Sessão é suspensa após bate-boca entre Gilmar Mendes e Barroso

Julgamento era a respeito da constitucionalidade ou não de doações ocultas para campanhas eleitorais. Parlamentares trocaram ofensas pessoais

Postado em: 21-03-2018 às 17h20
Por: Victor Pimenta
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Julgamento era a respeito da constitucionalidade ou não de doações ocultas para campanhas eleitorais. Parlamentares trocaram ofensas pessoais

Os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), protagonizaram novo bate-boca em plenário, com trocas
de ofensas pessoais. A presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, precisou
suspender a sessão para acalmar os ânimos.

Durante julgamento sobre a constitucionalidade ou não de
doações ocultas para campanhas eleitorais, Mendes fez críticas a diversas
decisões recentes do Supremo, inclusive a “manobra” que liberou o aborto para
grávidas com até três meses de gestação, ação relatada por Barroso.

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“Agora eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do
aborto. De preferência com três ministros, que aí a gente consegue com dois a
um”, ironizou Mendes, em referência ao julgamento de um habeas corpus, na
Primeira Turma, no qual a decisão do aborto foi tomada.

“Vossa Excelência me deixe fora desse seu mau sentimento.
Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de
psicopatia. Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado”, reagiu
Barroso, com a voz elevada.

“É um absurdo [que] Vossa Excelência faça um comício aqui,
para falar grosserias. Vossa Excelência não consegue articular um argumento.
Fica procurando. Já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora
chegou a mim. A vida, para Vossa Excelência, é só ofender as pessoas, não tem
nenhuma ideia. Nenhuma. Nenhuma!”, acrescentou Barroso.

Cármen Lúcia resolveu então interromper a sessão, mas antes
Gilmar Mendes soltou mais uma provocação ao microfone dirigida ao ministro
Barroso: “o senhor deveria fechar seu escritório de advocacia”,
disse.

Essa não a primeira vez que os dois ministros protagonizam um
bate-boca acalorado em plenário. Ambos têm se colocado como antagonistas na
Corte. Por um lado, Barroso defende uma postura mais assertiva do Judiciário,
que segundo ele deveria suprir lacunas deixadas pelo Legislativo e Executivo,
ao mesmo tempo em que deve ser mais rígido no âmbito criminal.

Mendes, em campo oposto, defende que o Judiciário deve ter um
maior cuidado com a independência entre os Poderes da República, e também que
os ministros do Supremo devam observar uma maior garantia de direitos
individuais e do devido processo legal em ações penais.

 Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/Nelson Jr./SCO/STF)

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