A primeira crise do governo Lula com Daniela Carneiro

Governo avalia que onda crítica à ministra do Turismo é passageira

Postado em: 08-01-2023 às 23h02
Por: Yago Sales
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Governo avalia que onda crítica à ministra do Turismo é passageira. | Foto: Reprodução

Nem de longe parecia que tão cedo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria de responder à primeira crise, justamente com elementos usados pela esquerda para criticar o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro: a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, por ligações com milícias do Rio de Janeiro.

Com isso, como um fantasma, uma das três ministras do União Brasil no primeiro escalão do Governo Federal, Daniela Carneiro, permeia o poder depois de diversas reportagens indicarem relações com milicianos – um tipo de criminosos que se correlaciona com o Estado. 

Esses milicianos fizeram campanha tanto para Daniela Carneiro quanto para o próprio Lula. Talvez por isso o entorno do presidente, inclusive o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tentam amenizar a situação que já colocou a ministra em apuros, sobretudo na primeira reunião ministerial ocorrida na última sexta-feira, dia 6 de janeiro. 

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Consta que, no período eleitoral da ministra a uma das vagas à Câmara dos Deputados, ela foi apoiada pelos milicianos, conforme Folha de São Paulo. Outros dois nomes envolvidos com a milícia vieram à tona depois de reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo. 

Conhecida como Daniela do Waguinho, ela recebeu 213 mil votos e se tornou a deputada mais bem votada do Rio de Janeiro. Segundo o JN, Cristiano de Oliveira Gouveia, conhecido como Babu, é um dos nomes envolvidos com a milícia. 

Na ocasião, a reportagem mostrou um vídeo de rede social em que Babu aparece fazendo um ato de campanha: adesivando o automóvel com o número de campanha da atual ministra de Lula. O marido da ministra é Waguinho, prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

Outro nome sob suspeita é Eduardo Araujo, do MDB. Para o Ministério Público, Eduardo evitava prisões de integrantes da quadrilha.

Já a “Folha de S.Paulo” revelou ligações da ministra com familiares do ex-vereador da cidade Marcinho Bombeiro, que chegou a ser preso acusado de integrar a milícia. 

Além do aspecto hipócrita de como o Lula 3 – como é tratado o terceiro mandato de Lula – vem se relacionando com o fato de a ministra do Turismo ter relações com a milícia, há o silêncio e a defesa de membros da gestão. 

É o caso do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que vem passando pano para a crise, se distanciando da repercussão negativa do governo que tende a perder peso com as manifestações antidemocráticas de Brasília no domingo, dia 8 de janeiro.

De qualquer forma, a ministra se tornou a primeira pedra no sapato desse retorno de Lula. Até o momento, ela tem dito, em discretas declarações e em notas, de que não tem nada a ver com criminosos. Ela também ignora o fato de ter posado em fotografias ao lado dos envolvidos com milícias. 

Nos bastidores, diz-se que manter a ministra é mais vantajoso do que a sua demissão a menos de dez dias de ter sido escolhida. A saída poderia causar problemas com União Brasil, que Lula conseguiu convencer para uma aproximação à governabilidade. 

Vale lembrar que o União Brasil atualmente é uma legenda dividida entre aqueles que são pró-Lula e aqueles que são bolsonaristas.O UB é um partido oriundo do Partido Social Liberal, o PSL, que levou Jair Bolsonaro à presidência em 2018, e o Democratas, partido muito ligado ao agronegócio. Nem por isso foi por um bom tempo uma porta de diálogo aos governo petistas. 

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