Filho de João Goulart critica intervenção do Rio

Em Goiânia nesta quarta-feira para participar de evento de estruturação do Partido Pátria Livre (PPL) no Estado, João Vicente criticou, em entrevista na redação do O Hoje

Postado em: 29-03-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Em Goiânia nesta quarta-feira para participar de evento de estruturação do Partido Pátria Livre (PPL) no Estado, João Vicente criticou, em entrevista na redação do O Hoje

O filósofo e político João Vicente Goulart é um pré-candidato simbólico à Presidência da República. Ele é filho do ex-presidente João Goulart, deposto no regime militar de 1964 e falecido em 1976, em exílio na Argentina. Em Goiânia nesta quarta-feira para participar de evento de estruturação do Partido Pátria Livre (PPL) no Estado, João Vicente criticou, em entrevista na redação do O Hoje, a intervenção militar no Rio de Janeiro e também se posicionou contra discursos pró-armamento da população. 

“Segurança pública não é só o combate à violência, mas implica numa série de questões que estamos revisando nas reformas de base. A reforma urbana, controle de fronteiras e por aí vai. Só não concordo que armar a população para se proteger seja positivo”, explica ao criticar a proposta do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSC). 

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Ao comentar sobre a intervenção federal no Rio de Janeiro, Goulart sugere que o envio do Exército ao estado pelo governo federal tenha como motivo desviar a opinião pública. “O Temer não tinha nenhuma possibilidade de passar a reforma previdenciária e encontrou na intervenção do Rio um desvio de opinião pública. Eu acho que devemos olhar para essa intervenção como política, até porque os índices de violência no Rio de Janeiro são menores do que em Salvador, por exemplo. O Rio é foco político, dá ibope”, sentencia. 

Para ele, a gestão do pai se ocupou em lutar pela justiça social. “Foi um homem profundamente dedicado ao direito dos trabalhadores brasileiros. Foi um homem que teve a sensibilidade durante o seu governo de criar o 13º salário com muita dificuldade”, destaca uma das ações realizadas por Jango, como era conhecido o presidente. 

Filiado ao PPL, João Vicente pretende disputar o Planalto que outrora fora ocupado pelo seu pai. Sua candidatura, conta João Vicente, pretende refletir sobre o projeto de governo que era encaminhado à época pelo então presidente João Goulart. “Por força do golpe de 64, seu projeto de nação foi esquecido de propósito pela academia, pela grande imprensa e hoje nós estamos revisitando o processo daquela nação que foi impedida de ser instalada no Brasil em 1964”, relembra.

Mesmo sem estrutura partidária, João Vicente pretende trazer de volta o debate acerca das reformas que eram defendidas pelo pai, como a demarcação de terra que contrariava os interesses dos grandes proprietários. “Para mim hoje é uma satisfação estar no PPL. Me encontro no partido com o coração aberto, agradeço os companheiros, porque é um partido que também se somou à resistência da ditadura, vem lutando desde a sua origem contra a ditadura brasileira e é um partido que me abrigou imensamente nesse momento” destaca o pré-candidato sobre a satisfação de poder concorrer à presidência. 

Para ele, a candidatura tem um forte valor ideológico, que terá de driblar pela falta de recursos financeiros e estruturais. “Ser candidato à Presidência da República, mesmo com todas as dificuldades, é uma honra e nós haveremos de resgatar as reformas de base de 1964, revisitá-las e fazer delas uma nova realidade para o Brasil que está sendo entregue ao mercado financeiro e as grandes multinacionais”, arremata. (Lucas de Godoi, Especial para O Hoje)

 

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