Caiado e Daniel pregam união

Senador do DEM e deputado federal do MDB são pré-candidatos ao governo do Estado e buscam se viabilizar para encabeçar chapa da oposição

Postado em: 06-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Senador do DEM e deputado federal do MDB são pré-candidatos ao governo do Estado e buscam se viabilizar para encabeçar chapa da oposição

Lucas de Godoi*

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O senador Ronaldo Caiado, pré-candidato do DEM ao governo de Goiás, afirmou ontem que irá lutar pela união com o MDB de Daniel Vilela. Para o senador, uma chapa única seria necessária para o sucesso da oposição no pleito deste ano.

“A gente tem de ter paciência e trabalhar pela união. O momento é de construir isso, de pacificar o processo. O MDB e o Democratas já estiveram juntos nas duas últimas eleições e defendo que continuem. Sou otimista em relação a isso. Essas discussões agora são amplas e temos de escolher o candidato que tenha as condições de levar as propostas aos eleitores. O candidato precisa ter musculatura para lutar contra uma máquina de governo”, afirmou Caiado. O democratadisse não ver dificuldade de composição na oposição. 

Também pré-candidato ao governo do Estado, o deputado federal Daniel Vilela (MDB) segue trabalhando em busca de apoio e confiante na manutenção da aliança com o DEM. Ontem ele se reuniu com 13 vice-prefeitos, três ex-prefeitos, além de lideranças municipais e dos prefeitos Onofre Galdino, o Onofrinho, de Ouvidor; e Dr. Américo Osório, de Damolândia. 

“Confiamos na manutenção da aliança com o DEM e buscamos ampliar o grupo que se uniu em 2014. Estamos conversando também com PP, com o PSD e com outros partidos”, falou Daniel, citando as conversas que mantém com dirigentes de diversos partidos. Os presentes também reafirmaram o desejo da aliança com o Democratas.

Apesar dos dois pré-candidatos vislumbrarem a coligação, o empecilho é definir o candidato que encabeçaria a chapa, pois os dois pré-candidatos brigam pela vaga. Em declarações públicas, o ex-governador Maguito Vilela, defende o candidato emedebista, seu filho Daniel Vilela. “Agora, se for fazer alianças, temos que fazer algo jus¬to. O MDB tem história, militância na maioria dos municípios goianos, administra as duas maiores cidades do Estado e as principais cidades¬-polos e tem um pré-candidato a go¬vernador preparado. Então, o justo é o maior partido receber o apoio do menor e não o contrário”, destacou recentemente.

O interesse pela unidade também já foi ressaltado pelo prefeito de Goiânia, Iris Rezende, frisando seu apoio partidário. “Caso tenha duas candidaturas, eu já disse isso publicamente, serei partidário. Vou apoiar o candidato do meu partido, pois nunca fraquejei nessa questão partidária. Mas já falei isso para os dois, façam um acordo, que o povo de Goiás está merecendo”, falou na última semana. Iris disse que vai mediar uma conversa entre os dois pré-candidatos.

Ronaldo Caiado afirma que está construindo chapas fortes de deputados – o que reforçaria uma possível candidatura ao governo – e citou nomes de peso como o Delegado Waldir – que as pesquisas indicam que poderá ultrapassar o quoeficiente eleitoral -, além do presidente da Faeg, José Mário Schreiner; o ex-prefeito de Bela Vista, Eurípedes do Carmo (PSC); o médico Zacharias Calil; o ex-candidato a prefeito de Anápolis, Valeriano, entre outros.

Além disso, o senador afirmou que tem dialogado com candidatos da base, como a senadora Lúcia Vânia. “Não tenho dificuldade do diálogo com pessoas que estão em lados políticos diferentes do meu. Sabemos que Lúcia Vânia será candidata ao Senado na base do governo. Reconheço os méritos do trabalho dela. O Estado tem de ser feito por pessoas que têm compromisso com o desenvolvimento”, falou.

Daniel Vilela fez uma explanação sobre o momento pré-eleitoral na reunião de ontem com lideranças do MDB. “Estamos pautando as ações do partido com profissionalismo, com base em pesquisas e análises aliadas à experiência de nossas lideranças. Não estamos fazendo nada aleatório, estamos estudando cada passo”, destacou sobre as decisões do partido, que são tomadas depois de consultar os membros do partido e o desejo da maioria. (*Especial para O Hoje) 

Nelto acha improvável unidade em prol de Daniel 

Líder da bancada do MDB na Assembleia Legislativa, o deputado José Nelto diz, ao analisar os conflitos internos, considerar improvável a unidade do partido em torno da pré-candidatura do deputado federal Daniel Vilela.

Mesmo defendendo candidatura própria, ele afirma que o partido se divide, hoje, em três alas: a que apoia Daniel, outra que reforça a pré-candidatura do senador Ronaldo Caiado (DEM) e a que defende uma composição com o governador Marconi Perillo (PSDB).

“Não acredito mais em unidade no nosso partido. Então, que seja cada um por si. Cada um tem livre arbítrio de tomar a decisão que melhor lhe convier”, disse ele ao O Hoje. “Nem Iris Rezende dá jeito mais no partido”, pontuou. “O MDB é uma nau à deriva. Salve-se quem puder!”

O prefeito de Goiânia, Iris Rezende, puxou para si a responsabilidade de buscar o consenso entre Daniel e Caiado. Ele já adiantou que pretende se reunir com eles, separadamente. Para Nelto, quanto mais se arrastar essa definição, mais o MDB sofrerá consequências, até porque colocará em lados opostos Iris e o ex-governador e ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela, que defende o filho, Daniel, como candidato a governador.

De qualquer forma, Nelto delegou a Iris, Maguito e próprio Daniel a tarefa de tentar unificar o partido, seja em torno de uma candidatura própria, ou mesmo em torno um nome que não seja da legenda. “Eles que resolvam e tragam uma solução para nós”, salientou.

Apesar de liderar a bancada na Assembleia o deputado assegurou que não vai mais participar de reuniões do partido que venham a tratar do assunto, mesmo que seja convidado pelo próprio Iris. “Cada um deve seguir a sua posição. “É preciso que isso seja escancarado, sem hipocrisia”.

Mesmo desestimulado diante do processo sucessório no partido, por conta da desagregação que, segundo ele, tomou conta da sigla, José Nelto não defende caças às bruxas. Ele se refere a especulações sobre provável punição a prefeitos dissidentes, como Adib Elas, de Catalão; Ernesto Roller, de Formosa; Paulo da Vale, de Rio Verde; e Renato de Castro, de Goianésia. Os quatro têm defendido que o partido abra mão de candidatura própria para apoiar Caiado.

A divisão no MDB, na leitura de José Nelto, se agravou a partir de 2014, quando o empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, desistiu de disputar o governo de Goiás, em abril, diante do que ele classificou de intrigas de bastidor ou com ataques contra ele, o chamado fogo amigo.

Em carta aberta, ele disse que deixava o caminho aberto para Iris disputar mais uma vez o governo de Goiás. No início de outubro daquele ano, após o primeiro turno, Friboi declarou apoio a Marconi. Como retaliação, foi expulso do partido.

Articulação

Para José Nelto, é natural que Caiado busque apoio no MDB. “Não vejo isso como ingerência. Ele, como qualquer político, tem o direito de articular para se fortalecer como candidato, seja dentro de seu partido ou fora dele”.

Da mesma forma, ao contrário dos apoiadores de Daniel Vilela, o parlamentar diz não ver Caiado articulando para se apropriar do protagonismo da oposição no processo sucessório. As declarações de Nelto têm força, considerando a história dele no partido. 

Elegeu-se vereador em Goiânia por três mandatos, chegando a presidir a Câmara de Goiânia. Em 1994, foi eleito deputado estadual pela primeira vez e agora está no exercício de seu quinto mandato. Nas eleições de outubro, deve disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados. (Venceslau Pimentel, Especial para O Hoje) 

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