“O agro não deve ser associado aos desmatadores”, defende Ênio Fernandes, professor da FGV

Na visão do especialista, quem estabelece esse tipo de vínculo denigre um dos melhores negócios do País, “a mola propulsora do Brasil"

Postado em: 25-10-2022 às 08h15
Por: Felipe Cardoso
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Na visão do especialista, quem estabelece esse tipo de vínculo denigre um dos melhores negócios do País, “a mola propulsora do Brasil”. | Foto: Reprodução

O programa Face do Poder, do grupo O HOJE, recebeu o engenheiro agrônomo e professor executivo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Ênio Fernandes, para um bate-papo sobre o protagonismo do agronegócio e a polarização política no Brasil. Fernandes, vale lembrar, é também consultor de mercado, dirigente classista e empresário rural. Durante a entrevista, encabeçada pelo jornalista Wilson Silvestre, o especialista pôde desmistificar algumas ‘falácias’ vinculadas ao setor, bem como explicar o sentimento desses profissionais em relação às eleições que se aproximam. 

O primeiro questionamento do jornalista diz respeito ao protagonismo da bancada ruralista nas eleições deste ano. O agronegócio, que se revelou a mola propulsora da Economia, especialmente em tempos de coronavírus, ampliou seu protagonismo político no decorrer dos últimos anos. Ao ser indagado sobre o assunto, o professor disse encarar esse processo de transformação como um movimento natural. 

“O que está havendo, não só no agro, é uma politização maior da sociedade como um todo. O povo está mais inteirado quando o assunto é política. O Agro é parte dessa sociedade que agora discute política em todos os locais. Antigamente se discutia outros assuntos. Acho que no final das contas isso é muito bom. Um país para evoluir, precisa discutir e escolher seus direcionamentos políticos. É um caminho natural que estamos passando, com alguns sofrimentos, claro, mas não é do dia para a noite que se transforma uma sociedade. Penso que somos atores vivos de uma história que está sendo escrita agora”, explicou. 

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Ênio também foi contestado sobre a polarização entre o ex-presidente Lula e o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. Há, nos bastidores do agronegócio, uma preferência majoritária pela continuidade da gestão bolsonarista, especialmente em função das falas recentes do petista contra o setor. Questionado sobre o comportamento do setor caso o ex-presidente seja eleito em 30 de outubro, o empresário chamou atenção para as incertezas ainda prevalentes em um eventual governo esquerdista. 

“Se olharmos para o passado na tentativa de entender o futuro, ele [Lula]  tinha um discurso duro, mas depois da carta aos brasileiros, em que ele amenizou a questão, terminou vitorioso na disputa. Inclusive fez, durante os primeiros anos, uma gestão ortodoxa, tanto que pegou o [Henrique] Meirelles como símbolo maior do capitalismo e o colocou para dirigir sua área economia. Sobre esse novo Lula que está vindo, não sabemos. Está com mais de 70 anos, passou um período preso e rescindiu muito em relação ao quesito corrupção. Não temos uma foto clara de como será o cenário”, explicou. 

Em outro trecho ele considerou que, caso o ex-presidente sinalizasse em que ocuparia alguns ministérios estratégicos, poderia haver um entendimento mais claro do cenário. “No momento estamos apenas especulando, haja vista que ele não deu sinal nenhum sobre isso. Fica difícil ler alguma coisa”. E continuou: ‘“O que espero é que qualquer um que assumir entenda a importância do agro na economia do país, a importância do respeito à propriedade privada, ao empreendedorismo e ao livre mercado. Se tivermos isso, teremos também um caminho para o futuro garantido. Agora, se tivermos devaneios, como já ocorreu em outros países, perdemos oportunidades de crescimento. É com esperança que eu acredito que o Lula, caso eleito, não será tão agressivo como fala”. 

Ao comentar os índices de desmatamento constantemente explorados nos discursos da esquerda, disparou: “Temos que entender que quem desmata são os criminosos, não os produtores. Os  produtores são os mais responsáveis ambientalmente do mundo. Temos uma das legislações mais restritivas do mundo. Se não for a mais restritiva, está entre elas. Temos a maior área de plantio direto do mundo, a maior área de preservação nas grandes economias produtoras, o índice de produtividade só cresce, ficando muito acima do crescimento de abertura de áreas, inclusive”, argumentou. 

“Nós só utilizamos 7% do território nacional. O agro é extremamente responsável e tenho certeza que não existe nenhuma nação do mundo que produz alimento respeitando o meio ambiente como o Brasil produz na escala em que se produz. O agro não deve ser associado aos desmatadores. Esses são grileiros e precisam ser punidos. Quem faz essa associação denigre um dos melhores negócios do País, denigre a mola propulsora do Brasil. Não estão, com isso, prejudicando o agro, estão prejudicando a Nação em geração de emprego, renda e impostos.

Para acompanhar os demais assuntos debatidos com o especialista basta acessar o canal O Hoje News, no YouTube. 

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