Alexandre de Moraes dá segundo voto contra habeas corpus de Lula

Para ministro, independentemente do entendimento do STF sobre a execução provisória da pena, o ato praticado pelo STJ é regular e, por isso, não pode ser reformado

Postado em: 04-04-2018 às 17h30
Por: Victor Pimenta
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Para ministro, independentemente do entendimento do STF sobre a execução provisória da pena, o ato praticado pelo STJ é regular e, por isso, não pode ser reformado

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal
(STF), terceiro a se manifestar em plenário hoje (4), foi o segundo a votar
contra o habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
com o qual a defesa tenta evitar sua prisão após condenação em segunda
instância no caso do tríplex no Guarujá (SP).

Moraes seguiu o entendimento do relator, ministro Edson
Fachin, para quem o julgamento do habeas corpus de Lula no STF deve se ater a
examinar somente se houve ilegalidade ou abuso de poder na rejeição do mesmo
pedido de liberdade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em março.

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Para Moraes, independentemente do entendimento do STF sobre a
execução provisória da pena, o ato praticado pelo STJ é regular e, por isso,
não pode ser reformado.

“Não significa que um posicionamento é melhor ou pior que o
outro. Esses posicionamentos, a meu ver, não podem levar à conclusão de uma
ilegalidade praticada pelo Tribunal Superior, em virtude de um entendimento
majoritário de nosso tribunal”, disse o ministro.

Se a decisão da Corte Superior foi baseada no atual
entendimento do STF, que permite a execução provisória de pena após condenação
em segunda instância, “como dizer que uma decisão do STJ, que simplesmente está
aplicando um entendimento atual e tradicional desta Corte, é ilegal ou
abusiva?”, indagou Moraes.

Apesar de considerar que o julgamento do caso de Lula não
deve deliberar sobre a questão, Moraes defendeu o atual entendimento sobre a
prisão após segunda instância. Ele rebateu argumentos de Gilmar Mendes, que
votou antes dele, de que a jurisprudência vigente tem causado injustiças e
agravamento da crise carcerária.

“Não houve nenhuma alteração significativa no sistema
prisional, no sistema penitenciário brasileiro. O aumento exponencial de presos
no Brasil, de 1988 pra cá, não se deve a essa questão”, avaliou ele, lembrando
que 40% dos presos no Brasil são provisórios, sem julgamento em segunda
instância.

Para ele, “é inegável que se uma posição ou outra [sobre
segunda instância] não reflete realmente o aumento ou diminuição do número de
presos, se refletiu muito no efetivo combate à corrupção”, ponderou.

Com o voto de Moraes, o placar está em 2 a 1 contra a
concessão do habeas corpus a Lula, que foi condenado a 9 anos e 6 meses de
prisão por corrupção e lavagem de dinheiro pelo juiz Sérgio Moro em julho do
ano passado. Em janeiro, a condenação foi confirmada pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF4), que aumentou a pena para 12 anos e um mês.

O próximo ministro a votar será Luís Roberto Barroso, que
também tem se posicionado a favor da execução provisória de pena após
condenação em segunda instância.

 Fonte: Agência Brasil. (Foto: Reprodução/Jorge William/Agência O Globo)

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