Ex-governador não se intimida com novos desafios

Sua trajetória mostra que o provável novo secretário de Segurança Pública de Goiás não se intimida frente aos desafios e tem preparo, vocação e visão necessárias para tomar decisões complexas

Postado em: 27-01-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Sua trajetória mostra que o provável novo secretário de Segurança Pública de Goiás não se intimida frente aos desafios e tem preparo, vocação e visão necessárias para tomar decisões complexas

Engenheiro de formação, Irapuan Costa Júnior é um homem que conhece as engrenagens da política e da máquina pública. Sua trajetória mostra que o provável novo secretário de Segurança Pública de Goiás não se intimida frente aos desafios e tem preparo, vocação e visão necessárias para tomar decisões complexas.

Nascido em dezembro de 1937, formou-se em engenharia civil pela Escola Nacional de Engenharia (atual Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Especializou-se em estruturas e estudou física atômica e nuclear. Iniciou sua carreira como calculista das Centrais Elétricas de Goiás (Celg), onde, por sua competência técnica, chegou à presidência.

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Sua carreira política começa oficialmente em 29 de agosto de 1973, quando assume a Prefeitura de Anápolis por indicação do então governador Leonino Caiado. Daí para o governo do Estado foi um pulo: no ano seguinte, com apoio do presidente nacional da Arena (Aliança Renovadora Nacional), Petrônio Portela, consegue unir as alas de Leonino Caiado e Otávio Lage e é eleito governador pela Assembleia Legislativa.

Antes da posse, prepara-se para fazer a diferença. Em entrevista publicada em abril de 2014 no Jornal Opção, conta: “Fiz um plano de governo. Trouxe profissionais da Fundação Getúlio Vargas e pus em contato com um grupo de pessoas mais experimentadas de Goiânia. Trabalhamos uns três ou quatro meses nesse plano e fizemos levantamentos por todo o Estado, que naquela época incluía também a área que hoje é Tocantins”.

O espírito planejador e visionário, avesso ao improviso e à inconsistência, revela-se também em outro trecho. Quando perguntado sobre quem admira, aponta os ex-presidentes Juscelino Kubistchek e Ernesto Geisel: “Geisel e Kubistchek tinham uma preparação que nenhum outro presidente teve. Fizeram governos planejados e com visão de futuro. Hoje, não se planeja”.

O planejamento e a visão de Irapuan deixaram como heranças, entre outras obras e avanços administrativos, a criação de incentivos fiscais e a implantação do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), o transporte de massa na capital a partir de projeto do urbanista Jaime Lerner (mais tarde governador do Paraná) e a eletrificação do Vale do Araguaia.

Irapuan é lembrado comumente como “homem do regime militar” e “linha dura”. Mas, assim como na escolha de suas referências políticas, sua biografia mostra um personagem complexo: um homem de ideais e convicções, capaz de apontar erros e acertos de aliados e adversários e consciente do momento histórico.

Em entrevista ao Popular publicada em maio de 2017, aponta como momento marcante de sua trajetória – e autodefinidor – o confronto entre a linha dura do Exército (liderada pelo general Silvio Frota) e a linha que promovia abertura (liderada por Geisel). “Em Goiás, o representante da linha dura era um homem da minha estreita confiança, o capitão Marcus Fleury, e eu devo muito a ele por ter chegado ao governo de Goiás. Era um auxiliar correto, honesto. Mas nos separamos por causa da visão política, ele representava a linha dura e eu representava a vontade de abertura”.

Pela Arena, governa o Estado até janeiro de 1979. Em novembro de 1980, filia-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Integra o grupo que defende as candidaturas de Iris Resende ao governo de Goiás e Mauro Borges ao Senado nas eleições de 1982. Concorre à Câmara dos Deputados e é eleito no voto popular pela primeira vez.

O homem que apoiara o regime militar cerra fileiras pela democracia. Em 1984, vota a favor da Emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para presidente da República. A medida acaba derrotada, mas a luta prossegue e culmina na eleição indireta de Tancredo Neves contra Paulo Maluf, agora candidato do regime. Tancredo falece, Sarney assume.

Em 1986, concorre a uma vaga de senador constituinte na chapa de Henrique Santillo. É consagrado nas urnas com mais de 800 mil votos. 

Na vida privada, casou-se com a hoje senadora Lúcia Vânia Abrão Costa (PSB), com quem teve três filhos. Foi professor da Escola de Engenharia da Universidade Católica de Goiás e da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Goiás e empresário do setor de construção civil. 

Decepção com a política atual 

Irapuan Costa Júnior se diz decepcionado com a política atualmente, tanto quanto qualquer brasileiro. “Quando passei pelos meus mandatos havia um respeito bem maior com a coisa pública. No Senado, não admitiríamos um nome como o de Renan Calheiros presidindo a Casa”, afirmou ele em entrevista ao jornal O Popular publicada em maio de 2017.

Foi mais longe: “Nenhuma composição das atuais forças políticas vai representar o desejo do povo brasileiro de ver uma purificação, um Congresso mais honesto, um Executivo mais respeitador do dinheiro público e um Judiciário menos protagonista dentro dos acontecimentos”. Para ele, o grande problema do Brasil hoje é justamente que não há uma liderança capaz de comandar o País no momento difícil que atravessa. 

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