Formação de alianças movimenta partidos

A campanha eleitoral ainda não começou, mas nos bastidores é intensa a movimentação dos pré-candidatos em busca de aliados para a disputa

Postado em: 03-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A campanha eleitoral ainda não começou, mas nos bastidores é intensa a movimentação dos pré-candidatos em busca de aliados para a disputa

Lucas de Godoi*


A campanha eleitoral deste ano ainda não está oficialmente nas ruas, mas nos bastidores são intensas as movimentações dos pré-candidatos ao governo do Estado na busca de aliados para a disputa. A formação de uma boa coligação é importante para o candidato ganhar terreno na política, pois garantem mais tempo na propaganda do horário eleitoral gratuito, mais cabos eleitorais em solo, além de benefícios no cálculo do quociente eleitoral – método usado para distribuir as cadeiras no Legislativo pelo sistema proporcional de votos.

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Mas se para os candidatos as alianças trazem benefícios, para o processo eleitoral o recurso pode ter influência negativa. “Essas coligações distorcem o processo eleitoral. O eleitor vota numa direção e elege noutra – vota num progressista e pode eleger um conservador”, exemplifica o cientista político Itami Campos sobre a formação de alianças eleitorais. 

Na disputa pelo cargo mais concorrido do Estado – o de governador -, estão pelo menos três pré-candidatos, com a possibilidade de se revelar mais um. Além do vice-governador Zé Eliton (PSDB), do deputado federal Daniel Vilela (MDB) e do senador Ronaldo Caiado (DEM), o PT pretende lançar nome próprio, já que as negociações com o MDB foram interrompidas. “A gente vê com muita dificuldade uma aliança com o MDB. Nosso projeto nacional é diferente, nós priorizamos quem declare apoio ao presidente Lula. Nós tiramos o encaminhamento, conforme a última reunião da executiva, de construir uma chapa majoritária”, pontuou a presidente do PT em Goiás, Katia Maria. 

Enquanto o apoio de Marconi Perillo é claro para Zé Eliton, o prefeito Iris Rezende (MDB) diz que seu candidato será o do MDB, mas trabalha para costurar o consenso entre Daniel Vilela e Ronaldo Caiado. A decisão será categórica para definir uma eventual chapa unificada de oposição. Enquanto as pesquisas indicam Ronaldo Caiado como favorito, Daniel Vilela conta com simpatia dos principais prefeitos do Estado e também é filho de uma das principais lideranças do MDB no Estado, o ex-governador Maguito Vilela. “Acredito na coligação entre o MDB e o DEM. É uma decisão vantajosa, porque uma eleição majoritária não é feita apenas de interesses pessoais, deve ser uma composição”, analisa Wilson Ferreira da Cunha, professor de Ciência Política e Antropologia da PUC Goiás. 

O pré-candidato democrata Ronaldo Caiado tem ido além e se reúne hoje com vereadores, na Câmara Municipal de Goiânia. “Tenho a con¬vicção de que os vereadores serão os elementos que vão formular a nova força política do processo eleitoral de 2018”, comentou Caiado anteriormente. De acordo com o site do parlamentar, seu projeto conta com o apoio de 12 siglas partidárias.  


Eliton prevê compor com até 20 partidos 

A campanha do vice-governador Zé Eliton (PSDB) deverá contar com a participação de aliados históricos do partido, como o PSB da senadora Lúcia Vânia. Mesmo que ainda não tenha concretizado as negociações, ela mencionou, após encontro com Eliton e Marconi Perillo na última quinta-feira, fazer parte da base. “O PSB nunca saiu da base. Estou na base há 20 anos. São 20 anos de parceria, de luta; de dias alegres e difíceis, mas estamos sempre juntos”, disse em entrevista. 

Zé Eliton respondeu na manhã de ontem que de acordo com as negociações de bastidores que tem realizado, na próxima eleição, a permanecer o cenário que está sendo discutido com todas as lideranças partidárias, deverá ter entre 18 e 20 partidos na coligação, calculou em entrevista à rádio Sagres 730. 

Como informado esta semana por O Hoje, existe a expectativa de o PROS também seguir com a chapa tucana. “Eu sou da base do governo, mas estou esperando definição. Partido depende de espaço e o PROS quer saber se vai ter espaço na composição estadual”, falou o presidente da comissão provisória estadual do partido e deputado Lincoln Tejota sobre possível acerto. “As coisas estão caminhando e tudo indica que devemos caminhar, sim, para uma aliança”, sinalizou.

Com a reaproximação do PSB, uma importante articulação ainda precisa ser construída. Trata-se da definição do PP, que tradicionalmente prioriza as candidaturas de deputados federais. Nas eleições de 2014, optou por apoiar a candidatura do PSDB. Já para este ano a negociação pode incluir o possível pleito à reeleição do senador Wilder Morais, que preside o partido no Estado. 

Mas Wilder faz acenos para composição também com outros pré-candidatos, no caso de não acerto com a base, possivelmente com o MDB. “Posso dizer que nosso diálogo encontra-se num estágio bem avançado. Eu e o senador Wilder Morais, que se revelou um parlamentar muito qualificado e de grande relevância para Goiás, temos discutido há vários meses a criação desta nova frente política no Estado e acredito que em breve teremos boas novidades”, falou ao O Hoje o pré-candidato Daniel Vilela. 

As conversas iniciais podem sofrer alteração conforme o processo eleitoral se avança, já que o apoio oficial geralmente depende do acerto de cargos públicos e outras barganhas. “Com esse grande número de partidos, os governos dependem de coalizões para governar, com certa maioria parlamentar. Daí as barganhas, as compras de apoio e a corrupção. Muitos partidos são formados nesta perspectiva”, alerta o cientista político Itami Campos. 


Unidade é desafio para oposição 

A oposição tem repetido muito o discurso de construção de uma chapa única, para ter mais chances de sucesso. É esta a recomendação do prefeito Iris Rezende, que deve se reunir com o senador Ronaldo Caiado e o deputado federal Daniel Vilela para tentar um acordo. “Essa definição vai depender de muita conversa. O entendimento é anterior ao embate, eu acredito que esse ano terá uma campanha mais suave”, prevê o cientista político Wilson Ferreira da Cunha sobre as campanhas com tempo e orçamento reduzidos. 

Caso opte por lançar chapa própria, o PT contará com apoio dos principais partidos de esquerda, de forma a se posicionar com mais solidez no Estado. Por enquanto, os diálogos ocorrem com pelo menos três legendas: PC do B, PDT e PSOL, contou Katia. “Vamos trabalhar para que a esquerda esteja unificada aqui em Goiás”, ressaltou sobre a necessidade de conquistar aliados. 

As principais cartas que o PT possui são os caixas reforçados – que contam com a maior fatia do Fundo Partidário – e também o maior tempo de televisão. Essas características podem servir para aproximar lideranças, especialmente com a chegada da chamada Janela partidária, um período legal para que deputados federais e estaduais mudem de partido sem serem penalizados. “Nós temos recebido algumas intenções de filiação e acho que não teremos nenhuma dificuldade com o quesito da janela”, contou à reportagem Katia Maria.  (*Especial para O Hoje) 


Caiado destaca papel dos vereadores no processo eleitoral 

Pré-candidato do DEM ao governo do Estado, o senador Ronaldo Caiado destacou a força dos vereadores junto à população. “Os vereadores lidam diretamente com os problemas de suas cidades e sabem quais são os anseios de seus moradores. Muitas pessoas criticam as pequenas siglas partidárias, mas se esquecem que as Câmaras são compostas em sua maioria por elas”, lembrou.

Neste sábado (3) o senador lidera encontro com vereadores na Câmara de Goiânia, a partir das 9 horas. Além dos vereadores, lideranças políticas de todo o Estado foram convidados para este evento que integra as ações da chamada frente de oposição Unidos para Mudar Goiás.


Caravanas

Os organizadores do encontro dizem que lideranças de todo o Estadose movimentaram na organização de caravanas para vir à capital discutir os projetos de mudanças para Goiás.

Caiado se mostra animado para o evento. “Teremos um grande encontro para discutir o momento político e a importância do Legislativo no cenário atual. Tenho a convicção de que os vereadores serão os elementos que vão formular a nova força política do processo eleitoral de 2018. Eles vão dar a musculatura política necessária para que os eleitores possam ter uma referência neste processo”, explicou Caiado durante visita à Câmara de Goiânia na última quinta-feira. 

Sobre a articulação de alianças para as eleições de outubro, Ronaldo Caiado diz já contar com o apoio de 12 siglas partidárias. O Partido da Mulher Brasileira, presidido por Rosi Guimarães, foi o último a entrar bloco, no último sábado (24/2), quando mais de duas mil pessoas estiveram presentes em Ceres.

 

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