Sindicato dos Jornalistas pede inquérito contra vereador Kleybe por agressão a imprensa 

Sindjor protocolou pedido para que a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Goiânia instale inquérito para investigar o vereador Kleybe Morais (MDB) por agressão a jornalista no começo do mês

Postado em: 27-10-2022 às 06h45
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Sindicato dos Jornalistas pede inquérito contra vereador Kleybe por agressão a imprensa 
Sindjor protocolou pedido para que a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Goiânia instale inquérito para investigar o vereador Kleybe Morais (MDB) por agressão a jornalista no começo do mês | Foto: reprodução

O Sindicato dos Jornalistas de Goiás (Sindjor) protocolou um pedido para que a Comissão de Ética da Câmara Municipal de Goiânia instale inquérito para investigar o vereador Kleybe Morais (MDB) por agressão a jornalista no começo do mês. O documento é assinado pelo presidente do Sindjor, Cláudio Curado, que classificou a ação do parlamentar como “lamentável”.

“O Sindicato, diante da gravidade da lamentável ação do vereador, veio à Câmara e protocolou o pedido de abertura de inquérito, que foi lido pelo vereador Mauro Rubem (PT), e respondido pelo presidente da Comissão de Ética, Anselmo Pereira (MDB). Anselmo disse que irá proceder de forma imediata à abertura do inquérito, quando o documento chegar às mãos dele”, afirmou Cláudio que esteve na Casa de Leis na quarta-feira (26).

Vale lembrar, em 5 de outubro o parlamentar, sem citar nomes, afirmou que se fosse “dono” do Poder Legislativo, não permitiria que alguns profissionais da imprensa frequentassem o Parlamento. “Toda área tem gente que presta e gente que não presta. Na imprensa é da mesma forma. Sou amigo da maioria dos repórteres. Mas não mexe comigo não”, disse ao proferir a primeira das várias ameaças que ainda viriam. “Respeito a todos e não interfiro no trabalho de ninguém. Não me importa se é católico, crente, hétero ou homossexual. Não me importa. Mas jornalista precisa respeitar vereadores dessa Casa.”

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Ele prometeu, na sequência, que se jornalistas forem à Câmara para fazer “caricatura e chacota” dos vereadores, iria “pôr para moer”. “Não vou aceitar bandido da imprensa vir pautar a Câmara e os vereadores. Vou para cima e vou na goela. E para quem sabe ler, um pingo é letra. Vem para cima de mim que vai voltar do mesmo jeito. Não me importa se é hétero ou gay, se é bicha ou é homem.”

Kleybe ainda disse em sua crítica à imprensa que a Câmara não é lugar de bandido e nem lugar de malfeitor. “Nem de pessoas que querem se promover subindo nas costas dos outros. Repito: vem fazer caricatura, chacota, vai voltar com o rabinho entre as pernas. Entenda como ameaça”, frisou para reforçar a ameaça antes de devolver a palavra.

Logo após a fala na tribuna, o vereador foi até o jornalista José Bonfim e continuou a briga na ala da imprensa. O jornalista disse não saber as razões da agressão. Naquele momento, a Câmara Municipal informou que instauraria um procedimento para apurar o pronunciamento. 20 dias após o ocorrido, o caso ainda não avançou na casa. 

Já naquele momento, o Sindjor repudiou a fala do vereador e o assunto foi amplamente repercutido na imprensa. Dias depois, Kleybe se manifestou sobre o caso. O parlamentar saiu na contramão dos colegas que lamentaram o discurso de ódio e basicamente reforçou o pronunciamento do dia anterior. “Não estou aqui para fazer política de boa vizinhança com ninguém, nem com a imprensa”, discursou em um dos trechos.

O emedebista ressaltou, ainda, que é a favor da imprensa e que até tem “amigos de infância que são jornalistas”. “Eu não citei o nome de nenhum jornalista. Mas se algum jornalista sério, honesto, que propague a verdade, se sentiu ofendido, prejudicado, a esses eu peço desculpa. A imprensa boa, honesta, que propaga a notícia de fato, tem toda a minha admiração.”

Documento do Sindjor

No documento que o Sindjor apresentou à Câmara e que pede a instalação de inquérito, o sindicato afirma que “a um vereador cabe fiscalizar o poder Executivo e legislar. E ainda dar explicações sobre eventuais desvios ocorridos em seu gabinete. Se acreditar serem inverídicas as informações, te o direito de buscar na Justiça os devidos reparos, mas jamais usar de violência e ameaças para tal”.

E ainda: “Em razão destas agressões injustificadas e inaceitáveis e que mancham a história desta Casa democrática, este Sindicato vem a Vossa Senhoria, solicitar que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal proceda a imediata instalação de inquérito para apurar o condenável episódio.”

O texto foi entregue ao presidente da comissão, Anselmo Pereira. O vereador declarou que “esse procedimento não ficará sem ser apreciado”. Disse, ainda, que Kleybe terá direito ao contraditório, mas afirmou que o colegiado sempre dá andamento às denúncias. 

Destaca-se, contudo, que outro caso envolvendo Kleybe – sobre venda de diplomas que ocorria no gabinete dele, conforme denúncia do Jornal O Hoje – ainda não teve conclusão. Há, ainda, outro caso sem solução: Trata-se de um esquema de “rachadinhas” envolvendo o vereador Paulo Henrique da Farmácia. O caso, assim como os demais, aguarda o desenrolar da Comissão. Ambas as irregularidades foram apuradas e denunciadas com exclusividade pelo O HOJE. 

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