Investigado na Operação Nabucodonosor doou à campanha de deputado estadual eleito

Issy Quinan Júnior, do MDB, recebeu R$ 2 mil do empresário Aroldo José de Souza, um dos alvos da operação que apura desvios públicos em Formosa e na Saneago

Postado em: 17-12-2022 às 08h00
Por: Yago Sales
Imagem Ilustrando a Notícia: Investigado na Operação Nabucodonosor doou à campanha de deputado estadual eleito
Issy Quinan Júnior, do MDB, recebeu R$ 2 mil do empresário Aroldo José de Souza, um dos alvos da operação que apura desvios públicos em Formosa e na Saneago. | Foto: MPGO

Um dos sete empresários alvos da Operação Nabucodonosor, desencadeada pelo Ministério Público (MP-GO) durante a manhã de sexta-feira (16), Aroldo José de Souza Júnior doou R$ 2 mil à campanha do deputado estadual eleito em outubro passado, Issy Quinan (MDB). O emedebista, que é administrador e agricultor, foi prefeito de Vianópolis entre 2013 e 2020. Ele foi eleito a uma das 41 cadeiras do Legislativo goiano com 47.453 mil votos, sendo o 4° mais bem votado. 

O empresário Aroldo José de Souza Júnior ainda doou a quinquilharia de R$ 1 à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) – o presidente perdeu o pleito para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Aroldo é um dos alvos de investigação do Ministério Público de desvios de recursos públicos em contrato firmado com a Prefeitura de Formosa e a Saneago. 

Os promotores querem, com a investigação, entender um suposto esquema de desvios milionários do erário em licitação por empresas ligadas a um grupo de sete empresários. Dois deles, Itamar Caetano Monteiro, conhecido como Piolho, e Milton Pereira Lopes, o Galo, estão foragidos. É que os investigadores não os encontraram em nenhum dos 15 endereços que foram alvo dos mandados cumpridos ontem. 

Continua após a publicidade

Além do doador à campanha do deputado eleito do MDB, de Piolho e Galo, são investigados os seguintes empresários, com seus respectivos apelidos: Marcus Vinícius de Araújo Pereira, o Gordinho; Luiz Brasil Correa Júnior, o Brasil Júnior; Dennis Freitas Oliveira e Arthur Pereira Barbosa (ambos sem vulgo). O MPGO ainda colocou a lupa investigativa sobre as empresas Senda Indústria Comércio Serviços Eireli e IGM Locação de Veículos e Prestação de Serviços Eireli. 

A priori, a Operação Nabucodonosor investigou por seis meses o desvio de recursos em Formosa, quando teria sido fraudado contrato de licitações de locação de caminhões. O MPGO também encontrou provas do uso de laranjas e documentos falsos no registro de empresas.

Dos 15 mandados de busca e apreensão, cinco foram na capital, causando movimentação de policiais nos endereços. De acordo com o MPGO, a empresa Senda foi contratada pela Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) para fornecimento de água potável por meio de caminhão-pipa nos municípios de Novo Gama, Padre Bernardo e Águas Lindas de Goiás. Com isso, diz o MPGO, o contrato supostamente fraudado teria ultrapassado R$ 4 milhões em desvios. 

Entre 2021 e 2022, o contrato com a Prefeitura de Formosa teve o suposto desvio de R$ 1 milhão. O MPGO ainda solicitou a suspensão e proibição de pagamento de ‘serviços’ tanto pela Prefeitura de Formosa quanto pela Saneago. A estatal, no entanto, disse à imprensa que não foi notificada. 

Até o fechamento desta reportagem, o jornal não conseguiu contato com os empresários nem com o deputado estadual eleito Issy Quinan para que comentassem o caso investigado nem as supostas relações. O espaço segue aberto. 

O nome dado pelo Ministério Público à operação, Nabucodonosor, se refere a um rabugento e arrogante rei da Babilônia. Conhecido como “o Grande”, o rei Pagão protagonizou com personagens bíblicos conhecidos, como o servo e profeta Daniel – que teve de interpretar até sonhos que o tal rei nem se lembrava, mas se perturbava. Ou quando o rei condenou à morte – dentro da fornalha em chamas – três amigos de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-nego, que se livraram da penalidade por um anjo, segundo a Bíblia. O motivo: o trio não se curvava a uma estátua que o rei construiu em sua própria homenagem.

Veja Também