Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Zé Eliton afirma que base aliada do governo tem solidez forte

Em visita ao jornal O Hoje, o vice-governador, que assume o comando do Estado dia 7 de abril, falou sobres as articulações que vem fazendo com vistas às eleições de outubro

Postado em: 07-03-2018 às 09h00
Por: Sheyla Sousa
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Em visita ao jornal O Hoje, o vice-governador, que assume o comando do Estado dia 7 de abril, falou sobres as articulações que vem fazendo com vistas às eleições de outubro

Rubens Salomão e Venceslau Pimentel

O  vice-governador Zé Eliton afirmou não manter diálogo com líderes do MDB, nem do DEM, num aceno de respeito às pré-candidaturas anunciadas pelos partidos de oposição. Em visita ao jornal O Hoje, o vice-governador, que assume o comando do Estado dia 7 de abril, falou sobres as articulações que vem fazendo com vistas às eleições de outubro. “Com candidatura posta, não me parece correto fazer ingerência para tentar desestabilizar candidaturas. Com os demais partidos tenho conversado com todos eles”, disse.  Sobre as lembranças de outros nomes para concorrer ao governo pela base aliada, ele diz considerar absolutamente natural. “A base tem uma solidez muito forte e foi construída ao longo de duas décadas”, disse, para acrescentar que considera natural que tenha posicionamentos eventualmente que não sejam convergentes, “mas quando sentamos à mesa, discutimos e alinhamos”. Zé Eliton critica o debate político, que considera muito pobre do ponto de vista da argumentação. 

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Como estão as articulações sobre alianças para a disputa de outubro?

Estou trabalhando firmemente nesse sentido. Tenho conversado firmemente com todos os partidos que compõem a nossa base. A maioria dos partidos já estabeleceram uma agenda conosco, mesmo porque se você está apto a participar de um projeto de governo, você tem que estar apto a participar de um projeto político. Eu não posso apenas ter parceiros que sejam importantes para eleger um projeto, esses parceiros têm que ter capacidade de ajudar a governar também. Então aqueles partidos que tiverem representação no governo a partir de agora, obviamente eles já estarão comprometidos com o projeto de 2018. Nós queremos agora dar um passo adiante. Me parece que Goiás não quer voltar no tempo dos coronéis, do chicote, da bota. Nós queremos que o Estado continue modernizando. Para isso é preciso uma base partidária sólida e de um governo que tenha solidez nas suas ações. É esse conjunto que estamos buscando interagir e construir. 

A disputa entre o MDB e o Democratas, entre apoiadores de Daniel Vilela e do senador Ronaldo Caiado pode favorecer o senhor na campanha eleitoral? É possível abrir um canal de diálogo com o MDB?

Não tenho canal aberto, do ponto de vista de composição partidária, nem com MDB, nem com o DEM, porque respeito os dois partidos. Os dois partidos têm candidaturas postas e se amanhã ou depois eles não tiverem candidatura, não terei problema algum em conversar com todas as forças políticas. Mas com candidatura posta, não me parece correto fazer ingerência para tentar desestabilizar candidaturas. Com os demais partidos tenho conversado com todos eles.

O PP do senador Wilder Morais está mesmo fora do leque de alianças da base aliada?

Eu não dou nada por perdido. Acho que é sempre importante a gente ter a capacidade de dialogar, de construir, de ir em frente, de batalhar até o último momento. Eu tenho no senador Wilder um homem de bem, uma pessoa que está buscando seu espaço, tem legitimidade para isso, tem correção nas suas bases partidárias para isso. Agora, vou continuar discutindo com meu amigo Wilder, por quem tenho carinho e respeito, sobre questões pertinentes à formação de aliança. Mesmo porque o PP tem uma identidade muito forte com a base. Cem por cento dos prefeitos pepistas são ligados à base. Vou trabalhar até as convenções para que o PP esteja conosco nessa agenda.

Depois do deputado José Vitti, agora é o ministro das Cidades, Alexandre Baldy, que surge como um eventual “Plano B”. Como vê esse tipo de movimento?

Isso é absolutamente normal dentro do processo. É preciso que a gente tenha condições de discutir, com maturidade, os grandes temas, questões partidárias. A base tem uma solidez muito forte e foi construída ao longo de duas décadas. Uma base partidária muito sólida. Nós sabemos respeitar as diferenças, sentamos à mesa, conversamos e ouvimos aquilo que nossos aliados têm a dizer para que possamos, inclusive, corrigir rotas. É natural que a gente tenha posicionamentos eventualmente que não sejam convergentes, mas quando sentamos à mesa, discutimos e alinhamos. Felizmente na nossa base temos nomes altamente qualificados, que poderiam ocupar qualquer uma das vagas da composição da chapa majoritária. O ministro Baldy, o presidente da Assembleia José Vitti, nós temos o Jovair Arantes, nós temos Demóstenes, nós temos a senadora Lúcia Vânia, o senador Wilder Morais, Roberto Balestra, Flávia Morais, Magda Mofatto. Todos nomes de expressão no meio político e cada um com capacidade. Eu deixei de falar muitos nomes de componentes da base que estariam muito bem dentro da chapa majoritária. É justamente esse o nosso desafio, o de buscar a convergência e o consenso. Tenho certeza que chegaremos à data da convenção com a chapa pronta e com time forte e unido para as eleições de 2018.

Em discursos, o senhor tem falado que o retrocesso e o passado não podem voltar, em referência a Ronaldo Caiado, mas citar o nome dele. É o prenúncio de uma polarização na campanha?

Mas eu não disse do Ronaldo Caiado. Eu faço uma afirmação conceitual, com relação a posições. Eu penso que Goiás não quer voltar atrás, ao tempo dos coronéis, ao tempo do chicote, da bota. Penso que Goiás quer avançar, quer ter um estado cada vez mais moderno, que respeite as relações, que não faça da sua voz a verdade absoluta, que não faça da bravata o seu argumento político, que não faça do xingatório seu instrumento de convencimento, mas que busque efetivamente construí-lo. Eu não falei que esse perfil possa ser do senador Ronaldo Caiado. 

Como espera o debate entre os candidatos ao governo durante a campanha eleitoral?

Tenho visto que, infelizmente, o debate político está muito raso, muito pobre do ponto de vista da argumentação. Nós não temos discutido a fundo quais são os projetos para a educação. O que que o Bolsonaro pensa para a Educação do País? Alguém aqui já ouviu falar? O que ele pensa para a área da Saúde? O Alckmin, qual a plataforma dele? Mas ninguém está preocupado com a discussão desses temas. Aí nós estamos discutindo apenas, quando você observa o cenário nacional, quem é pior. Ah, um foi preso, outro fez aquilo, o outro fez aquilo… O cidadão tem que enxergar nas políticas qual a plataforma que ele defende, o cidadão vai enxergar quais são as ideias que nós temos para a área da Saúde, o que nós queremos fazer. Qual a plataforma nossa para a área da educação. Me parece que o terreno, hoje, no campo político eleitoral, está muito mais para o embate vazio, que não interessa o eleitor, enquanto que o debate de ideias está em segundo plano. 

“A agenda número um a partir de 7 de abril é manter o equilíbrio fiscal” 

Faltando um mês para assumir o governo do Estado, dia 7 de abril, o vice-governador Zé Eliton diz que sua prioridade número um na administração será manter é manter o equilíbrio fiscal das contas públicas. “É óbvio que você tem que ter uma agenda constante, buscando manter e atenuar as receitas e despesas, de modo a garantir o equilíbrio das contas públicas”, disse, ao destacar que dará sequência ao plano de governo elaborado em conjunto com o governador Marconi Perillo. O vice-governador afirma ainda que vai indicar um auxiliar para coordenar o programa Goiás na Frente, hoje sob sua responsabilidade. Garante também que até o dia da posse sua equipe de governo estará completa. Na entrevista exclusiva ao jornal O Hoje, ele tece ainda críticas ao plano de Segurança Pública apresentado na semana passada pelo presidente Michel Temer, ao classificar o fundo para financiamento da segurança como “surreal”. Diz também que ao projeto de Temer falta “uma série de elementos que são fundamentais”. 

Prestes a assumir o comando do governo de Goiás, como estão as contas do Estado? Já se pode vislumbrar o equilíbrio fiscal?

Eu tenho convicção que o Estado hoje vive um ponto importante da sua história no que diz respeito a agenda de equilíbrio fiscal. Temos conseguido manter as obrigações ordinárias do Estado em dias. É óbvio que você tem que ter uma agenda constante, buscando manter e atenuar as receitas e despesas, de modo a garantir o equilíbrio das contas públicas. Mas felizmente, ao longo dos últimos anos, com cenário de crise extremamente rigoroso, nós conseguimos, com a liderança do governador Marconi Perillo, realizar um ajuste fiscal muito forte, tanto com medidas de austeridade fiscal com eficiência nos gastos públicos, como na reestruturação da máquina pública com o objetivo de manter custos, mas manter a qualidade dos serviços públicos ao cidadão. Na medida em que você tem necessidade de ampliar serviços, obras e ações governamentais, não deixa de ter impacto financeiro. De qualquer sorte, nós conseguimos manter um equilíbrio em nossas contas, pagar em dia as obrigações com servidores públicos, garantir o incremento com o programa Goiás na Frente. Mais de R$ 9 bilhões de investimento, sendo R$ 6 bilhões do setor público. Essas obras estão sendo entregues nesse momento. Até o dia 6 de abril vamos entregar mais de R$ 4 bilhões de obras do programa Goiás na Frente, num ritmo impressionante de entregas.

Como está a relação dívida e receita do Estado atualmente?

Quando você observa a curva fiscal no que diz respeito à relação dívida e receita do Estado, observamos o ganho qualitativo ofertado ao longo das últimas décadas. Importante um dado para que possamos fazer a mensuração adequada. Em 1999, no primeiro ano da gestão do governador Marconi, você precisava de três anos da arrecadação para pagar a dívida do Estado. Nós saímos de um PIB de R$ 15 bilhões para, hoje, 200 bilhões de reais. Hoje com menos de um ano de receita você liquida a dívida do Estado.

Qual a marca que o senhor quer deixar no Estado a partir de 7 de abril, quando vai assumir o governo?

A marca da lealdade. Nós não vamos chegar em 7 de abril e inventar um plano de governo novo. Vamos dar sequência a esse plano de governo. O que queremos fazer é chegar muito próximo, e se for possível a 100%, desse plano de governo cumprido. A agenda número um do dia 7 de abril para frente é justamente a manutenção do equilíbrio fiscal e as medidas que forem necessárias serão tomadas para que tenhamos uma saúde fiscal correta, de modo a propiciar que o Estado possa atingir suas finalidades, entregando obras e serviços, pagando em dia suas obrigações. É claro que nós temos consciência que essa é uma agenda que tem que ser prioridade para o Estado.

O senhor continuará coordenando o Programa Goiás na Frente depois que assumir o governo? E como estão os investimentos da iniciativa privada, estimados em R$ 3 bilhões?

A comando do Goiás na Frente será delegada a um novo coordenador. Nós estamos discutindo internamente. Nós estamos construindo o gabinete de assuntos estratégicos e dando ao Eduardo Zaratz (futuro chefe da Casa Civil) uma envergadura maior. Atualmente 144 municípios já receberam os recursos do programa e outros 102 municípios estão com projetos em análise ou na fase de assinatura do convênio. Tivemos apenas o município de Catalão que não se manifestou interesse em formalizar convênio com o Goiás na Frente. Os outros 245 municípios formalizaram convênio ou estão em fase de elaboração. Alguns estão em fase avançada, outros já executaram na integridade aquilo que foi repassado. A agenda não foi definida nem pelo governador Marconi, nem por mim, mas sim pelos prefeitos que sabem as prioridades de cada município. No que diz respeito à parcela da iniciativa privada, na semana passada estivemos, o governador e eu, lá em Santa Helena, inaugurando uma subestação nova da Celg/Enel naquela região, justamente com parte do portfólio que cabe ao setor privado.

Um ano após a privatização da Celg D, como avalia a prestação de serviços da empresa?

Parece que a Enel está preparando as mudanças que devem ser feitas na área de governança e os investimentos já começaram. Um investimento importante foi na região Sul no Estado e foi retomado investimento também do programa Luz para Todos, que contempla principalmente as pequenas propriedades rurais. Obviamente que nós temos um déficit maior nas regiões nortes e nordeste do Estado em comparativo com outras regiões do estado. Eu tenho a impressão, daquilo que é destacado pelo Presidente da Enel que muito em breve ele deverá apresentar uma mudança substancial, para melhor, na sua relação com o consumidor.

Como está o processo de finalização da equipe de governo?

No dia 7 todos os cargos que estão sendo estudados para modificar na estrutura administrativa atual serão devidamente preenchidos. Nós não temos tempo a perder, temos que avançar. Eu tenho respeito pelas forças partidárias e discuto com os partidos todas as questões envolvendo a agenda de governança, mesmo porque nós vivemos em um modelo republicano, onde você precisa estabelecer a maioria na Assembleia para ter condição efetiva de governabilidade, de avançar nas diversas políticas públicas e essa agenda ela está muito imbicada. Das dez secretarias hoje, vão permanecer 3 com os mesmos titulares. Nas demais pastas teremos alterações. Em algumas já foram feitas, como é o caso do Irapuan Costa Junior, que assumiu a Segurança Pública. Mas nós teremos dia 7 um novo quadro da alta administração efetivamente composto.

O senhor considera avanço a criação do Ministério da Segurança Pública?

Eu penso que a ideia do Ministério é positiva. Na forma como está sendo constituída é que parece que não vai representar o ganho qualitativo de segurança real para as pessoas, porque está ausente ali uma série de elementos que são fundamentais. Eu tive a oportunidade de discursar e reiteradas vezes falo sobre isso, para a presidente do Supremo (Cármem Lúcia). Eu falava sobre a esquizofrenia do pacto federativo no que diz respeito à Segurança. Somos uma federação, mas na área de segurança, cada unidade da federação, ou seja, cada estado atua de maneira completamente independente, seja financeiramente, seja com relação a sua estratégia de combate ao crime. E isso dificulta uma análise de cenário completa, porque você não tem um conjunto de informações. Quando nós criamos o pacto em 2016, originalmente estava restrito aos estados que compunham o consórcio. Depois nós ampliamos para outros estados da federação. O grande ganho qualitativo foi justamente a criação da célula de inteligência, que armazenava as informações de todas as estruturas do estado. Com isso, deu uma amplitude muito maior para as forças de segurança fazerem uma análise de cenário, um processamento dessas informações de diagnóstico e um combate mais eficiente e organizado. Estou falando de um elemento só que diz respeito à liderança e que poderia ser exercido pela União e pelo Ministério da Segurança Pública na coordenação dessa agenda de inteligência integrada em todos os estados da federação, com ganho no combate ao crime organizado gigantesco. Mas nós temos que discutir a criação do fundo para financiamento, porque o que o presidente (Michel Temer) apresentou é algo surreal. Ele está apresentando a proposta de financiamento aos estados, mas aí eu vou pegar alguns estados que não têm capacidade alguma de endividamento. Como é que esses estados farão? A União vai abrir mão daquilo que foi pactuado no Tesouro Nacional ou no Planejamento Fiscal dos Estados? Parece que é algo meio equivocado. E na questão do custeio das unidades prisionais ou na ampliação dos efetivos? Como é que fica essa questão? Nós temos vinculação constitucional para a Saúde, para a Educação, mas não temos para a Segurança Pública. Nós saímos de investimento de orçamento, em 2011, de R$ 1,1 bilhão na área de segurança. Em 2017 foram R$ 3,4 bilhões.  Agora, se o Ministério for só para ter mais um ministro na Esplanada, aí não vai resolver nada. Agora se tiver voltado efetivamente ao objetivo de criar ambiente de segurança pública no que diz respeito às políticas, aí será uma grande conquista. (*Colaborou Lucas Godoi) 

Assista ao vídeo com a entrevista na íntegra: 

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