A secretária Valéria Pettersen e a pressão de vereadores sobre Cruz

Titular da Secretaria de Assuntos Institucionais é pressionada a deixar pasta por falta de diálogo com parlamentares

Postado em: 09-11-2022 às 09h05
Por: Yago Sales
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Titular da Secretaria de Assuntos Institucionais é pressionada a deixar pasta por falta de diálogo com parlamentares. | Foto: Fernando Leite

A queda de braço entre vereadores da Câmara Municipal de Goiânia, sobretudo da base do prefeito Rogério Cruz (Republicanos), ganhou contornos mais suntuosos com a ida do chefe do Executivo para uma viagem a Israel. A licença, diz um dos parlamentares, servirá para Cruz tomar uma decisão: a substituição da secretária de Relações Institucionais, Valéria Pettersen. 

O prefeito, no entanto, não deve dar o braço a torcer. Um dos nomes mais respeitados – e mais próximos do chefe – do Paço, Valéria é vista – não pelos vereadores – como técnica, competente e sagaz no trabalho. Alheia à forma com que os vereadores têm tentado ganhar – no grupo – brigas com o Executivo, Valéria é exímia em mirar para os resultados da função da pasta. É o que o núcleo técnico da gestão Cruz afirma, principalmente na presença da primeira-dama, Thelma Cruz, que tem respeito recíproco pela titular. 

Petersen é vereadora silenciada de Aparecida de Goiânia. Do MDB que rachou com a saída do grupo da legenda de Daniel Vilela, a secretária é uma experiente no campo político-administrativo de uma gestão municipal. Fez parte da engrenagem dos governos de Maguito Vilela e Gustavo Mendanha na cidade à beira da capital. Expert em caçar recursos públicos e aplicá-los, encontrou alguns absurdos das emendas impositivas de vereadoras depois de passar um pente fino. Não por acaso, desagradou e se tornou alvo de críticas nos bastidores e em público. 

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Nas últimas semanas, no entanto, alguns parlamentares acenderam o barril de pólvora. O que aconteceu? A agilidade política e boa condução da pasta fez o favor de impedir a explosão, embora haja quem defenda que o melhor caminho para Petersen seria o caminho de volta para Aparecida e, quem sabe, ser vice de Vilmarzinho em 2024. A fonte: uma pessoa próxima ao prefeito de Aparecida, um lugar que vai se tornar um dos mais disputados nas próximas eleições municipais. 

Valéria não é dessas de dar o braço a torcer. E, com isso, dá de ombros para narizes torcidos, certamente obedecendo a critérios técnicos – frisa um vereador mais alinhado à sua gestão na pasta que Cruz lhe confiou – não deve ceder às vontades parlamentares. O preço deve ser mais protestos, com dedos em riste, ameaça de impedimento do curso da gestão de Cruz, que, lá longe, não deve nem estar se lembrando desse pepino. É o que pensa um vereador mais pessimista sobre uma possível promessa de Rogério de troca da titular da pasta. 

Em outubro, o repórter Felipe Cardoso trouxe uma das cobranças do plenário da Câmara, quando o vereador Ronilson Reis (Brasil 35) decidiu falar sobre o assunto. Ao discursar, direcionou para o líder do governo, Anselmo Pereira (MDB).

“Leve esta mensagem ao prefeito: gostaria de saber o que acontece com a secretária Valéria Pettersen. Essa ineficiente que gosta de enganar as pessoas, ludibriar. Quero saber o que foi feito das minhas emendas parlamentares, emendas impositivas que foram destinadas para reforma de postos de saúde e construção de uma base do SAMU [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] no Conjunto Vera Cruz”, questionou.

A reportagem do jornal O Hoje tentou contato com Valéria, mas ela não atendeu nem respondeu ao pedido de contato. A pergunta mais intrigante é como ela tem se articulado para se manter na pasta ou se ela tem o feito. Se há tranquilidade sobre as críticas e quais as respostas às demandas dos vereadores. Um deles até perguntou: “Que relação institucional é essa?”. O espaço do jornal permanece disponível para que a secretária se manifeste. 

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