Lula critica independência do Banco Central e diz não haver motivo para Selic em 13,75%

Segundo o presidente, há um "descompasso" entre a Selic e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)

Postado em: 20-01-2023 às 11h06
Por: Ícaro Gonçalves
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Segundo o presidente, há um "descompasso" entre a Selic e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em reunião na quinta-feira (19/1) com reitores de universidades e representantes de institutos federais de educação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a independência do Banco Central (BC) e o atual patamar da taxa de juros, a Selic.

Segundo o presidente, há um “descompasso” entre a Selic e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, que mede o aumento dos preços) e disse que “a gente poderia nem ter juros”.

“Qual é a explicação para a gente ter um juro de 13,5%* hoje? O BC é independente, a gente poderia não ter nem juro, não é verdade? A inflação está 6,5%, 7,5%. Por que os juros estão 13,5%?”, questionou.

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“Qual é a lógica da desconfiança que o mercado tem de tudo que a gente fará de investimento? Eu não vejo essa gente falar uma vez de dívida social. Nós temos uma dívida social de 500 anos com esse povo. A única coisa que não é tida como gasto por essa gente de mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso é investimento”, provocou.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro do ano passado, a Selic foi fixada em 13,75%, e não 13,5%, como disse Lula. Já a inflação oficial de 2022, medida pelo IPCA, foi de 5,79%.

Leia também: Inflação de 2022 fica em 5,79%, segundo ano consecutivo acima da meta do Conselho Monetário

Em resposta à declaração do presidente, Roberto Campos Neto, presidente do BC, reforçou que a independência da instituição, criticada por Lula, é o que ajuda a diminuir a volatilidade do mercado.

“Lula se orgulha de Henrique Meirelles (ex-presidente da autoridade monetária) ter sido independente no BC e acha que não precisa da lei, porque ele garante a independência sem lei. Mas, olhando para o Brasil, vemos que o mercado seria muito mais volátil se não houvesse a independência em lei. Seria uma questão que adicionaria mais volatilidade na curva longa de juros”, disse, durante palestra na UCLA Anderson School of Management, nos Estados Unidos.

Campos Neto reafirmou que ficará no cargo até o fim do mandato à frente do BC. “A independência não é um desejo só do Banco Central. Temos que responder ao desejo dessas pessoas que votaram essa lei e mostrar que vamos seguir independentes”, completou.

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