Câmara de Goiânia: mais cadeiras, mais segurança aos veteranos

Um dos comentários que circula pelos bastidores diz respeito à tentativa de minimizar os riscos de não reeleição dos mandatários

Postado em: 08-12-2022 às 08h00
Por: Felipe Cardoso
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Um dos comentários que circula pelos bastidores diz respeito à tentativa de minimizar os riscos de não reeleição dos mandatários. | Foto: Reprodução

A Câmara Municipal de Goiânia aprovou, na manhã da última terça-feira (6/12), em primeira fase de discussão e votação o projeto de lei que amplia, de 35 para 39, o número de vereadores na capital. 

Em dezembro do ano passado, os vereadores até tentaram aprovar o mesmo texto, porém, cinco das treze assinaturas colhidas para que o processo tramitasse não foram identificadas. A polêmica criada acerca do assunto colocou fim ao clima necessário para que a matéria avançasse. 

Um ano depois, porém, o assunto volta à tona. Dessa vez, de maneira ainda mais objetiva, haja vista que o texto terminou aprovado por unanimidade na primeira fase. Todos os presentes votaram favoráveis ao texto — 29 vereadores. 

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Nos bastidores, são vários os comentários sobre o assunto. Em on, entusiastas justificam que a alteração se faz necessária diante do crescimento da população”. A ideia é que as demandas do município sejam representadas “da melhor forma possível” com a chegada dos novos vereadores. 

Em off, porém, um dos comentários que chama atenção passa pela tentativa de minimizar riscos. Em 2020, vale lembrar, a Casa de Leis contou com uma renovação de 60% do seu quadro de vereadores. Ao todo, somente 13, dos 35, foram reeleitos. Os três mais bem votados na capital foram, inclusive, novatos. 

Isaias Ribeiro, Luciula do Recanto, Bruno Diniz, Henrique Alves, Gabriela Rodart, Bessa, Ronilson Reis, Geverson Abel, Edgar Duarte, Aava Santiago, Paulo Henrique da Farmácia, Marlon, Pastor Wilson, Willian Veloso, Thialu Guioti e Léo José formaram o time de novatos desbancando grandes nomes da política goianiense.

Com a aprovação definitiva do texto, que só poderá ocorrer após o dia 16 de dezembro — por se tratar de uma alteração na Lei Orgânica do Município deve-se obedecer um interstício de dez dias entre a primeira e a segunda votação — o Parlamento ganhará quatro novos assentos, o que minimiza as chances de não reeleição dos veteranos em disputas futuras. 

Retrospectiva 

No final de 2021, O HOJE mostrou os bastidores desse assunto. À época, o que já circulava pelos corredores se tornou fato consumado quando em 16 de dezembro o vereador e 1° vice-presidente da Câmara Municipal, Clécio Alves (MDB), circulou pelo plenário em busca de assinaturas favoráveis ao início da tramitação.

Em áudio vazado pela TV Câmara durante a transmissão da Sessão Plenária daquela data, é possível observar o vereador conversando com um colega sobre a assinatura do documento que carregava em mãos. 

Ao se aproximar do vereador Sargento Novandir (Avante) e entregar o texto ao parlamentar, Clécio foi indagado: “O que é isso, meu irmão?”. A resposta veio na sequência: “Isso aqui aumenta para Legislatura quatro cadeiras de vereador e corrige os subsídios de acordo com a Constituição Federal”.

Apesar de na época figurar no portal da transparência como responsável por protocolar a matéria no Legislativo, o vereador Clécio Alves negou a autoria do documento. “Este não é e nunca foi um projeto meu, tanto que a minha assinatura não existe nele. Não posso ser autor de uma matéria que sequer assinei”, disse. 

Na mesma entrevista, a reportagem do O HOJE questionou o registro no portal oficial de informações e transparência do Legislativo goianiense. E recebeu como resposta: “Imediatamente pedi que fosse corrigido. Um grupo de vereadores apresentou esse projeto, não tem vereador A ou B, isso realmente foi uma falha da Câmara e já chamei atenção”.

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