Lula escolheu Alckmin para ganhar eleição, mas pode ter encontrado verdadeiro aliado

O ex-governador de São Paulo brilhou na coordenação da equipe de transição

Postado em: 05-01-2023 às 08h00
Por: Francisco Costa
Imagem Ilustrando a Notícia: Lula escolheu Alckmin para ganhar eleição, mas pode ter encontrado verdadeiro aliado
O ex-governador de São Paulo brilhou na coordenação da equipe de transição. | Foto: Ricardo Stuckert

O discurso de que o vice não será decorativo é comum. Aparentemente, no caso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) parece ser verdade. O ex-governador de São Paulo brilhou na coordenação da equipe de transição. Além disso, foi nomeado para o Ministério da Indústria e Comércio, pasta com visibilidade.

De fato, Lula escolheu Alckmin como vice para equilibrar a chapa, acalmar o mercado e mostrar ao povo brasileiro moderação. Parece ter ganhado um aliado real, um parceiro, apesar da má vontade que os diversos setores do PT externaram ao longo da pré-campanha e até campanha.

O presidente, contudo, parece estar confortável e satisfeito com a escolha. O petista, no dia da posse, o manteve por perto, inclusive, quebrando protocolos. Colocou o ex-governador de São Paulo dentro do Rolls-Royce presidencial durante o desfile cerimonial, na posse. Ambos estavam com as esposas, Lu Alckmin a primeira-dama Janja (Rosângela Silva).

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Em retrospecto, Bolsonaro (PL), por exemplo, fez o trajeto com Michelle Bolsonaro e vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (PL). O então vice-presidente, Hamilton Mourão (Republicanos), ficou de fora. Dilma Rousseff (PT) também não esteve com seu vice, Michel Temer (MDB) no carro. O próprio Lula esteve com Marisa Letícia no veículo em 2007, mas não com o já falecido José Alencar. Em 2002, contudo, o companheiro subiu no Rolls-Royce.

Ainda sobre a transição, o pessebista teve liberdade. O então presidente eleito chegou a viajar para o Egito, enquanto o colega trabalhava.

Vice não tem protagonismo

Professor e cientista político, Marcos Marinho aponta que, naturalmente, um vice-presidente não tem protagonismo, diferente de um ministro. “Enquanto ministro terá mais espaço para aparecer. Poderá ter visibilidade e mais recall na mídia. Essa jogada foi boa para o Alckmin, pois seria difícil brilhar enquanto vice ao lado de Lula”, argumenta ainda. 

Nesse sentido, ele acredita que o presidente foi certeiro. “Penso que o Lula foi sagaz. Já trabalhou a dinâmica de dar protagonismo para o Alckmin ao dar ministério. Tem muito a entregar enquanto ministro”, avalia o professor e cientista política.

Além disso, de acordo com ele, a relação dos dois é para além de cargos, tem toda uma governabilidade. “Não vejo Alckmin com uma postura golpista, como Michel Temer, e nem o Lula autocentrado, como era Dilma. Os dois devem fazer um bate-bola. Coniventes e coerentes”, aposta Marinho neste momento.

Ele também reforça que o ex-governador goza de uma grande respeitabilidade na mídia e não sofre desconstruções, como tem ocorrido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo. “Então, acredito que será uma relação mais tranquila. Ao menos neste começo. É preciso esperar para saber como se dará a dinâmica de poder. Está ainda irá se estabelecer e aí será possível dizer como será o tom da relação. Por enquanto há muita especulação.”

Alckmin

Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, que já foi filiado ao MDB, PSDB e agora PSB, é médico anestesiologista e professor. É casado desde 1979 com Lu Alckmin. 

Ele foi governador de São Paulo por quatro mandatos – o primeiro substituindo Mário Covas, que faleceu em 2001. O Estado, segundo informações institucionais, é a 21ª do mundo (US$ 603,4 bilhões).

De acordo com informações da Casa Civil de SP, o PIB paulista cresceu 2,5% em 2019, mais do que o dobro do nacional (1,1%). O Estado, inclusive, é a terceira maior economia e o terceiro maior mercado consumidor da América Latina – sendo que o Brasil é o primeiro. 

Tucano durante seus mandatos em São Paulo, foi oposição a Lula. Além disso, disputou a presidência com o petista e perdeu, em 2006 – terminou em segundo, com mais de 39% dos votos do segundo turno. Em 2018 fez nova tentativa, mas ficou em quarto com 4,7% do eleitorado.

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