Demissão em massa feita pelo Paço não surpreende vereadores

Ao menos 2 mil nomes foram demitidos, conforme publicado pelo Diário Oficial de quarta-feira

Postado em: 27-10-2022 às 15h35
Por: Yago Sales
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Ao menos 2 mil nomes foram demitidos, conforme publicado pelo Diário Oficial de quarta-feira. | Foto: Reprodução

O clima na sessão da Câmara de Vereadores desta quarta-feira (26) parecia tranquilo quanto à exoneração em massa de comissionados da prefeitura de Goiânia pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos). “Parece que o prefeito ouviu o clamor do senhor”, disse o vereador Anselmo Pereira (MDB).  

A frase foi endereçada ao vereador Anderson Bokão (PRTB) que elogiou o ato administrativo: “Eu vejo um desespero na cidade de Goiânia sobre a exoneração. Tem muitas boas pessoas que prestam um bom trabalho, mas, porém [sic] é o momento do prefeito separar o bom do ruim. Tem gente que atrapalha”, diz e emenda: “tem uns lá que não deveriam estar lá, principalmente da região leste. É separar o joio do trigo”. 

Anselmo, que no dia anterior à publicação do diário oficial esteve com Cruz em três eventos. “Vossa excelência pode ter certeza absoluta que a retidão e o espírito de solidariedade e de companheirismo do nosso prefeito”, também Anselmo disse a Bokão. 

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Outros vereadores, no entanto, permaneceram em silêncio na sessão. Nos bastidores, no entanto, alguns parlamentares não gostaram nada de ter aliados, muitos dos quais cabos eleitorais durante os processos eleitorais, não gostaram, mas, como a reportagem apurou, a decisão de exoneração foi um acerto para dar protagonismo aos vereadores da base, no caso, 22 atuais. 

A ideia de exoneração de maneira exagerada é evitar desgaste, como ocorreu em pelo menos duas ocasiões, quando as vereadoras Aava Santiago (PSDB) e Luciula do Recanto (PSD) acusaram a gestão de Cruz de perseguição. 

Conforme revelado pelo repórter do jornal O Hoje Felipe Cardoso, depois que Luciula criticou a não liberação de R$1,5 milhão para construção de um centro de educação animal – e de ter usado a tribuna para criticar Cruz -, nove indicados pela parlamentar foram afastados.

Na tribuna, ela apontou seu descontentamento: “São mais de dois anos solicitando esse recurso e nada de o prefeito tomar decisão. Tenho vergonha da administração dele. Ademais, não toma nenhuma medida para o Hospital Veterinário, ampliação da vacinação, distribuição de medicamentos. Infelizmente, jogou baixo quando demitiu nove pessoas ligadas ao meu gabinete”. 

Em seguida, a vereadora afirmou que Rogério Cruz agiu como “ditador” e “perseguidor”. “Isso não me atingiu, mas apenas pessoas que são punidas por uma perseguição inominável. Serei, portanto, a partir de agora, ferrenha oposição ao senhor prefeito. Sou vereadora da causa animal. Exijo respeito. Ele não vai calar minha boca”, disse ela. 

Como também publicou a reportagem do jornal O Hoje, houve remanejamento de servidores de cargos de confiança da vereadora Aava Santiago, inclusive na Câmara. Como é o caso de uma professora. Cada vereador tem direito a lotar dois servidores do Paço em seu gabinete na Câmara Municipal. A investida em relação às profissionais ligadas à tucana vem na esteira da exoneração de cargos comissionados indicados pela vereadora Luciula do Recanto.

Na época, Aava disparou, sobre o remanejamento das servidoras: “Nem o Paulo Garcia (PT) [ex-prefeito de Goiânia] que apanhou muito da Câmara teve esse tipo de comportamento. O prefeito deve estar descontente com a derrota da Thelma Cruz [esposa do gestor que perdeu a disputa por uma cadeira na Assembleia Legislativa no último domingo (2/10)]”. 

Ao justificar a declaração, a tucana explicou que tem posição “bem definida”. Ela acrescentou que os colegas respeitam suas convicções a ponto de não tentarem convencê-la a apoiar uma determinada candidatura por conveniência. “Penso que a prefeitura esperava que eles [os vereadores] viessem para cima de mim, mas todos me respeitam. Enquanto isso, o prefeito tenta me retaliar tirando a única coisa que tenho do Paço”, resumiu.

Em nota encaminhada à imprensa, a gestão Rogério Cruz afirmou que “as exonerações referem-se à parte dos servidores que ocupavam funções comissionadas, e integra reorganização administrativa que prevê remanejamento ou retorno de alguns profissionais aos cargos” e que “Atualmente, o município dispõe de cerca de 35 mil servidores ativos, cujas atuações ocorrem de forma integral”.

Ainda de acordo com a nota, “nenhum ato legal da Prefeitura de Goiânia fica comprometido com a medida, visto que não houve exoneração de titular de nenhuma pasta, servidor legitimado para praticar todos os atos necessários. Ademais, os servidores efetivos continuam a cumprir com suas competências regimentais”.

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