Tribunal derruba liminar que impedia exportação de bois vivos

Decisão vem depois de denúncia do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal de que a exportação de carga viva estaria sendo feita com “extremo abuso aos animais”

Postado em: 05-02-2018 às 12h20
Por: Victor Pimenta
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Decisão vem depois de denúncia do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal de que a exportação de carga viva estaria sendo feita com “extremo abuso aos animais”

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) cassou, na
noite desse domingo (4), a liminar que impedia a exportação de mais de 25 mil
bois vivos para a Turquia. A proibição foi determinada pela 25ª Vara Cível
Federal de São Paulo, após uma inspeção técnica ter apontado as péssimas
condições em que os animais estavam sendo transportados. A denúncia de que  a exportação de carga viva estaria sendo
feita com “extremo abuso aos animais” foi feita pelo Fórum Nacional de Proteção
e Defesa Animal.

A empresa Minerva Foods era responsável pelos bois, que
estavam no navio de bandeira panamenha MV Nada. A decisão de suspender a
exportação da carga foi tomada pelo Juiz federal Djalma Moreira Gomes. A
liminar estendia a decisão a todos os portos do país e determinava o
desembarque e o retorno dos animais ao local de origem.

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Diante da decisão da 25ª Vara, a Advocacia-Geral da União
entrou com recurso no qual pedia a suspensão da liminar e a liberação da carga
para seguir viagem até o destino final, na Turquia. Na noite de ontem, o
desembargador do TRF3 Fábio Prieto derrubou a liminar e autorizou que o navio
deixasse o Porto de Santos, onde estava atracado.

“Tendo em vista que, encontrando-se completamente
embarcada a carga viva e impossibilitada a limpeza do navio no Porto de Santos,
por questões ambientais (para não contaminar a costa brasileira), a permanência
no navio aguardando os procedimentos de reversão, que sequer encontram-se
programados, provocará maior sofrimento e penoso desgaste aos animais do que o
prosseguimento da viagem”, disse o desembargador em sua decisão.

Ainda segundo Prieto, os efeitos de uma decisão tomada por um
tribunal regional não podem ter abrangência nacional. Além disso, acrescenta,
“suspender liminarmente a partida de um navio carregado com mais de 25 mil
animais vivos” enseja “grave risco de lesão à agropecuária
nacional”, uma vez que havia a determinação para o desembarque e o retorno
dos animais às fazendas de origem.

Antes mesmo de chegar ao porto, o transporte desses animais
já havia sido criticado devido à sujeira que deixou ao longo do trajeto, quando
os animais ainda estavam em caminhões. Isso levou a prefeitura de Santos a
aplicar duas multas à empresa Minerva Foods – a primeira, de R$1,47 milhão,
“por irregularidades no transporte de carga viva”. Uma fiscalização já havia
constatado maus-tratos aos animais. De acordo com a prefeitura, a empresa
também infringiu o Código de Posturas ao despejar dejetos animais em via
pública, o que resultou na contaminação da rede de drenagem.

Outra multa, de R$ 2 milhões, foi aplicada na sexta-feira (2)
pela prefeitura à mesma empresa, por poluição atmosférica, “causando
desconforto respiratório e olfativo à população da região central, do Valongo
[bairro próximo ao centro e à região portuária] e adjacências”.

Em nota, a advogada-geral da União, Grace Mendonça, disse que
a decisão que derrubou a liminar que impedia a embarcação de deixar o porto
“restabelece a segurança jurídica e preserva a saúde pública e o bem-estar dos
animais”.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, também comentou o
caso nesse domingo, após reunir-se com o presidente Michel Temer, no Palácio do
Jaburu, em Brasília. Segundo ele, o episódio é um “problema sério” para o país.
“Há um mercado livre bem competitivo no mundo. E o Brasil participa muito
fortemente. Infelizmente, nesse embarque por Santos, houve interferência da
Justiça, por ação de organizações não governamentais, que afirmam que os
animais não estão sendo bem tratados”, disse o ministro.

Para Maggi, será necessário discutir mudanças nas condições
de exportação de bovinos vivos, o que deverá ocorrer em um segundo momento, a
fim de evitar prejuízos financeiros e malefícios para os próprios animais.

 Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/Notisul)

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