Quinta-feira, 28 de março de 2024

Câmara aprova projeto que cria a Política Municipal de Prevenção da Automutilação de Jovens em Goiânia

O objetivo é tornar mais inclusivo o atendimento em locais que utilizam senhas eletrônicas como cartórios, bancos e repartições públicas

Postado em: 08-02-2023 às 14h27
Por: Luan Monteiro
Imagem Ilustrando a Notícia: Câmara aprova projeto que cria a Política Municipal de Prevenção da Automutilação de Jovens em Goiânia
O objetivo é tornar mais inclusivo o atendimento em locais que utilizam senhas eletrônicas como cartórios, bancos e repartições públicas. | Foto: Divulgação

A Câmara Municipal de Goiânia aprovou, em 1ª votação, o projeto que institui a Frente Parlamentar de Prevenção ao Suicídio e Valorização da Vida e da Juventude e, em 2ª votação, o PL 146/2022, que institui a Política Municipal de Prevenção da Automutilação em Jovens no município de Goiânia, de autoria da vereadora Sabrina Garcez (Republicanos).

A partir da pandemia, a saúde mental de crianças, adolescentes e jovens passou a ser foco da preocupação de pais, professores e médicos. Por isso, Garcez tomou a frente dessa discussão na Câmara de Goiânia e se juntou às famílias e profissionais de saúde e educação para buscar soluções.

A vereadora realizou Audiência Pública na Câmara Municipal que aprofundou a discussão e, na oportunidade, convidou a consultoria Vozes da Educação para estudar, em conjunto com o mandato, políticas para Goiânia. Ao mesmo tempo, a direção pedagógica da Secretaria Municipal de Educação se comprometeu a levar o tema para pasta e as escolas do município. Dessas articulações, surgiu o Projeto de Lei para instituir na capital uma política de prevenção da automutilação de jovens.

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De acordo com a vereadora, a saúde mental de crianças e adolescentes é um tabu, mas os dados são alarmantes e demonstram que é alto o índice de depressão e ansiedade que resultam em automutilação e até suicídio. “Não podemos evitar de falar sobre isso”, enfatizou Sabrina.

Em Goiânia, um boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde, que analisa o perfil das violências autoprovocadas no município, na série histórica de 2015 a 2020, e que inclui o primeiro ano da pandemia, destaca um aumento de 578% das notificações de lesões autoprovocadas entre os adolescentes,10 a 19 anos, variando de 41 a 278 notificações no período.

Pesquisa feita em São Paulo, na rede estadual de educação, demonstrou que 70% dos jovens sofrem de ansiedade e depressão e a Organização Mundial de Saúde – OMS estima que o suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos.

A parlamentar também cita levantamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), que apontou que uma em cada quatro crianças e adolescentes apresentou ansiedade e depressão durante a pandemia com níveis clínicos — ou seja, com necessidade de intervenção de especialistas.

Ela também levantou dados internacionais do periódico científico “Suicide and Life-Threatening Behavior, da American Association of Suicidology” (Suicídio e Comportamento que Ameaça a Vida). Segundo a literatura, um em cada cinco adolescentes relata já ter se ferido para aliviar algum tipo de dor de fundo emocional. A estatística vem de uma revisão de 36 estudos realizados em países, como Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia.

De acordo com Sabrina Garcez, a criação da frente parlamentar de prevenção ao suicídio e a implantação dessa política de prevenção à automutilação dos jovens são fundamentais para a promoção da saúde mental, a prevenção de transtornos e para ajudar nossas crianças e adolescentes a alcançar o bem-estar e conquistar a saúde física e mental para uma vida plena e segura, agora e no futuro.

“Tornar o atendimento à saúde mental, um serviço básico, um direito fundamental e acessível, ampliar e melhorar a qualidade do atendimento psicossocial, viabilizar a aplicação da Lei Vovó Rose, que torna obrigatória a notificação dos casos de automutilação, unir especialistas, poder público, entidades, instituições, professores, pais e mães são algumas ações imediatas que podemos iniciar nesse longo caminho a percorrer”, pontuou.

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