MDB tem histórico de divisão

Nos últimos 20 anos as participações do partido nas eleições para o governo do Estado sempre foram marcadas por divergências entre lideranças

Postado em: 26-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Nos últimos 20 anos as participações do partido nas eleições para o governo do Estado sempre foram marcadas por divergências entre lideranças

Lucas de Godoi*

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A divisão interna vivida pelo MDB no processo de escolha do candidato que vai apoiar ao governo do Estado nas eleições de outubro deste ano rememora um histórico de desavenças no partido em Goiás. Conforme apurado por O Hoje, as fissuras existem dentro do diretório estadual há pelo menos 20 anos. O período é igual ao tempo que o partido ficou longe da administração do estado.Este ano o debate se dá em torno do lançamento da candidatura do deputado federal e presidente regional da sigla, Daniel Vilela, ou do apoio à pré-candidatura do senador Ronaldo Caiado (DEM)

O que se pode definir como virada nas eleições em Goiásocorreu em 1998. Naquele ano o MDB, que reinava absoluto, foi derrotado pelo tucano Marconi Perillo, em sua primeira eleição ao governo do estado. Naquela disputa o embate dentro do MDBocorreu entre o apoio ao então senador Iris Rezende ou à reeleição de Maguito Vilela. Mas Maguito cedeu a vaga para Iris, por reconhecê-lo como líder natural do Estado.Em entrevista ao programa Roda Viva, em janeiro de 1997, Maguito disse: “Eu e o Iris temos uma afinidade política muito grande e uma amizade assim, inseparável (…). De forma que ele é um grande líder lá em Goiás”. 

A possibilidade da candidatura de Maguito, vislumbrada por alguns dentro do PMDB goiano, não correspondia com o desejo do político, sedento mesmo por concorrer ao Senado, conforme admitiu à imprensa. “Mas eu, na realidade, mesmo passando a reeleição (aprovada pelo Congresso), não pretendo me candidatar à reeleição, até porque já disputei cinco eleições: de vereador, de [deputado] estaduale federal, de vice-governador e de governador. Já disputei cinco eleições, sem repetir cargo algum e não pretendo repetir. Se forme dado a oportunidade de disputar o Senado, pretendo contribuir com o crescimento do meu estado lá no Senado Federal; mas se não, também não tenho apego ao poder, vou tranquilamente para a vida particular, continuar contribuindo com o estado e com o país”, enfatizou Vilela. Maguito, à época, se posicionava contra o instituto da reeleição para cargos no Executivo.

Em 2002, o então senador Maguito Vilela voltou a concorrer ao cargo de governador. Essa eleição, em especial, foi simbólica no sentido de maior união dentro do partido. “Essa eleição ocorreu sem grandes desavenças, talvez até pelo equivoco que fizeram nas eleições de 1998. Foi como se tivesse sido uma reciprocidade. Eu penso que o grande lapso foi o de 1998. O Maguito tinha grandes índices de aprovação e a candidatura foi inviabilizada. Foi quase uma recompensa, vamos chamar assim”, analisa o historiador e professor aposentado da Universidade Federal de Goás (UFG), NasrFayadChaul. 

As eleições de 2006 apresentavam outra disputa interna. O nome de Maguito Vilela dividia espaço com o de Adib Elias, então prefeito de Catalão. Adib, que vinha da região Sudeste do estado, contava com apoio de vários peemedebistas, como o então deputado em exercício Fernando Netto. “Isso mostra a grandeza do partido e com certeza Adib é o ‘sangue novo’ que precisamos para fazer esse Goiás crescer”, falou Fernando à imprensa na ocasião. Mais tarde Maguito Vilela foi confirmado o candidato pelo partido. “O que acho interessante avaliar é que o grupo do Maguito foi se fortalecendo muito dentro do partido. Ele sai candidato em 2002, ele sai em 2006 e agora o filho é o pretenso candidato. O grupo dele tem uma ligação forte, uma das maiores dentro do MDB”, explica NasrChaul, que também é autor de nove livros sobre a História de Goiás.

Em 2010 o PMDB goiano recebeu um filiado importante, o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Em Goiás, lideranças eram favoráveis à chegada de Meirelles, que se apresentava como um forte candidato ao governo do estado. No finaldas contas, quem concorreu para governador pelo partido foi Iris Rezende.

As últimas eleições estaduais, em 2014, também foram protagonizadas por visões diferentes. Enquanto uma parte do partido endossava a candidatura de Junior Friboi, novato na sigla, alguns articulavam pelo protagonismo de Iris Rezende, pela representatividade que possui junto ao eleitorado e também junto à base emedebista.

Para o pleito deste ano, o partido experimenta novamente posições divergentes. De um lado as principais lideranças apoiam a candidatura de Daniel Vilela, como o prefeito de Goiânia Iris Rezende, que declarou na sexta-feira a sua escolha. “Caiado tem o seu partido e decidiu ser candidato. Daniel tem o seu partido e decidiu ser candidato. Eu sou de qual partido? Eu sou filiado ao MDB, então não se discute”, admitiu Iris em recente entrevista à imprensa, sem citar o nome de Daniel.  Ao mesmo tempo, os emedebistas quem apoiam Ronaldo Caiado pregam a união. “Perdemos nos anos anteriores porque houve divisão. Nós, do MDB, temos a responsabilidade de nos unir. Não nos é facultado de novo errar”, discursou recentemente o prefeito de Goianésia, Renato de Castro, sobre a necessidade do MDB se unir na disputa das eleições deste ano. (*Especial para O Hoje) 

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