Vereadores atribuem vista de Clécio à manobra da prefeitura

“Clécio brinca com coisa grave”, disse Mauro Rubem logo após o vereador postergar apreciação do Código nos 45 do segundo tempo

Postado em: 28-12-2022 às 08h00
Por: Felipe Cardoso
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“Clécio brinca com coisa grave”, disse Mauro Rubem logo após o vereador postergar apreciação do Código nos 45 do segundo tempo. | Foto: Reprodução

O vereador Mauro Rubem (PT) criticou o pedido de vista de Clécio Alves (Republicanos) da revisão do Código Tributário de Goiânia. O texto que seria votado em segunda votação em plenário nesta terça-feira (27) passou na Comissão Mista com 15 emendas, entre elas uma que limita o reajuste do IPTU em 5% em 2026, mais inflação. A prefeitura queria 10%, a partir de 2025, mas foi derrotada.

Clécio disse que devolverá o projeto na quinta-feira (29/12). A preocupação de Mauro é que a matéria não passe este ano e permaneça valendo o Código Tributário atual, que ele considera abusivo na questão do IPTU. “Clécio brinca com coisa grave. Essa matéria precisa ser votada imediatamente ou Goiânia pode ficar com o IPTU abusivo novamente no ano que vem.”

De acordo com ele, o colega que pediu vista participou da Comissão Mista e, consequentemente, conhece bem as alterações que foram discutidas e apresentadas ao texto original. “Está tentando reverter a proposta que ameniza o IPTU a partir do ano que vem. O texto atual, abusivo, se não for votado, pode ficar. É extremamente ruim para o paço e para a população goianiense.”

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Apesar disso, o petista acredita que Clécio não faria essa manobra sem articulação do Paço. “A matéria tinha que ser votada hoje”, reforça. Alves, por sua vez, negou que tenha feito o pedido por negociação da prefeitura. “O vereador que falou isso tem que me respeitar. Eu não sou homem de negociatas.”

Para ele, quem fala isso “não tem serviço”. “Por que não fala na minha frente? Eu não estou aqui como paraquedista de política. Tenho seis mandatos. Já fui chefe desse poder, sou vice [presidente]. Sou deputado eleito. Me respeite. Não sou homem de negócio.”

Segundo Clécio, ele está fazendo o que o povo espera dele. “Olhar se é bom o que está sendo apresentado. Tenho seis mandatos. Apresenta uma negociata que já fiz aqui.” Ele disse, ainda, que pediu vistas, pois não conhecia as emendas.

Mauro Rubem, porém, não foi o único a interpretar a atitude de Clécio como sinal de manobra por parte da prefeitura. A tucana Aava Santiago também comentou o assunto minutos depois em plenário e também na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ).

Endereçada a Clécio, disparou: “O senhor é um escudeiro muito leal do Paço e acaba assumindo em sua individualidade um constrangimento que deveria ser compartilhado com a prefeitura. Se nós estamos passando por esse imbróglio agora isso se deve a uma das mais incompetentes administrações, que é salva por vossa excelência, que é um quadro qualificadíssimo”.

Segundo a vereadora, a prefeitura “mandou errado” a suplementação da Comurg [projeto que ainda tramita na CCJ e só deve se tornar apto à votação definitiva do plenário na quinta-feira, 29]. “Agora a prefeitura precisa garantir quórum e precisa de uma manobra para manter até a última sessão do ano a Câmara com quórum”, finalizou. 

Clécio ouviu atentamente as palavras da tucana e, depois, se limitou a agradecê-la  pela “generosidade”. Rubem e Aava foram os únicos que falaram abertamente sobre a provável “manobra” de Clécio. Pelo menos outros três parlamentares consultados pela reportagem pensam da mesma forma que os colegas, mas preferiram opinar em off sobre o assunto. “Claro que foi [manobra a pedido da prefeitura], mas não temos como provar, então é melhor ficar quieto”, disse, sussurrando, um deles.

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