Wilder troca base pelo DEM

Mudança é vista como um tiro no pé para quem assumiu mandato no Senado na condição de suplente e ainda não foi testado nas urnas

Postado em: 05-04-2018 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mudança é vista como um tiro no pé para quem assumiu mandato no Senado na condição de suplente e ainda não foi testado nas urnas

Venceslau Pimentel*

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Herdeiro do mandato do ex-senador Demóstenes Torres (PTB), em razão de sua cassação por falta de decoro parlamentar, Wilder Morais sai da base de apoio ao governador Marconi Perillo (PSDB) para se aliar, novamente, ao senador e pré-candidato ao governo de Goiás Ronaldo Caiado (DEM).

Morais rompeu com o Partido Progressista (PP), por não ter espaço na chapa majoritária para disputar a reeleição, e filia-se hoje ao DEM, atraído pela promessa de ficar com uma das duas vagas ao Senado na chapa encabeçada por Caiado.

A mudança de rota política por parte de Morais a três meses das convenções partidárias (de 20 de julho a 5 de agosto) é vista como tiro no pé para quem, na condição de primeiro suplente, não recebeu um único voto nas eleições de 2010. Mais que isso, o senador, desde que assumiu o mandato à época filiado ao DEM, atuou preferencialmente junto aos prefeitos dos partidos da base aliada, carreando recursos federais aos respectivos municípios. Foi a partir desse trabalho que ele se auto intitulou municipalista.

Pela proximidade com o Palácio das Esmeraldas – ele assumiu a Secretaria de Estado de Infraestrutura, em janeiro de 2011, a convite de Marconi – Morais assumiu o comando do PP, legenda a qual havia se filiado em 14 de setembro de 2015, jogando para escanteio o deputado federal Roberto Balestra, até então a principal estrela da sigla, com a saída do vice-governador José Eliton para cerrar fileiras no ninho tucano.

Balestra manifestou sua contrariedade ao não participar do ato de filiação de Wilder Morais. Desde então, os dois passaram a travar uma disputa por espaço no PP. O deputado chegou a dizer, em entrevista, que o senador não tinha legitimidade para comandar o partido, por ter sido imposto de cima para baixo. E criticou o modus operandi dele.

“Ele quer comprar as pessoas”, insinuou, salientando que funcionários do gabinete do senador estavam coordenando o diretório e que eram oriundos do MDB, a maioria ex-prefeitos e ex-vereadores. “Nós construímos um partido que sempre teve deputado, sempre teve prefeito e agora vem essa intervenção. Isso não é bom”. 

Mudança é prova de fogo para senador 

O ato de filiação ao DEM é visto como uma prova de fogo para Wilder Morais, quando será avaliada a força que ele diz ter junto a prefeitos de matizes ideológicas diferentes.

Empresário do setor da construção civil (ele é dono da Orca Construtora) Wilder Morais entrou na política a convite de Demóstenes Torres para ocupar a primeira suplência de senador. Tradicionalmente, no Brasil os suplentes, em sua maioria, nunca ocuparam cargos públicos. São chamados de sem voto. A maioria é mais rico que os cabeças de chapa e, por isso, são requisitados para essas vagas. Ou seja, são, em sua maioria, grandes empresários financiadores de campanhas eleitorais, lideranças religiosas e representantes de entidades de classe.

Em 2011, por exemplo, o então presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, trocou o MDB pelo PSD por, dentre outros motivos, ser visto pelo prefeito de São Paulo e presidente da legenda, Gilberto Kassab, como um nome que poderia ampliar a capacidade de arrecadação de recursos para a campanha eleitoral de 2012.

Na campanha de 2010 Wilder Morais doou R$ 700 mil à campanha de Demóstenes, constituindo-se assim no segundo maior doador, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Apesar dos questionamentos, a suplência de senador (com duas vagas) consta da Constituição Federal. Os requisitos para ocupar essas vagas são o mesmo para o candidato a senador, qual seja, tem que estar filiado a um partido político, ter 35 anos ou mais e ser ficha limpa. (*Especial para O Hoje) 

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