesso parlamentar de julho, foi marcada por clima de tensão. Conforme mostrado pelo O HOJE na edição da última terça-feira (3/8), a gestão encabeçada pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) foi largamente criticada pelos parlamentares. Dentre as diversas queixas, a principal delas diz respeito ao trato do secretariado com os vereadores. A maior parte dos reclamantes chamam atenção para a truculência e descaso de alguns nomes da equipe de Cruz com o Parlamento. 

As reclamações, já no primeiro encontro do segundo semestre, vieram de todos os lados. Coube ao fiel escudeiro do prefeito na Casa, o líder Anselmo Pereira (MDB), por panos quentes no assunto. Ainda no encontro de terça, Pereira se comprometeu com os colegas a levar todas as críticas diretamente ao prefeito e, claro, buscar soluções para cada uma delas. 

No dia seguinte, ou seja, na última quarta-feira (4/8), Anselmo foi procurado pela reportagem. Questionado sobre a conversa com Cruz, se limitou a dizer que levou, sim, todas as queixas e que o prefeito se comprometeu a resolvê-las, sem dizer como. 

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Uma fonte do alto escalão da gestão Cruz, porém, foi mais além. Em off, declarou que o prefeito ficou “estarrecido” com as informações levadas por Anselmo. E garantiu: “ele quer uma reunião com o secretariado e com os vereadores. A intenção é garantir que o mesmo trato de seu gabinete se estenda ocorra nas secretarias”. Essa não será, segundo a mesma fonte, a única providência. “O prefeito deve exonerar um outro nome”, disse sem revelar qual. Sobre os prazos, completou: “no mais tardar na semana que vem”. 

Insatisfação coletiva

Conforme mostrado pela reportagem do O HOJE, na última terça, o vereador Welton Lemos (Podemos) aproveitou o embalo das críticas para colocar na mesa sua indignação em relação ao trato dos secretários de Rogério Cruz com os vereadores. “A pior coisa é você ser cobrado pelo povo e não ter uma resposta para dar. Há mais de 30 dias mandei um ofício para a SMM [Secretaria Municipal de Mobilidade] e até hoje não tive resposta. Você liga para o secretário, ele não atende, não dá retorno. Você manda mensagem, ele ignora”. 

O parlamentar disse que diante das cobranças da população e a inércia da prefeitura, os vereadores acabam ficando com “cara de tacho” quando questionados. “Sou uma pessoa ponderada nas reclamações que faço, mas chega um momento que não temos condições de ficar calado. Sou da base [de apoio ao prefeito] e estou aqui ajudando a votar matérias importantes, mas a gente tem que ser tratado com o mínimo respeito. Essa história de secretário não atender e não dar retorno é inadmissível. Não dá para continuar desse jeito”, pontuou. 

Joãozinho Guimarães (SSD), por sua vez, endossou o sentimento. “Liguei para o secretário da Seinfra [Secretaria de Infraestrutura] e ele não me atendeu. Espero que ele atenda os vereadores, não estamos aqui para brincar, estamos trabalhando e trazendo as reivindicações da sociedade”.

Outro a comentar o descaso da gestão Cruz em relação aos integrantes da Câmara foi o vereador eleito pelo Avante, Thialu Guiotti. “Infelizmente, vejo um momento difícil para o prefeito de Goiânia. A assessoria do prefeito peca dia após dia. O que vimos no primeiro semestre deste ano são reclamações desnecessárias a uma gestão que tem tudo pra dar certo, mas uma gestão onde secretários não atendem vereadores, onde secretários executivos e diretores se dão ao luxo de marcar e desmarcar reuniões com vereadores dentro da sala”.

Em paralelo ao sentimento de revolta, crescem os rumores de que, num futuro não muito distante, a oposição ao prefeito na Casa de Leis tende a ganhar novos nomes.

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