Governadoriáveis da esquerda comentam baixa adesão às candidaturas

Pesquisas revelam que parte do eleitorado esquerdista não deve acompanhar a esquerda briga pelo governo goiano

Postado em: 01-09-2022 às 07h55
Por: Izadora Resende
Imagem Ilustrando a Notícia: Governadoriáveis da esquerda comentam baixa adesão às candidaturas
Para cientista, eleitor não vota simplesmente por questões ideológicas | Foto: Montagem/ O Hoje

Pesquisas mostram que aproximadamente 12% do eleitorado goiano se auto declara de esquerda. Contudo, as pesquisas de intenção de voto têm revelado que essa parcela de eleitores não está direcionando o voto aos candidatos que são de esquerda. Tem sido possível perceber que os candidatos majoritários não estão conseguindo sobressair, e, nem mesmo, se somados juntos, receber essa porcentagem de votos. 

Segundo o professor e consultor de marketing político, Marcos Marinho, é importante entender que mesmo o eleitor tendo uma propensão ideológica mais à esquerda ou mais à direita, ele vai avaliar o candidato em si. “Se o candidato ou candidata não tem os atributos necessários para conquistar o eleitor, ele não vai fazer um voto cego só porque, teoricamente, tem o mesmo alinhamento ideológico”, explicou.  

Neste pleito eleitoral, temos quatro candidatos de viés ideológico de esquerda que estão disputando o governo de Goiás. São eles: Professor Pantaleão (UP), Wolmir Amado (PT), Helga Martins (PCB) e Cíntia Dias (PSOL). Para Marinho, o eleitor vai perceber o potencial de vitória e as características de cada nome, antes de decidir o voto. “As pessoas vão analisar se, de fato, tem características que o convencem. Muito raro é a pessoa que vota cegamente por conta do partido ou por alinhamento ideológico, sem levar em consideração o status do candidato ou candidata”, avaliou.  

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Logo, passa a ser um cenário normal, e até mesmo esperado, 12% do eleitorado se auto declarar de esquerda e não votar nos candidatos desta ideologia. “Não é um absurdo você ter essa manifestação dos eleitores e, no entanto, os candidatos para este pleito não estarem pontuando mais de 6%. Se eu não gostei do jeito que ele fala, do posicionamento, não senti firmeza e segurança nele, ainda que ele esteja no meu espectro ideológico eu vou achar que ele não vai conseguir entregar o que ele promete”, pontuou Marinho.

Professor Pantaleão 

Para o Professor Pantaleão (UP), o fato de Goiás ser um estado extremamente conservador, onde a polarização, segundo, ele, fica da direita com a direita, e também a questão da estrutura partidária dos partidos de direita contarem maior estrutura econômica de financiamento  e maior verba eleitoral, contribui para que os candidatos de esquerda não contem com os votos do eleitorado que segue esta ideologia. 

“Outro fator que eu acho relevante, é que nós, da esquerda, não tivemos a capacidade de concretizar uma candidatura só. Nós tentamos há dois anos com o PCdoB, PSOL, UP, PT,  setores dos movimentos sindicais rurais, mas não deu certo. Cada um procurou seu rumo e isso criou mais facilidade para a direita”, disse Pantaleão. Para ele, “as vezes a esquerda não tem tido a capacidade de falar a própria linguagem para as massas entenderem suas propostas”. 

Helga Martins

A candidata do PCB, Helga Martins, avaliou que não só Goiás, como o Brasil, aprofundaram em um cenário de conservadorismo, no qual  “a ultra-direita e o obscurantismo no estado e no país ascenderam”, considerou. 

Segundo ela, a falta de espaço nos meios de comunicação, na propaganda eleitoral partidária e nos debates contribuíram e contribuem para que haja uma dificuldade de comunicação com o eleitorado. “Nós, do PCB, acreditamos que não é uma questão de termos muito candidatos, mas uma questão vinculada a como as regras eleitorais criam obstáculos efetivos para os debates entre os candidatos. Acredito que se tivermos mais espaço nos meios de comunicação, na campanha de rua, apresentarmos nosso programa, conseguiremos alavancar a nossa expressão na dimensão das pesquisas”, ponderou Helga. 

Na última pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), Helga apareceu com 2% das intenções de voto. A candidata reafirmou que essa notoriedade se deu em meio a boicotes. “Ainda que nos boicotem e nos cerceiem no âmbito da propaganda política eleitoral e nos meios de comunicação em geral, principalmente em relação aos debates, continuamos pontuando”, disse. 

Cíntia Dias

Em consonância com o pensamento de Helga, Cíntia Dias (PSOL) também considerou que a maior dificuldade encontrada para comunicar com a população sobre os ideais do plano de governo, é a ausência de espaços para que isso seja feito. “Não temos estrutura financeira nem abertura conforme os grandes e isso é lamentável, não é democrático que a nossa candidatura seja silenciada”, justificou. 

De acordo com a candidata, ela dispõe de 23 segundos no programa eleitoral e não há, segundo ela, tempo mínimo sendo discutido nos tribunais eleitorais. “Quando a gente quer participar da sabatina a gente precisa entrar na justiça e isso inviabiliza o processo democrático. Mas nós temos que romper”, afirmou Cíntia.

Cíntia também avaliou que outro possível fator para que os números nas intenções de voto aos candidatos de esquerda não atinjam os 12% do eleitorado esquerdista, foi o fato de alguns partidos terem se alinhado à direita. “Em um cenário ideal de unificação da esquerda, seria mais fácil apontar os erros do coronelismo que é realidade em Goiás. No entanto, muitos partidos importantes da esquerda resolveram, sem justificativa plausível, porque não existe justificativa, se alinhar à direita reacionária em Goiás. Essa postura é inadmissível para nós do PSOL. Por que a gente tiraria um coronel para colocar outro? Isso não é aceitável”, destacou. 

Wolmir Amado 

Já Wolmir Amado (PT), que se intitula como o candidato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governo de Goiás, afirmou que nas últimas duas eleições os candidatos de esquerda tiveram em torno de 12% dos votos em Goiás. “Me baseio nos dados finais e não em números de pesquisas de início de campanha. E isso enfrentando máquinas poderosas com muito dinheiro e o conservadorismo de boa parte do eleitorado”, pontuou. 

Mas, segundo Wolmir, com Lula candidato a situação mudou. “Lula é candidato e em Goiás tem quase 40% das intenções de votos, e ele não foi candidato nas duas últimas eleições. Por certo este fator deverá ajudar aos candidatos de esquerda. Também temos encontrado ótima receptividade ao nosso nome entre os eleitores que ainda não nos conhecem”, ressaltou.

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