Denúncia de abuso de poder cai como bomba em Anápolis

Prefeito, Roberto Naves e a mulher dele, a deputada estadual eleita são acusados de usar prefeitura em eleição

Postado em: 30-12-2022 às 08h10
Por: Yago Sales
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Prefeito, Roberto Naves e a mulher dele, a deputada estadual eleita são acusados de usar prefeitura em eleição. | Foto: Reprodução

O silêncio predomina nos corredores e gabinetes da prefeitura de Anápolis, comandada pelo prefeito Roberto Naves (Progressistas). Na quarta-feira (28) uma denúncia do Ministério Público Eleitoral (MPE), baseada em relatos de comissionados e prints, traz à tona o uso da máquina pública que teria resultado na vitória da primeira-dama, Vivian Naves (Progressistas), para uma das 41 vagas na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). 

Na Câmara Municipal de Anápolis, até os poucos oposicionistas preferem escapar de qualquer comentário. Embora comemorada por alguns, o acionamento da “bomba” foi vista com satisfação por alguns opositores até mesmo na Casa Legislativa municipal. De maneira discreta, o assunto tomou grupos e as redes sociais. 

A ascensão política de Roberto, um jovem empresário que chegou à política como quem não quer nada, pode ter atiçado a ira da política anapolitana marcada por grupos que nem sempre estiveram aos arredores da força de Naves. Mesmo assim, a forma com que administra não tem nenhuma novidade. 

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O progressista, que comemorou a eleição de Vivian Naves, é visto como um homem que gere com mão de ferro e quase nunca se preocupa com críticas, desde que não ultrapassem prejuízos fugazes à imagem. 

Talvez por isso, diante da pressão da mídia e da opinião pública, tenha, com a deputada eleita Vivian Naves, atribuído ao “denuncismo” de uma oposição que supostamente estrebucha diante do crescimento de Naves. Ele que, de prefeito, se tornou um ator experimentado e influenciador no campo da articulação. 

Um único vereador, de língua afiada – nem tanto, claro – classifica a denúncia como “ponta do iceberg”, sem dar mais qualquer indício do que viria nas profundezas do, como diz o próprio Naves, “denuncismo”. 

Segundo a denúncia do MPE, remetida ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), pelo qual um jornalista do Portal 6 teve acesso, comissionados das secretarias de Governo e Desenvolvimento Social relataram que Roberto Naves foi conivente para que as estruturas das pastas fossem utilizadas em benefício de Vivian Naves.

Segundo a denúncia, os servidores das duas pastas citadas no texto disseram que foram ameaçados. Eles afirmaram que eram obrigados a distribuir material de campanha de Vivian. Caso se negassem, seriam demitidos dos respectivos cargos. Além dos relatos, eles enviaram mensagens de WhatsApp, gravações e uma escala de trabalho. O trabalho “extra”, segundo os denunciantes, não era remunerado, senão pelos proventos que recebiam da Prefeitura de Anápolis.

Em entrevista ao Mais Goiás, o casal negou irregularidades e atribuiu a denúncia à perseguição da oposição que estaria preocupada com a ascensão do poderio do casal Naves. Ano passado, o jornal O Hoje havia publicado reportagem em que foram retratados distribuição de cestas básicas e outros benefícios durante o período eleitoral. 

Enquanto há uma tentativa de o caso ser abafado em Anápolis, a oposição tem se dedicado sistematicamente para compartilhar o conteúdo, sobretudo links de reportagens. O efeito tem sido combatido pelo núcleo duro de Roberto sob a justificativa de que nada será comprovado. 

Os  prints, por outro lado, dimensionam o problema a que o casal de políticos mais conhecido de Anápolis deverá enfrentar: pela justiça eleitoral e eleitores. 

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