Ascensão bolsonarista impõe dificuldades em eventual governo Lula

Se reeleito, presidente terá um Congresso mais alinhado aos seus ideais e propostas. Lula, por sua vez, deve intensificar diálogo para conseguir apoio

Postado em: 05-10-2022 às 07h00
Por: Felipe Cardoso
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Se reeleito, presidente terá um Congresso mais alinhado aos seus ideais e propostas. Lula, por sua vez, deve intensificar diálogo para conseguir apoio | Foto: Reprodução

Com a divulgação do resultado das urnas na noite do último domingo (2/10), não restam dúvidas de que o bolsonarismo ainda impera no País. Na contramão das pesquisas de intenção de voto, não apenas o presidente mostrou força como também provou uma habilidade inesperada que passa pela efetiva transferência de votos. A ampliação da ala bolsonarista no Congresso foi, sem dúvidas, um dos fatores que mais chamaram atenção. 

Metade dos estados brasileiros também elegeram novos representantes para os governos locais já em primeiro turno. Boa parte deles, bolsonaristas. Outra parte significativa dos apoiadores do presidente nos estados foi ao segundo turno e podem terminar eleitos no próximo dia 30 de outubro. 

Mas o protagonismo ficou mesmo com o Congresso. Isso porque os partidos que ocupam o famoso centrão ganharam ainda mais força. Em especial, o PL, partido do próprio presidente, União Brasil (que é resultado da fusão do antigo partido de Bolsonaro, o PSL, com o DEM) e até o PP. O bloco intitulado de centro vai ocupar 47% das cadeiras da Casa. A leitura nos bastidores é de que o grupo será decisivo para garantir a governabilidade do próximo presidente. 

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A eleição de uma ampla bancada de lideranças aliadas ao presidente é o que coloca em cheque a governabilidade de um eventual governo Lula. 

Ainda no campo dos grandes players, Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato do presidente ao governo paulista, foi um dos que mais surpreendeu o eleitorado. Também na contramão do recorte dos institutos de pesquisas, Tarcísio superou com folga os números do petista Fernando Haddad que briga pela mesma cadeira. 

“Fizemos uma análise. Essa eleição mostra a força do bolsonarismo. Veja o meu resultado. A gente percebe uma característica liberal no Estado. Percebemos a força do presidente e acabou, na minha opinião, desfazendo algumas previões ruins para ele”, disse o candidato em entrevista coletiva logo após o resultado das urnas. 

O candidato ainda lembrou, ao comemorar e comentar os números, da eleição de outros players bolsonaristas importantes. Dentre eles, citou Damares Alves e Marcos Pontes, ambos eleitos para o Senado. 

Em Goiás, a vontade dos eleitores também surpreendeu gregos e troianos. Wilder Morais (PL), candidato do presidente, desbancou o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) na corrida pela única vaga à Casa Alta. 

Morais, assim como a maioria dos bolsonaristas Brasil afora, também obteve um resultado na contramão das pesquisas. Em solo goiano, Perillo figurou a todo momento como favorito dos goianos. Mas terminou bem aquém disso.

Com 97,29% das urnas apuradas, Wilder registrava 25,37% dos votos válidos nas eleições do último domingo. Ao todo foram quase 800 mil votos. Na esmagadora maioria das pesquisas o candidato figurava na terceira colocação. Mas durante o pleito, conseguiu virar jogo. Ele foi senador entre 2012 e 2019 e tende, inclusive, a figurar como um dos fiéis escudeiros de Jair Bolsonaro em caso de reeleição.

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