Estratégia do Paço pode esvaziar base na Câmara

Uma base inchada, avalia um dos consultados, dificulta o “atendimento satisfatório” das demandas e cargos

Postado em: 02-11-2022 às 07h00
Por: Felipe Cardoso
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Uma base inchada, avalia um dos consultados, dificulta o “atendimento satisfatório” das demandas e cargos | Foto: Reprodução

Nos corredores da Câmara e do Paço Municipal ainda circulam informações sobre a exoneração em massa promovida, na semana passada, pela gestão Rogério Cruz (Republicanos). Agora, porém, com um fato novo. Fontes do alto escalão atestam que o prefeito tem buscado, em paralelo, enxutar o número de vereadores da base para contemplar de maneira “mais ampla” os que permanecerem. 

Com a saída de Santana Gomes (PRTB) — o parlamentar foi afastado em função do descumprimento da cota de gênero, pelo partido, na eleição de 2020 — restou à oposição apenas três membros dentre os 35 vereadores: Aava Santiago (PSDB), Lucíula do Recanto (PSD) e Mauro Rubem (PT). A base inchada, avalia um dos consultados, dificulta um “atendimento satisfatório” das demandas e cargos. 

“O ideal seria manter 14 parlamentares em uma espécie de núcleo duro. Outros 10 como gordura. Com 24 na base, Rogério garante uma estrutura suficiente. Mas é importante que sejam pessoas alinhadas e dispostas a defender o governo em matérias importantes”, avalia, em off, uma das fontes.

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Algumas das intenções com a mexida já foram reveladas em reportagens publicadas pelo O HOJE. Uma delas passa pelo desejo do prefeito em conhecer “quem é quem” na administração municipal. Isso porque o famoso ‘grupo de Brasília’ e outros players políticos como João Campos e Jeferson Rodrigues, presidentes do Republicanos em Goiás e Goiânia, respectivamente, desembarcaram da gestão deixando para trás diversos indicados.

“A vontade do Rogério é a de simplesmente conhecer profundamente a composição da prefeitura. Todos esses [do grupo], os membros do Republicanos e até os vereadores contam com muitas indicações. São nomes e cargos que ao longo dos últimos anos fugiram do controle do prefeito que, agora, quer reverter isso”, explicou um dos consultados. 

A demissão em massa, vale lembrar, resultou na exoneração e dispensa de cerca de 2,1 mil servidores de cargos variados. As “liberações” constam no decreto nº 4.231. Pelo documento, quase 700 servidores foram dispensados e outros 1500 exonerados de suas funções. Dentre eles, secretários executivos, assessores especiais, técnicos, diretores, gerentes, jornalistas, chefes de gabinete, subprocuradores e outros. 

Em nota encaminhada à imprensa, a gestão Rogério Cruz afirmou que “as exonerações referem-se à parte dos servidores que ocupavam funções comissionadas, e integra reorganização administrativa que prevê remanejamento ou retorno de alguns profissionais aos cargos” e que “atualmente, o município dispõe de cerca de 35 mil servidores ativos, cujas atuações ocorrem de forma integral”.

Ainda de acordo com a nota, “nenhum ato legal da Prefeitura de Goiânia fica comprometido com a medida, visto que não houve exoneração de titular de nenhuma pasta, servidor legitimado para praticar todos os atos necessários. Ademais, os servidores efetivos continuam a cumprir com suas competências regimentais”, finalizou.

Hoje, a relação entre Paço e Câmara não é boa. Em raríssimas ocasiões um vereador usa a tribuna para defender a gestão encabeçada por Rogério Cruz. Em paralelo, as queixas contra a administração são recorrentes, inclusive, por parte dos vereadores da base. A principal delas passa, por exemplo, pelo cumprimento das emendas impositivas. 

Em on, poucos falam abertamente sobre o assunto. Temem retaliação. Em off, porém, a insatisfação é generalizada.

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