Vereadores querem mais protagonismo na escolha do novo secretariado
Pressão aliada ao clima de tensão entre Paço e Câmara tende a forçar Rogério Cruz a dar mais ouvido aos desejos dos vereadores, especialmente no que diz respeito às indicações para secretarias de Governo e Relações Institucionais
Por: Luan Monteiro
Apesar das duras críticas das últimas semanas, bem como a ampliação da tensão no relacionamento entre Câmara Municipal e prefeitura de Goiânia, paira no ar uma espécie de “última esperança” entre os vereadores. O motivo para isso passa pela ‘limpeza’ promovida pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) nos quadros da administração.
Há duas semanas, vale lembrar, uma canetada do prefeito garantiu a exoneração de mais de 2 mil comissionados e, com isso, veio uma nova oportunidade não apenas de atender as reivindicações daqueles que compõem a Casa de Leis, mas de promover outras mudanças. Se o prefeito de fato fará conforme o esperado, é outra história. O fato é que enquanto não finaliza o processo de recondução aos cargos, muitos nutrem expectativas positivas em relação às indicações que estão por vir. Em paralelo, a pressão para que o prefeito tome a decisão mais ‘assertiva’ já tem sido notada.
No decorrer dos últimos dias, vale lembrar, o prefeito tentou, por inúmeras vias, promover uma pacificação em sua relação com os vereadores. Na tentativa de convencê-los de que tudo será acertado, chegou a se comprometer com a liberação das emendas impositivas o quanto antes.
A liberação das emendas, por sinal, tem sido uma das grandes pedras no sapato de Rogério. O assunto tem, cada vez mais, dificultado o relacionamento do prefeito com o Legislativo, haja vista que as duras cobranças partem não apenas dos parlamentares da oposição, mas também da base.
Na tentativa de pôr panos quentes no assunto, fontes do alto escalão atestam que o prefeito teria se comprometido, inclusive, com a substituição da titular da Secretaria de Relações Institucionais, Valéria Pettersen. A titular é alvo constante dos ataques dos vereadores. Em resumo, ela é acusada de “segurar as emendas”, além de ser avaliada como “nada receptiva”. “Não recebe a gente, não atende os nossos telefonemas, não retorna nossas mensagens. Vereador e nada para ela é a mesma coisa”, disse, em off, um dos vereadores — da base — consultados pela reportagem.
Recentemente o prefeito também recuou em uma possível indicação para o comando da Secretaria Municipal de Governo (Segov). O nome convidado foi o do ex-secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda. A decisão unilateral passou longe de ser bem recebida pelos vereadores que, internamente, prometeram iniciar um processo de fritura do prefeito caso Miranda assumisse.
Diante do recuo, os vereadores nutrem agora a expectativa de terem uma posição mais ativa no processo de escolha desses nomes. Os parlamentares também se mostram esperançosos em terem seus cargos reconduzidos à gestão municipal. Esperam, inclusive, que tudo seja resolvido com o retorno de Rogério Cruz de sua viagem a Israel. Por falar nisso, o prefeito deve enviar à Câmara Municipal seu comunicado de licenciamento já nesta segunda-feira, 7. Romário Policarpo, presidente da Câmara e primeiro na linha sucessória, assume seu lugar. A estimativa é de que o prefeito fique fora por uma semana.
