Ciro Gomes ainda não emplacou em sua quarta disputa à presidência
Cientista político acredita que 2022 não era o ano para o pedetista disputar o Planalto
Candidato do PDT, Ciro Gomes está em sua quarta disputa à presidência. Caso não seja eleito, o ex-ministro e ex-governador do Ceará afirma que esta será a última. A 10 dias do primeiro turno do pleito, que ocorre em 2 de outubro, o presidenciável não emplacou, conforme os números apresentados pelas pesquisas eleitorais mais recentes.
À Rádio Super, em Belo Horizonte, ele afirmou esta semana que não deve disputar outro pleito ao Planalto, caso não seja eleito. Em todos as pesquisas de intenção de votos, Ciro aparece em terceiro lugar, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na DataFolha do último dia 16, ele pontuou 8% das intenções de voto em primeiro turno. Lula marcou 45%, enquanto Bolsonaro 33%. A senadora Simone Tebet (MDB) chegou a 5%, enquanto a também congressista Soraya Thronicke (União Brasil), 2%.
O levantamento realizado entre os dias 13 e 15 de setembro ouviu 5.926 eleitores em 300 municípios em 26 unidades da federação. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o registro é o número BR-04099/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Já na PoderData da última quarta-feira (21), o pedetista marcou 7%. Nesta pesquisa, o petista lidera com 44% no primeiro turno, seguido por Bolsonaro, que tem 37%. Tebet marcou 4%m enquanto Felipe d’Avila e Soraya Thronicke, 1% cada.
A pesquisa ocorreu entre 18 e 20 de setembro por meio de ligações para celulares e telefones fixos de 3,5 mil eleitores. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o intervalo de confiança de 95%. O registro na Justiça Eleitoral é BR-00407/2022.
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Pontuação de Ciro
A pontuação de Ciro Gomes nas pesquisas de intenção de votos para presidência é menor que os números alcançados nos últimos pleitos. Em 1998, na primeira vez que concorreu, ele terminou em tercero lugar com 10,97%.
Naquele ano, Fernando Henrique Cardoso (FHC) fechou a conta no primeiro turno, com 53,06% dos votos. Lula ficou em segundo: 31,71%.
O ex-governador do Ceará voltou a tentar o Planalto em 2002. Ele ficou em quarto, mas terminou o primeiro turno com 11,97%. À frente dele, Lula, 46,44%; José Serra (PSDB), 23,19%; e Anthony Garotinho, 17,86%.
Ele voltaria à disputa em 2018, ano em que Bolsonaro foi eleito. O atual presidente teve 46,03% dos votos no primeiro turno; seguido por Fernando Haddad (PT), 29,28%; e Ciro, 12,47%. Foi o melhor resultado do pedetista em eleições presidenciais.
Em Goiás
O presidenciável do PDT esteve em Goiás no último sábado (17). Durante agenda em Trindade, ele declarou apoio ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil), que tenta a reeleição. Presidido por George Morais, o partido faz parte da base governista no Estado.
“O Brasil está meio de cabeça para baixo, e o Ronaldo Caiado é disparado o melhor candidato na situação contemporânea de Goiás. Por isso, o meu PDT andou com muito acerto aqui com a nossa bancada liderada pela Flávia Morais, e se eu fosse eleitor de Goiás e tivesse a honra de votar junto com o povo goiano, eu votaria no Ronaldo Caiado”, declarou Ciro na ocasião.
Análise
Doutor em Ciência Política, Robert Bonifácio acredita que neste ano Ciro Gomes não deveria ter entrado na disputa à presidência. Ele explica que o candidato, apesar de se esforçar em abarcar pautas de direita, é um dos grandes líderes da centro-esquerda. Nesse campo, ele cita que o ex-governador do Ceará tenta tirar votos de Lula, o que é muito difícil. “Vai sair menor do que entrou.”
Para Robert, 2018 poderia ser a grande eleição da vida do pedetisata. Contudo, ele foi “sabotado” pelo PT, explica o cientista político. “Lula estava preso e ele era o único que venceria Bolsonaro no segundo turno, conforme as pesquisas. Com a volta do ex-presidente, ele fica com menos espaço com o eleitor da centro-esquerda.”
Questionado sobre a estratégia de ataques ao ex-presidente, Robert vê como correta. “O alvo é mesmo o Lula, uma vez que dividem o mesmo eleitorado.” Ainda assim, ele entende que esta não funcionou e não irá funcionar. “O voto do petista é muito cristalizado. Figura na política nacional desde 1989”, explica.
Já em relação a grupos que pedem a retirada de candidatura de Ciro, o analista classifica o movimento como “lamentável”, especialmente por partir de grupos que se dizem democratas. Contudo, a estratégia de “voto útil” ele considera parte do jogo. “Ciro também fez em 2018. Mas não é problema ele manter a candidatura ou Tebet, assim como o eleitor votar neles.”